Aexposição #cidadespospandemia: colocar no horizonte uma obra em comum, que aconteceu entre abril e maio, no Museu da Escola Catarinense, foi reeditada numa versão compacta e ocupará o Hall da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A abertura será dia 6 de outubro, às 10h, com entrada é gratuita. A mostra acontece até 21 de outubro.
A mostra apresenta 14 obras que foram doadas para a Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFSC, realizador da exposição-festival que ocupou 1 mês o MESC. “É a retomada da universidade e da cidade”, afirma o professor do Pós-Arq, Paolo Colosso, idealizador do evento.
Exposição-festival
A exposição #cidadespospandemia, festival de de artes contemporâneas, foi realizada por meio de uma chamada pública de trabalhos. A intensão foi dar visibilidade à produção artística de estudantes e pesquisadores do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, mas também para outros coletivos e artistas que já possuíssem uma produção na área. As obras presentes na exposição que aconteceu no MESC são fotografias e instalações que propunham elaborar esse trauma coletivo. Integraram a exposição alunos da Pós-Arq além de artistas selecionados pelo edital e os artistas convidados Kamilla Nunes, fotógrafo Caio Cézar e Sérgio Vignes, arquiteto José Valério Santos Neto, e o resultado da oficina Atenua(r) Cidade, organizada pelo produtor cultural Guto Lima, contemplada pela Lei Aldir Blanc.
Participam da organização da exposição #cidadespospandemia a arquiteta Luiza Mattos, da Luma Arquitetura, a mestranda da UFSC Aretha Rodrigues, e a jornalista Simone Bobsin, editora do Portal ArqSC.
Texto curatorial
Cidades pós-pandemia: colocar no horizonte uma obra em comum
Temos aqui um elogio às cidades como artefato coletivo, lugar do encontro com presença, das interações efetivas, da abertura e das possibilidades de um “viver juntos”. O período de pandemia e isolamento nos fez perceber que “estar com” é fundamental. Não há estabilidade emocional, saúde mental nem crescimento individual duradouro sem presença, sem reforços recíprocos, sem vínculo e toque. Todo vínculo necessita, algum momento, cruzar o olhar sem estar separado por uma tela. Toda vida social necessita, em algum momento, ir pra rua. Todo tecido social precisa, algum momento, retomar sua materialidade.
Na cidade os corpos se alocam próximos uns dos outros, o que intensifica as trocas – mercantis e não-mercantis – e também os choques. Não por acaso, a cidade foi historicamente lugar das formas de sociabilidade capazes de abrigar a pluralidade, de acelerar a inteligência coletiva, forças produtivas e transformações.
A cidade pode ser um artefato social para reverter conjunturas difíceis. Se estão fortes os passadismos rancorosos, truculentos, asfixiantes, as artes e experimentações estéticas têm condições de criar zonas de oxigenação, abrir espaços conectivos, confluências que permitam respiro.
Como esta exposição é elaborada ainda sob efeitos da COVID-19, com alto grau de indefinição, é necessário pensar que nosso manifesto pelo viver juntos não prescinda de cuidados. O trauma coletivo da pandemia pode ser aqui elaborado, absorvido e transformado em poéticas, linguagens e suportes. A cidade se torna tema, mas também palco e parte do repertório das atividades.
Uma cidade aberta e densa pode contribuir para dinamizar a superação de tempos obscuros de crises sanitária, econômica, social e humanitária. Mas para tanto, precisaremos ser capazes de imaginar um futuro outro e ensaiar desde já, desde onde estamos, as formas de vida que desejamos enquanto sociedade.
Paolo Colosso