Quem não gosta de viajar, conhecer novos lugares, outras pessoas? Mais do que uma viagem de turismo, o mais interessante é poder vivenciar a cultura de uma cidade, de um país, observar o cotidiano das pessoas, experimentar o desconhecido em diferentes aspectos. Com este olhar mais aberto e dinâmico partem as viagens promovidas pelo Núcleo Catarinense de Decoração há pelo menos cinco anos e que hoje são conhecidas como Experiências Culturais NCD.
A última delas, a edição internacional 2017, ocorreu no fim de maio – de 24 a 30 – e levou um grupo de 29 escritórios de arquitetura e decoração de Santa Catarina, além de lojistas associados, para Montreal, no Canadá. “O mercado catarinense é referência na área de arquitetura e decoração, acreditamos que o projeto Experiência NCD agrega ao promover outras vivências e consequentemente gerando conteúdo aos profissionais do setor. Nossas viagens têm este objetivo, estimular novos olhares e, ao mesmo tempo, instigar arquitetos e decoradores a repensarem sempre o seu processo de criação”, pontua o presidente estadual do NCD, Clemar de Souza.
Nesse contexto, a dinâmica da experiência inclui sempre um tour baseado em questões culturais, urbanas e arquitetônicas e tudo é previamente planejado pela entidade anfitriã. No roteiro de Montreal os variados aspectos foram levados em conta pelo NCD e a partir de então locais foram estrategicamente escolhidos. O Habitat 67, um complexo popular de apartamentos residenciais da década de 1960, projeto “de lares em cubos” do arquiteto Moshe Safdie – um clássico da arquitetura local – foi um deles. A projeto da edificação – lançado na Expo de 1967 – foi pensado como uma solução de habitação popular, mas hoje funciona como um condomínio de luxo.
Maira Queiroz e Vanessa Faller, do Espaço do Traço, ficaram encantadas com a edificação e ressaltaram ainda a preocupação da população em conservar a arquitetura original mesmo depois de anos. “Um exemplo que poderia ser seguido aqui em Florianópolis, mas na prática não é o que vemos com muitos dos patrimônios históricos e arquitetônicos. É o caso do Lagoa Iate Clube (LIC), de Oscar Niemeyer, inaugurado em 1969, na Lagoa da Conceição. A edificação passou por várias transformações ao longo dos anos e, hoje, destoa do projeto original”, exemplifica Maira.
Vanessa cita ainda outro bom exemplo em Montreal, o banco Royal Bank Tower, de 1928, que parou de ser utilizado em 2010. Mas, apesar de ter sido revitalizado e ter ganhado um novo uso – hoje funciona como uma lanchonete e espaço de coworking – mantém o desenho da época da sua construção.
Seguindo o planejamento previsto, teve um dia reservado para um passeio de scooter pelas ruas de Montreal e com toda segurança necessária. Para se ter uma ideia, o Canadá tem 650 quilômetros de ciclovias integrados à rede de transporte público – como ônibus, metrô e trens. Não é à toa que está entre os 20 centros urbanos mais amigáveis aos ciclistas, segundo ranking Copenhagenize de 2015.
“A cidade está muito bem estruturada quando falamos em mobilidade. O metrô, por exemplo, se conecta com o sistema de aluguel de bicicletas – espalhadas por diversos pontos”, pontua o arquiteto Rafael Monteiro, do escritório Rosa Arquitetos.
Um ponto que também chamou a atenção de outros profissionais participantes foi a valorização e o uso dos espaços públicos, principalmente dos parques. Após o passeio de scooter, teve até um piquenique no Parc Du Mont Royal. E olha que depois de muitos dias de chuva, enfim, uns poucos raios de sol apareceram para brindar o encontro a céu aberto.
“Florianópolis tem muitos potenciais. Natureza exuberante, patrimônio histórico e arquitetônico, espaços públicos, porém, muitos esquecidos e pouco valorizados. Já Montreal, sabe muito bem como usar as praças e jardins, áreas que comumente oferecem estrutura com mesas e outras atrações para desfrute dos visitantes”, exemplifica a arquiteta Juliana Pippi.
Roberta Bortuluzzi, arquiteta de Chapecó, lembra ainda que o inverno de Montreal, por ser muito frio e de pouco sol, faz com que as pessoas durante a primavera queiram aproveitar ao máximo as ruas. O governo, ciente disso, promove eventos, festivais, shows ao ar livre estimulando ainda mais o uso pela população. “Até a prática de atividades físicas ganham incentivo de políticas públicas, com locais apropriados e gratuitos. Tudo, oferecido com muita segurança e acessibilidade”, destaca.
Segundo Clemar de Souza, o NCD quer, cada vez mais, fazer destas experiências fonte inesgotável de informação e inspiração para os participantes. Nesse sentido é que para compartilhar algumas dessas vivências na cidade canadense será realizado no próximo dia 29 de junho o bate-papo Olhares sobre o Canadá. A ideia é promover um encontro entre os profissionais e lojistas da regional NCD Floripa que viajaram para uma troca posterior de informações, de percepções e impressões. O evento será na loja Bontempo Florianópolis, a partir das 19h.
Este ano o grupo de profissionais seguiu para Montreal, mas o Núcleo Catarinense de Decoração já levou mais de 600 pessoas para destinos como Punta Del Este (Uruguai), Cancun (México), Santiago (Chile) e Havana (Cuba).
Ainda para 2017 estão programadas outras duas Experiências em território nacional: Belo Horizonte e Inhotim (Minas Gerais), em julho, e Recife e Olinda (Pernambuco), em setembro.