Artista multimídia com ênfase em arte urbana e audiovisual, Giovana Zimermann é especialista em Linguagem Plástica Contemporânea pela UDESC (2000), além de títulos (mestre e doutora) em arquitetura, urbanismo.
Dedicada a pesquisar e produzir arte urbana desde 2000, realizou exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior e possui obras em acervos nacionais e internacionais. Para o porta ArqSCl, a artista fala sobre a experiência em criar e desenvolver obras para cenários urbanos em Florianópolis.
É notável o aumento de obras nas fachadas dos prédios em Florianópolis. Existe algum incentivo da Prefeitura neste sentido e valorização por parte das construtoras?
Giovana – Desde 1999 atuo profissionalmente na paisagem urbana de Florianópolis com o apoio da Lei Municipal n.º 3255/89, o que justifica alguns objetos escultóricos mais formais, mas que fazem parte da minha trajetória. Interagindo em âmbito público, ocorre a necessidade de buscar conhecimento mais específico e aprofundado desse espaço expositivo rico para manifestações sociais e políticas, fatores que o tornam um “lugar“ valioso, de extrema importância, almejado ao longo da história no que se refere a forças políticas e realizações culturais. Essas foram as motivações para ingressar no programa de pós-gradação em Arquitetura e Urbanismo e História da Cidade PEGAU-UFSC, 2007. O senso de responsabilidade a propósito do espaço público avoluma-se com a absorção de novos saberes, os saberes do urbanismo. A arte é o outro saber que atua em algumas vertentes dentro da cidade, contribuindo com a humanização da paisagem, por exemplo. Minha proposta fundamenta-se no conceito de “lugar” de relacionamento, direto ou indireto, das pessoas com as obras. A relação é vista como um “encontro – obra e público”, que se estabelece no âmbito da contemplação, da reflexão ou mesmo da apropriação temporária dos objetos, que também podem agregar uma função utilitária de mobiliário urbano.
Você foi premiada recentemente pela COMAP lançada em 2015. Conte-nos sobre o trabalho?
Giovana – Em 23 de abril de 2015 a COMAP- Comissão Municipal de Arte Pública abriu inscrição para apresentação de projeto de obra de arte para a Praça Desterro no Centro de Florianópolis. Mas a obra de arte deveria se constituir por equipamento infantil (“play-ground”) especificamente desenhado para aquela localidade. Eu achei muito interessante, pois se trata de uma linguagem que eu trabalho desde 2007, quando instalei o primeiro mobiliário de grande formato em uma praça. “A Língua” é um escorregador de 10 metros que está instalado na Praça Vereador Filomeno, Parque são Jorge. Sendo assim desenvolvi um projeto de um “playground” para a Praça Desterro, que foi o vencedor do edital em 2015 e, estou aguardo sua instalação, assim que a Praça esteja pronta.
Quais os materiais que utiliza em seu trabalho? O que leva em conta para este tipo de exposição?
Giovana – Trabalho com diversos materiais, depende muito da proposta. O aço inoxidável aparece em muitas obras pela sua durabilidade, já que se trata de obras que precisam resistir as intempéries. Costumo associar a fibra de vidro, especialmente para os mobiliários, o que me possibilita uma forma mais orgânica e colorações mais vibrantes. Mas não fico presa no material, ele está associado a linguagem que quero trasmitir. Já trabalhei com petit-pavé “escrevendo” uma poesia em uma calçada de 117 m na Rua Araci Vaz Callado, Balneário do Estreito, ou reproduzindo a malha urbana de Florianópolis na instalação Armila no Jay, em Jurerê Internacional. O tempo de criação é muito relativo, me sinto desafiada pelo espaço.
Você realizou algumas obras, recentemente, para construtoras como a Unique MCA. Como acontece essa interação?
Giovana – É a segunda obra de arte desenvolvida para a Unique. A primeira, que eu gosto muito, é uma obra da série “Ambiente Urbano”, um mobiliário urbano interativo, instalado em 2014 no jardim do Sun Tower Residence. Penso que a Unique e os arquitetos da Marchetti Bonetti e os paisagistas da Jardins e afins foram muito felizes com o espaço de contato entre o público e o edifício. Afinal, ele ocupa um lugar que foi de um clube tradicional para a região, e neste sentido acredito que a obra de arte pode contribuir para o que podemos chamar de generosidade urbana.
A última obra foi para o Trésor Residence, que fica em Jurerê Internacional. Como o trabalho se integrou à proposta do empreendimento?
Giovana – No caso da obra de arte para o residencial Trésor o que eu fiz foi exercitar outra faceta da minha carreira, que é o designer de joias, um projeto para a posteridade. A obra é claramente uma alegoria à cornucópia, cujo design é o de um vaso em forma de chifre, que segundo a mitologia greco-romana seria da cabra Amalteia que amamentou Zeus. Em resumo, a obra é um amuleto de sorte e prosperidade para a cidade de Florianópolis que emerge do espelho d’água do Trésor assumindo seu caráter de simulacro, porém resguardando em si uma metáfora do despertar, que é a “luz”. (entrevista concedida à assessoria de imprensa).

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