Foi dada a largada ao projeto REMAR em Florianópolis, iniciativa do Movimento Floripa Sustentável, coordenada pela AsBEA SC (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – Regional SC) em parceria com o Grupo de Pesquisa e Extensão Estação VIA de Conhecimento, da UFSC. RE de revitalização e MAR de Martinelli, Aldo Luz e Riachuelo, nomes dos clubes de remo da Capital. Ou seja, o objetivo é a transformação de toda a área ocupada pelos centenários clubes, localizada no Parque Náutico Walter Lange, um dos poucos locais – se não o único – de onde se tem uma vista panorâmica da Ponte Hercílio Luz.
“Além da reestruturação das sedes dos clubes, que fazem parte da história de Florianópolis, o projeto pretende também beneficiar o entorno, inclusive, com a possibilidade de criação de uma passarela que conecte a área ao Centro, atualmente, isolada pelo sistema viário. Desta maneira também facilitamos a mobilidade dos pedestres naquele ponto especificamente”, disse Ronaldo Martins, presidente da AsBEA SC.
Além de voltar a integrar a área à cidade, a pretensão é aumentar o potencial deste lugar, hoje pouco valorizado. “Com esta revitalização queremos fazer um resgate do esporte náutico e ampliar a inclusão por meio dos projetos sociais que os clubes já tocam, mas com dificuldade. Eles precisam de sustentabilidade”, reforçou Zena Becker, coordenadora do Floripa Sustentável.
O trabalho começou no início de agosto, com visitas pontuais para reconhecimento do local e reuniões virtuais para alinhar o plano de ação. Na sequência, no sábado, dia 14/8, ocorreu o primeiro encontro presencial no parque, localizado ao lado da rodoviária da Capital, para apresentar os pormenores do projeto e a dinâmica prevista para setembro, onde serão realizados workshops on-line, liderados pelo arquiteto Guilherme Takeda.
Seguindo todos os protocolos de segurança participaram do evento diretores dos clubes de remo, atletas, arquitetos, estudantes de arquitetura e demais interessados. A Prefeitura Municipal De Florianópolis esteve representada pelo vice-prefeito Topázio Silveira Neto e pela diretoria do IPUF, com a presença de Cibele Assmann Lorenzi e Tatiana Filomeno. “Esta união, esta conexão entre poder público e privado é muito importante para a construção e o desenvolvimento da cidade”, destacou o vice-prefeito.
Segundo Cibele, diretora de Planejamento do IPUF, é um momento singular pensar um espaço urbano onde os maiores interessados são ouvidos – no caso a sociedade civil – que são aqueles que vivenciam, vivem o problema. “Nós somos parceiros, ajudando com as diretrizes urbanas balizadoras deste projeto”, pontuou.
Na oportunidade, o arquiteto Nelson Teixeira Netto, a convite da AsBEA SC, compartilhou exemplos de espaços urbanos pelo mundo à borda d´água. Na opinião dele, Floripa perdeu a essência da sua relação com o mar. “Com iniciativas criativas é possível voltar a criar esta conexão da cidade com o mar, na sua escala, ocupando a borda d´água com pequenos suportes que priorizem os pedestres e os barcos”, enfatizou.
“Muitas pessoas não sabem, mas o antigo farol de entrada da cidade fica aqui dentro do Parque Náutico, onde estão abrigados os galpões dos clubes de remo, hoje esquecidos. Com certeza este projeto é uma forma de nos integrar de novo à cidade”, declarou André Arthur Dutra, presidente da Federação de Remo do Estado de Santa Catarina.
Workshops REMAR
Os workshops, que ocorrerão em três dias de setembro, serão ancorados pela metodologia de charretes, que funciona a partir de um sistema colaborativo e de cocriação acelerado que se baseia no conhecido design thinking, onde o desenvolvimento de produtos e serviços têm como foco as necessidades, desejos e limitações dos usuários. O resultado? Transformar as dificuldades e limitações em benefícios com valor agregado.
Por isso, no processo do REMAR, após a identificação do programa de necessidades de toda comunidade e usuários, segue-se uma segunda fase, onde ocorrerá o fechamento com a proposição de soluções e ideias, encontradas pelo grupo de voluntários inscritos no evento REMAR.
“Este é o momento de todos participarem. Não é uma ação específica para arquitetos, mas para a sociedade em geral. É ideal que as pessoas participem e tenham a sensação de pertencimento sobre o espaço que queremos construir”, ressaltou Takeda, Condutor de Charrette System pelo NCI em Portland e também idealizador do Congresso Brasileiro da Arquitetura da Felicidade.
Segundo os organizadores do projeto, um varal dos desejos percorrerá alguns espaços chave da cidade, antes dos workshops, para coletar não só as dores, mas demandas e ideias do que as pessoas almejam para a área do parque náutico. O levantamento destas necessidades será liderado pela Estação Via, da UFSC.
Vale lembrar que o Projeto REMAR é aberto a qualquer pessoa interessada em contribuir com o seu conhecimento. Por isso, caso queira fazer parte, é preciso fazer a inscrição o quanto antes para ficar por dentro da programação. Mais informações pelo e-mail: secretaria@asbeasc.org.br ou pelo telefone (48) 99143-8100.