“És um senhor tão bonito/Quanto a cara do meu filho/ Tempo, tempo, tempo, tempo…/ És um dos deuses mais lindos.” Os versos de Caetano Veloso em “Oração ao Tempo” foram a inspiração para a arquiteta Juliana Pippi criar o ambiente Toki – um mergulho no meu tempo, que marca sua estreia na CASACOR/SP propondo a reflexão sobre o ‘tempo’. “São Paulo, que é um dos maiores estandartes da vida apressada, para mim, enquanto forasteira, é o contrário: uma desaceleração. Venho sempre para cá para dar uma pausa, me abastecer de referências e absorver as novidades culturais”, diz a arquiteta.
Toki é um pequeno espaço de 40m² pensado como zona de calmaria e equilíbrio, com atmosfera leve por conta dos tons suaves, texturas discretas e acolhedoras. As escolhas reforçam a ideia do feito à mão e da conexão com a indústria como, por exemplo, da cerâmica assinada pela artista Hideko Honma para a Portobello, os lançamentos 2018 de Jader Almeida para a Sollos Brasil, e o sofá criado por Alain Blatche para a Saccaro, que ganhou novo tecido escolhido por Juliana e, com isso, novas perspectivas de uso e composição.
Do time que tem no tempo seu aliado no desenvolvimento de peças de arte, destaque para as peças ‘Branco’, de Clara Fernandes; banco e cestaria de Inês Schertel; luminária de Ana Neute; banco e painéis de Domingos Tótora. Completam o espaço, as meticulosas casinhas de mármore do escultor Dan Fialdini, fotografias de Denilson Machado, Kiolo e Felipe Morozini, e obra de Walmor Corrêa.
“Todo o layout é voltado para a janela, para descansar a vista e direcionar o olhar para o mundo – e para o tempo – que nos espera”, finaliza, evocando o verso: “Peço-te o prazer legítimo e o movimento preciso, quando o tempo for propício/Apenas contigo e comigo/Tempo, tempo, tempo, tempo”.