Camadas de história reveladas ajudam a recontar a formação da capital catarinense. Até onde seguia o mar na cidade que se forma, majoritariamente, em uma ilha? Como se organizava o espaço, como tudo começou, o que foi transformado? Parte dessa memória está gravada ali no centro de Florianópolis (SC), no Largo da Alfândega. O local, que se estende a partir da Praça Fernando Machado até o Mercado Público Municipal, foi construído sobre um aterro há mais de 120 anos e será reaberto ao público no próximo dia 08 de fevereiro, após passar por uma importante obra de requalificação urbana. O resultado evidencia as características do Largo enquanto lugar de memória, espaço de lazer, convivência, comércio e referência para todos os florianopolitanos.
Desde 2018, a área estava fechada ao público para a realização da obra, que contou com investimentos de R$ 9,5 milhões, sendo R$ 8,7 milhões do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o restante do valor como contrapartida da Prefeitura Municipal de Florianópolis, que também foi a responsável pela execução da intervenção.
O Largo da Alfândega e o Pavilhão Ondas de Rendas foi desenhado pelos arquitetos César Floriano, Evandro Andrade, Elon Alano junto com a equipe de estagiários do Ateliê da Cidade e contou com oficina de criação dentro do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis- IPUF 2013. O projeto executivo foi desenvolvido pelo escritório OCCA Arquitetas Associadas. Foram criados deques, reorganizado os calçamentos, com condições de acessibilidade e paisagismo, além da inclusão de espelhos d’água que demarcam até onde chegava o mar naquela área, antes de ser aterrada. Também foram criadas zonas de descanso e uma nova estrutura, que comporta uma floricultura, banheiros, centro de informações turísticas, posto policial, espaços para venda de artesanatos e lanchonetes. Sobre essas novas edificações, uma grande cobertura metálica reproduz o formato das rendas de bilro, remetendo às tradições e fazeres do patrimônio imaterial de Santa Catarina.
A cerimônia de inauguração do espaço começa às 10h do dia 08 de fevereiro, com apresentações de manifestações típicas da região como o boi de mamão e as rendeiras e presença de autoridades.
Espaço de lazer e cidadania
Durante a obra foram encontrados vestígios arqueológicos, que testemunham as transformações urbanas ocorridas ao longo dos anos na região central de Florianópolis. Muradas e escadas históricas foram localizadas, revelando com precisão e clareza detalhes da história da ocupação da cidade. Optou-se, então, por deixar parte desses achados aparentes na nova configuração do espaço, preservando-os e valorizando a memória do local.
Outro ganho da intervenção foi na valorização da paisagem urbana, que é uma das mais conhecidas de Florianópolis. Além de consolidar a importância do Largo em si, a obra possibilitou uma maior visibilidade para o conjunto histórico que o cerca, conectado com o Mercado Público e tendo o edifício da antiga Alfândega como eixo central.
A requalificação urbana também possibilitou a implantação de equipamentos que adequam o local aos usos que já lhe eram tradicionais, como a realização de feiras e eventos. A proposta é de que o Largo da Alfândega se consolide como espaço de expressão da diversidade da cultura local, referência no modo de ser catarinense e dos produtos e serviços típicos da região, tornando-se também um ponto turístico ativo no desenvolvimento da cidade.
Patrimônio Cultural para o desenvolvimento
Com essa proposta de colocar o Patrimônio Cultural como fonte de oportunidades e de crescimento, o Iphan vem atuando em diversas frentes em Santa Catarina. Nos últimos anos, mais de R$ 27 milhões foram investidos pelo Governo Federal, por meio da instituição, na execução de obras e projetos nas cidades de Florianópolis e Laguna. Na capital, a restauração do Museu Vitor Meirelles foi entregue no ano passado e o edifício da antiga Alfândega também está em obras. Em 2019, nove ações no Estado foram selecionadas para receber recursos do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD), sendo três delas em Florianópolis, com as restaurações do Forte Santana do Estreito e das Fortalezas de Santo Antônio de Ratones e São José da Ponta Grossa, acumulando outros R$ 13,6 milhões em investimentos.
(texto assessoria do IPHAN)
Serviço:
Entrega da obra de requalificação urbana do Largo da Alfândega
Data: 08 de fevereiro de 2020, a partir das 10h
Local: Rua Conselheiro Mafra, Largo da Alfândega, Centro – Florianópolis/SC