No dia 22 de setembro, em cidades do mundo todo, são realizadas atividades em defesa do meio ambiente e da qualidade de vida nas cidades, no que passou a ser conhecido como Dia Mundial Sem Carro.
O objetivo principal do Dia Mundial Sem Carro é estimular uma reflexão sobre o uso excessivo do automóvel, além de propor às pessoas que dirigem todos os dias que revejam a dependência que criaram em relação ao carro ou moto. A ideia é que essas pessoas experimentem, pelo menos nesse dia, formas alternativas de mobilidade, descobrindo que é possível se locomover pela cidade sem usar o automóvel e que há vida além do para-brisa.
No Brasil
A data foi criada na França, em 1997, sendo adotada por vários países europeus já no ano 2000. Na cidade de São Paulo são realizadas atividades desde 2003. Com pedalada-manifesto em 2004, no ano de 2005 houve até visita à Câmara de Vereadores. Até 2006, essas atividades eram realizadas principalmente por iniciativa de cicloativistas e participantes da Bicicletada, com apoio da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente.
As iniciativas dos ciclistas paulistanos continuaram ocorrendo em 2007 e 2008, mas desde 2007 passamos a contar com o Movimento Nossa São Paulo para engrossar o coro, realizando novas atividades e eventos e trazendo mais visibilidade para a data.
Várias outras cidades brasileiras passaram a “comemorar” a data, no mínimo com uma Bicicletada, no dia 22. Em 2010, houve atividades na semana toda em vários estados. Já em 2011, algumas cidades programaram eventos para o mês inteiro, que começou a ser chamado informalmente de Mês da Mobilidade. De lá para cá, a adesão de cidadãos e poder público só aumentou, bem como o esclarecimento correto sobre o DMSC.
Mas qual o problema em andar de carro?
Andar de carro por si só não parece um grande problema. Para entender melhor o real cenário, é preciso afastar-se da visão individual e analisar todo o conjunto.
Nessa política, cada cidadão deveria resolver por conta própria o “seu” problema de mobilidade. O carro incorporava cada vez a imagem de liberdade de ir e vir quando, na realidade, não era sinônimo de liberdade, mas a alternativa que restou. Para mover “massas” de pessoas, deveria haver mais opções de transporte “de massa”.Ao longo do último século, nossas cidades foram adaptadas para atender prioritariamente ao carro, não às pessoas que nelas vivem. Investiu-se muito mais no uso individual do automóvel do que em soluções de transporte de massa. À medida que as cidades e o país cresciam, deu-se ênfase em possibilitar a venda massificada de automóveis (com incentivos contínuos às montadoras) e à criação de infraestrutura para que esses carros rodassem (enriquecendo empreiteiras e outras empresas).
As ferrovias foram desmanteladas ao longo do século e as hidrovias não saíram do papel. As rodovias se espalharam por todo país, até no coração da floresta amazônica, levando o desmatamento e a poluição no porta-malas. Mesmo os investimentos em transporte coletivo sobre rodas foram sempre muito menores que os investimentos diretos ou indiretos no modelo de mobilidade individual e particular. As ruas, avenidas, pontes e túneis, supostamente criados para atender à demanda, foram agindo como estimuladores dessa demanda, criando um círculo difícil de quebrar: cada vez mais carros ocupando a estrutura criada acabam necessitando de ainda mais espaço, exponencialmente.
As cidades deixaram de ter caminhos por onde as pessoas e os rios passavam para ter caminhos para “chegar rápido de carro”. Atravessar as ruas sem uma armadura de uma tonelada se tornou, cada vez mais, uma aventura perigosa. As cidades deixaram de ser das pessoas e passaram a ser dos carros.
Semana Multimodal
Em preparação à Semana da Mobilidade e ao Dia Mundial sem Carro (23/9), organizações de todo o Brasil pretendem realizar o desafio “Semana Multimodal” na semana de 19 a 23 de setembro. A ideia é que durante uma semana as pessoas experimentem formas diferentes de deslocamento por suas cidades e que registrem as impressões dessas viagens, positivas ou negativas.
O desafio da #SemanaMultimodal pretende que durante aquela semana as pessoas se coloquem em múltiplas perspectivas: do pedestre ao ciclista, do ciclista ao motorista, do motorista ao passageiro, podendo experimentar formas diversas de se deslocar. Será uma oportunidade de redescobrir a cidade por meio do caminhar, da bicicleta, da janela do ônibus, do compartilhamento de caminhos e de novas conexões. E também de avaliar como estão as calçadas, as ciclovias, o transporte público, e lutar pela humanização das cidades. Por isso, o Mobilize Brasil apoia e participa da ação coletiva.
Veja como participar da Semana Multimodal 2016:
@ Mude seu perfil no Facebook Twitter e mostre para todo mundo que você participa da #SemanaMultimodal
@ Utilize diferentes meios de deslocamento durante os cinco dias da #SemanaMultimodal (de 19 a 23 de setembro)
@ Experimente, ao menos, um modo de transporte ativo (a pé, bike, skate, patins, patinete)
@ Organize e compareça aos eventos da #SemanaMultimodal. Em São Paulo, o encontro de abertura acontece na tarde do dia 14 de setembro no MobiLab, rua Boa Vista, 136 (Mezanino) – Centro
@ Monitore todos os dias da #SemanaMultimodal: distância.
@ Compartilhe sua experiência nas mídias sociais com a hashtag #SemanaMultimodal
@ No dia 23 de setembro, Dia Mundial sem Carro, Registre suas percepções e sensações no Formulário da #SemanaMultimodal
@ Seja um parceiro da Semana Multimodal (escreva para contato@corridaamiga.com.
Fonte: Vá de Bike