“Uma das maiores preocupações para elaboração do projeto foi a integração deste às condições viárias da capital”, afirma a arquiteta Paola Carlevaro, filha de Yamandú Carlevaro, autor do projeto vencedor do concurso público para o Projeto da Rodoviária de Florianópolis junto com o também arquiteto uruguaio Enrique Brena, dentre as 33 propostas apresentadas na competição, realizada em 1976.
ENTREVISTA COM O ARQUITETO YAMANDÚ CARLEVARO
Na divisão dos trabalhos, Yamandú ficou à frente da coordenação da obra da Rodoviária de Florianópolis, que foi inaugurada no dia 7 de setembro de 1981 com uma grande festa para 30 mil pessoas segundo registro do jornal na época. “O projeto representa uma das obras mais significativas de Yamandú Carlevaro, tanto no âmbito profissional, pela relevância construtiva do edifício, quanto no âmbito pessoal, ao contribuir com sua vinda definitiva, na década de 1980, para Florianópolis”, afirma a arquiteta Paola Carlevaro.

As condicionantes básicas foram divididas em funcionais (acesso direto à ponte Colombo Salles), e de integração visual da Baía Sul com a cidade e do Parque do Aterro com a ponte. Além desses fatores, dois outros são relevantes até hoje: o uso das telhas de argamassa armada e a demanda do usuário baseada na política rodoviarista do país.
A organização espacial considerou a linearidade, com solução funcional do espaço construído, ordenado pelos serviços do programa de necessidades. O sistema de plataformas garantiu fácil visualização e setorização da estrutura. Quatro zonas importantes foram definidas pelo projeto: setor de embarque, setor de desembarque, plataforma de ônibus e serviços complementares. Não foi implementada a garagem no subsolo prevista no projeto original, são 1.300 m² de área para este uso.
Por questões funcionais e estéticas, os materiais básicos utilizados foram o concreto, o vidro e o alumínio, ao lado de tubulações aparentes da rede de hidráulica, elétrica e de refrigeração (sistema de condicionamento de ar), cobertos por telhas de argamassa armada. A incidência do vento sul, constante e forte, embasou a solução das esquadrias de alumínio e vidros temperados e pintados, que também permitiram o acabamento plástico final.
Argamassa armada
Um dos elementos mais importantes do projeto da Rodoviária de Florianópolis foi a cobertura com o uso de uma técnica pouco empregada na época, a argamassa armada aplicada em 15.120m² do terminal. As telhas em forma de tubos de seção hexagonal foram as maiores peças fabricadas no Brasil naquele tempo com o material. Cobrem vãos de 35m, com 2,10m de altura, 3cm de espessura e pesam somente 25 toneladas cada uma – inicialmente estava previsto o concreto protendido com 75 toneladas cada uma – garantindo redução de 60% do volume do material que seria utilizado. A cobertura compreende dois conjuntos de 77 formas dispostas lado a lado e divididas por uma viga/calha central que separa os conjuntos.
Demanda
O terminal tem seu sistema de funcionamento embasado no Manual para Implantação de Terminais Rodoviários de Passageiros (Miterp), estudo elaborado pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, de 1976, do qual o Rita Maria foi o primeiro no Brasil a se enquadrar. Trinta e sete anos depois, o projeto mostrou-se muito bem dimensionado atendendo o volume de usuários que entram e saem da cidade.
