O Ateliê Todeschini Floripa foi palco, em maio, de uma conversa instigante sobre arte e espaços não convencionais de exposição para além de museus e galerias. Para o debate sobre “O Espaço como Matéria-Prima: Diálogos entre Arte e Arquitetura”, estiveram presentes a artista visual Juliana Neves Hoffmann, a galerista Niura Borges, da Mamute, e a participação da jornalista e editora do portal ArqSC, Simone Bobsin.

Idealizado por Claudete Schilling, diretora da Todeschini Floripa, o evento partiu de uma pergunta provocativa: o que acontece quando a arte abandona os espaços expositivos tradicionais e passa a habitar lugares do cotidiano, como uma loja de design? A proposta era clara — explorar como arquitetura e arte se cruzam, se moldam mutuamente e criam novos modos de presença. “Nossa proposta com este encontro é ampliar a percepção sobre os ambientes que ocupamos. Espaços como este, o Ateliê Todeschini Floripa, podem e devem ser também lugares de cultura, de provocação, de encontro com a arte e com o pensamento.”
Convidada especial da manhã, a artista visual Juliana Neves Hoffmann compartilhou suas experiências nas residências artísticas internacionais, em seu ateliê e reflexões sobre o espaço como força ativa no processo artístico. Com mais de quatro décadas de trajetória, a artista catarinense é reconhecida por sua obra potente. “O lugar onde a obra se instala faz parte dela. Ele reverbera na forma, no olhar e até mesmo no silêncio que ela provoca. Não existe neutralidade espacial”, afirmou. Juliana tem várias obras expostas no Ateliê Todeschini.
A galerista Niura Borges trouxe a perspectiva da curadoria como um exercício sensível de mediação. “Pensar exposições em espaços como este é repensar toda a lógica de fruição. Aqui, a obra está em diálogo com o mobiliário, com o percurso do público, com a luz do dia. Tudo influencia. E isso pode ser incrivelmente potente”, ressaltou.

Simone Bobsin conduziu o bate-papo apontando para a necessidade de desierarquizar os lugares da arte. “A arquitetura, quando pensada como matéria-prima, nos permite ampliar o entendimento do espaço não apenas como suporte, mas como linguagem. E quando arte e arquitetura se reconhecem mutuamente, o resultado são experiências mais ricas, mais imersivas”, observou.

A troca foi intensa e afetiva, com a participação do público — um lembrete de que a arte, quando inserida em ambientes inusitados, pode revelar novas camadas de sentido.
Ao final, ficou clara a importância de encontros como esse: não apenas como espaços de escuta e debate, mas como gestos que deslocam a arte dos territórios do óbvio e a conduzem para o campo fértil da vida cotidiana. No Ateliê Todeschini Floripa, a arquitetura não apenas acolheu a arte — ela a potencializou. E o espaço, longe de ser cenário, tornou-se protagonista.
Fonte: com assessoria de imprensa