“O futuro é olhar para as pessoas, ter ambientes mais humanizados, respeitar os clientes para os quais fazemos os projetos”. A frase da arquiteta Priscilla Bencke pode parecer óbvia numa rápida leitura. No entanto, ainda é preciso falar muito sobre pessoas e respeito. No campo da arquitetura, colocar as pessoas no foco do olhar é o princípio fundamental de uma prática que vem ganhado terreno no país: a Neuroarquitetura.
Este será o tema do evento Marelli Meeting, que a franquia de Florianópolis promove dia 5 de setembro, às 19h, no auditório da Acate. “A ação integra o programa de relacionamento Marelli Partner Club com os especificadores”, diz Adriano Roberto Scheuer, gestor da empresa em Florianópolis, que assumiu há 4 meses a franquia de Curitiba – lá o evento acontece dia 10 de outubro.
Estudos da área da Neurociência demonstram evidências do impacto do espaço físico no cérebro humano. A Neuroarquitetura, segundo Prisiclla, é a soma da disciplina de arquitetura e da Neurociência, que tem como objetivo comprovar e mensurar, por meio de dados e pesquisa, o impacto do ambiente nas pessoas, e compreender de que forma é possível projetar espaços melhores, muito mais estratégicos e assertivos. “A figura do arquiteto é fundamental em todo o processo, assim como o profissional da área da saúde”, afirma Priscilla, arquiteta especializada em Projetos para Ambientes de Trabalho na escola alemã Mensch&Büro Akademie e única brasileira com a certificação Quality Office Consultant. Responsável pela Bencke Arquitetura, atua nas áreas de projeto e execução para empresas que buscam a produtividade através do bem-estar e da qualidade de vida.
Nesta entrevista exclusiva, Priscilla explica sobre o desenvolvimento da Neuroarquitetura no Brasil, o impacto dos ambientes no cérebro, o futuro da arquitetura sob a perspectiva da atuação multidisciplinar entre outros tópicos. Boa leitura!
Para se inscrever na palestra confirme a participação até dia 3 de setembro pelo e-mail comercial@marellifloripa.com.br ou pelos fone: 48 3244.7100 | 99103.9753
Como se dá a atuação do arquiteto no campo da Neuroarquitetura?
Vários profissionais estão envolvidos no estudo da Neurociência. O arquiteto entra na parte da concepção do espaço porque ele já tem a experiência com projetos. Por exemplo, como fazer um ambiente mais aconchegante para pessoas idosas? A partir da experiência e observação, o arquiteto já sabe inserir algumas estratégias. Porém, com a Neuroarquitetura são inseridos outros agentes para trabalhar em conjunto com o arquiteto, como neurocientistas e profissionais da área da medicina, cujo objetivo é mensurar esse impacto e de fato comprovar como este usuário vai se sentir melhor no ambiente. A figura do arquiteto é fundamental em todo o processo, assim como o profissional da área da saúde. Esse é um grande diferencial da união dessas duas ciências, incluir todos os profissionais que estudam o assunto.
Pode-se dizer que a Neuroarquitetura é um braço da arquitetura corporativa?
A Neuroarquitetura pode ser aplicada a qualquer tipologia, não só na arquitetura corporativa. Nesta área é muito bacana porque utilizamos dados de pesquisa para falar com o cliente. Se a empresa está buscando colaboradores com mais foco no ambiente de trabalho ou que sejam mais produtivos, apresentamos pesquisas neurocientíficas para justiçar decisões de projeto para o ambiente.
A área ainda é jovem no Brasil, como você analisa este mercado e o futuro da arquitetura sob a perspectiva da atuação multidisciplinar?
Esse assunto ainda é novo, lá fora se estuda isso há mais de 15 anos, como é o caso da ANFA – Academy of Neuroscience for Architecture – em San Diego na Califórnia. Acredito que no Brasil a gente já vinha trabalhando isso de alguma forma, e fico feliz em encontrar profissionais com olhar mais humano. No entanto, essa ligação com a Neurociência é algo muito novo. E é o que queremos estimular nesse momento, o futuro é olhar para as pessoas, ter ambientes mais humanizados, respeitar os clientes para os quais fazemos os projetos, porque todo mundo sai ganhando, o usuário que vai utilizar o ambiente mais apropriado para ele, o empresário que vai ter colaboradores mais eficientes, e ganha o arquiteto que projeta porque está fazendo algo com impacto positivo ao ser humano.
Como os ambientes impactam nosso cérebro?
Existe um processo fisiológico, temos no nosso corpo células receptoras que justamente estão ali para captar as informações do meio externo e essa captação se dá principalmente através dos sentidos. Na arquitetura, a gente explora muito a visão, mas temos outros sentidos que influenciam o espaço como a audição, o olfato, o paladar e o toque. Todos esses sentidos captam as informações para levá-las, através de neurotransmissores, para o nosso cérebro.
Sabendo desta explicação fisiológica, a gente consegue comprovar o real impacto de tudo o que está ao nosso redor e a influência no nosso comportamento.
Sob o ponto de vista do comportamento, como você vê o Brasil em relação a cultura do respeito às pessoas, ao bem-estar nos ambientes em geral, principalmente no espaço de trabalho?
Fui estudar na Alemanha, país que tem um respeito humano muito forte, tive aulas de ergonomia para entender como uma pessoa senta na cadeira. Tudo passa a ser muito lógico, por exemplo, como investir em um ambiente melhor para que não cause prejuízo nas pessoas porque isso vai impactar na produtividade.
Aqui no Brasil está acontecendo um desenvolvimento maior em relação a preocupação humana, mas ouço dos próprios alunos que ainda há muita dificuldade de diálogo com alguns clientes sobre o assunto, que a preocupação maior é em cortar custos. Agora, se começar a pensar a longo prazo, vejo muitas empresas brasileiras já fazendo isso, que sabem que se vão investir em um ambiente, vai ser necessário um valor considerável e que este investimento precisa durar e retornar em melhor produtividade. Muitas têm como referência empresas internacionais que já têm a cultura do respeito e bem-estar, que entendem que se você investir no capital humano vai conseguir um melhor retorno. É muito difícil querer bons resultados oferecendo um ambiente inadequado com muitas pessoas trabalhando. Mesmo que as pessoas queiram ser bons profissionais, estão sendo impactadas de forma negativa e o resultado é a baixa produtividade.
A gente tem feito muitos cursos e palestras em vários lugares do Brasil para educar o mercado, mostrando a necessidade de se olhar para o ser humano. O nosso país é tão capaz, várias pesquisas mostram como o brasileiro é criativo e inovador, imagina então se oferecermos um ambiente mais saudável
Quais decisões inteligentes de projeto são fundamentais para um espaço de trabalho com ótima qualidade e conforto ambiental?
Gosto muito da palavra coerência, a gente precisa fazer um diagnóstico inicial da empresa, fazer uma imersão, conversar com as pessoas, entender a cultura dessa empresa e os objetivos antes de tomar qualquer tipo de decisão, porque na verdade não existe receita mágica. Pode-se, por exemplo, introduzir uma equipe multidisciplinar para trabalhar junto com arquitetos e designers no projeto e fazer o diagnóstico com múltipla visão. E aí me refiro aos profissionais da medicina, neurocientistas, psicologia, área administrativa, pessoal do RH para, assim, chegarmos a soluções que terão como consequência o sucesso e qualidade de vida.
A principal questão é aproveitar a neurociência para nos trazer as pesquisas e comprovações, mas precisamos aplicar essas estratégias de forma muito coerente e cada empresa vai ser única porque são pessoas, portanto, o projeto deve ser personalizado.
Serviço:
Marelli Meeting com Priscilla Bencke – Neuroarquitetura
Dia: 5 de setembro às 19h
Local: Acate: Rodovia José Carlos Daux, 4150 – (SC 401)
Mais informações clica aqui.
Legenda – Case da CA Comunicação, agência de publicidade e propaganda de Belém do Pará, com mais de três décadas de atuação. A empresa inaugurou uma nova sede de 420m² com projeto de Larissa Nicolau Da Costa Chady. A Marelli surge nessa expansão como facilitadora do projeto, combinando as soluções de mobiliário e cadeiras. Produtos utilizados: Estações de Trabalho da Linha Job e Sistema Z, Cadeiras da Linha Vegas e Pro-Fit.