Conteúdo exclusivo do Anuário ArqSC 2016.
A arquitetura brasileira recebeu os dois principais prêmios de arquitetura da XV Bienal Internacional de Buenos Aires, realizada no segundo semestre de 2015: Paulo Mendes da Rocha levou o prêmio do Comitê Internacional de Críticos de Arquitetura – CICA com o Museu dos Coches, em Lisboa, e Marcio Kogan o cobiçado Prêmio de Arquitetura para o Edifício Vertical Itaim, em São Paulo. Os dois projetos integravam a mostra “Arquitetura Brasileira: três gerações”, que representou o Brasil no evento, com curadoria do jornalista Vicente Wissenbach, fundador da revista de arquitetura Projeto e participante, nos últimos 30 anos, de praticamente todas as edições da Bienal de Buenos Aires, que ajudou a criar.
Para marcar a comemoração de suas três décadas, a Bienal, que já acontecia em vários espaços de Buenos Aires além do Centro Cultural Recoleta, foi ampliada nesta edição para outras regiões da capital argentina, chegando, pela primeira vez, a um município da Grande Buenos Aires, Vicente López. Também se procurou ampliar a abrangência da mostra, incluindo atividades atrativas para todos os públicos de forma a despertar o interesse de toda a sociedade pela arquitetura.
Nesse sentido, organizou-se, por exemplo, o 1° Encontro de Mulheres e Arquitetura, conjuntamente com o blog Un día/Una arquitecta, com o objetivo de dar maior visibilidade ao trabalho das mulheres arquitetas. Abriu-se um espaço de encontro para jovens estudantes e profissionais e também para crianças – MiniArq e Arquikids -, com propostas lúdicas e criativas, visando despertar a descoberta e a experimentação do mundo da arquitetura. Foi lançada também durante o evento a primeira Bienal Internacional de Arquitectura del Paisaje (BIAP 2016) e o Prêmio à Arquitetura Latino-Americana Oscar Niemeyer, cuja primeira edição ocorre este ano, organizado pela Red de Bienales de América Latina – BAAL, que hoje reúne onze bienais de arquitetura do continente.
Tanto a ampliação do espaço quanto a abrangência da mostra constituem-se em um aprofundamento do sonho de seu principal mentor, o visionário Jorge Glusberg, empresário, crítico de arte e arquitetura e fundador do CAYC, para quem a Bienal de Arquitetura de Buenos Aires não deveria se limitar às atividades de organizar exposições e oferecer prêmios, mas abrir a possibilidade de participação em fóruns, seminários, workshops, mesas-redondas e diálogos, presididos por um espírito festivo e organizados de forma a aproximar os arquitetos e a sociedade. “Desse modo, ela poderá resgatar a fundo o multifacetado universo da arquitetura, em grande variedade de ângulos – técnico, artístico, teórico, crítico e prático.”
Brasil na Bienal
Na XV Bienal, a produção brasileira foi representada pela mostra “Arquitetura Brasileira: três gerações”. Presentes, quatro projetos de museus – além do Museu dos Coches, de Paulo Mendes da Rocha, com a colaboração do MMBB e Bak Gordon Arquitetos, participaram a Fábrica de Espetáculos do Teatro Municipal do Rio, de Marcio Kogan; o Museu de Arte do Rio, de Bernardes + Jacobsen; e o Museu do Instituto Moreira Salles/IMS – São Paulo, de Andrade Morettin. Também foram incluídos dois edifícios de Uso Múltiplo, um em Curitiba e outro em São Paulo, de Konigsberger e Vannucchi, e uma seleção de casas e edifícios residenciais. “Uma exposição ‘chiquita, pero cumplidora’, como dizem os portenhos, bastante visitada, elogiada e premiada”, ressalta Wissenbah, que pretende apresentá-la, ampliada, no IV Destaques das Bienais, este ano, em Florianópolis.
O Brasil tem participado da Bienal de Buenos Aires com exposições e palestras desde sua primeira edição, há 30 anos. Na sua primeira edição, em 1985, Vicente Wissenbach, com a colaboração dos críticos Hugo Segawa e Ruth Verde Zein e a equipe da revista Projeto, organizou uma grande exposição de arquitetura brasileira
A criação e a continuidade da Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires deve-se, segundo Wissenbach, à ousadia e à experiência de Jorge Glusberg na participação de eventos internacionais. “Tive o privilégio de participar da equipe que montou as primeiras edições, atuando também como membro do júri em muitas delas e até hoje tenho colaborado em quase todas as edições.”
Esse trabalho inspirou o jornalista e o arquiteto catarinense André Schmitt a criarem o Destaques das Bienais de Arquitetura, em Florianópolis. Em suas duas primeiras edições foram apresentados projetos selecionados nas Bienais de Buenos Aires e São Paulo, agregando, nas edições seguintes, Chile, Colômbia e a Bienal Ibero-Americana. A IV DBA será realizada este ano.
Foto de capa: O jornalista Vicente Wissenbach e o crítico Tomás Dagnino.