Legitimado pelo edital de estímulo cultural Elisabete Anderle 2014, na categoria Artes e Cultura Negra e Indígena, o artista Sérgio Adriano H. está percorrendo 15 cidades de Santa Catarina para desenvolver a exposição/ação “O Visível do Invisível” que consiste, a partir de um modo expositivo diferenciado, estimular uma reflexão sobre arte e racismo. A mostra reúne 12 trabalhos, duas séries de seis, intitulados “Preto de Alma Branca” e “Branco de Alma Preta”. O projeto de circulação ocupará a Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis, no dia 18 de novembro, entre às 12h e 19h.
Criados solitariamente em estúdio, os autorretratos do artista revelam o seu rosto pintado de dois modos, ora todo de branco e com choro de lágrimas negras, ora em tom negro e lágrimas brancas. Potentes, as imagens emolduradas em PVC (80×1,20m) são ordenadas no meio da rua ou não, seguindo um conceito de exposição movente, uma prática adotada por Sérgio Adriano H. que costuma conduzir obras em maletas acondicionadas em um suporte móvel (carrinho). No contato com o público, veste um elegante paletó. A ideia é alcançar os passantes ou espectadores, captá-los ou não para uma ação, no conceito dado pela pensadora Marilena Chauí, ou seja, algo capaz de reverberar, retirando as pessoas de uma condição passiva. Sob a luz de outros teóricos, o artista também gostaria de “transcender o ver para o olhar e o escutar para o ouvir”. Se algum curioso parar e perguntar “o que é isso?”, ele já está na condição de formulador de perguntas.
Metáfora sobre a vida e a constituição do ser negro, os autorretratos evocam a dimensão de uma verdade histórica negada pela sociedade brasileira. Trauma pouco discutido, a escravidão segue como negada, embora a comprovada invisibilidade dos negros e o furor conservador contrário à implantação de uma política afirmativa nesse campo.
“O preconceito de racismo é invisível, só é sentido e visível pelo atingido, pela pessoa em questão. Invisível para muitos, visível para todos os negros, amarelos, vermelhos, que não estão dentro do estereótipo de uma sociedade banalizada por questões de beleza e cor de pele. O racismo está embutido em falas habituais do cotidiano, ‘serviço de preto’, ‘preto de alma branca’, ‘branco de alma preta’”, diz o artista que quer com o projeto começar uma discussão sobre o racismo “que perpassa pelo preconceito e culmina na construção do ser”. (com assessoria de imprensa)
Sobre o artista:
Sérgio Adriano H., nascido em Joinville (SC) em 1975, é artista visual, pesquisador e produtor cultural. Vive, estuda e produz entre as cidades de Joinville e São Paulo. Formado em artes visuais, mestre em filosofia (Faculdade de São Bento/SP – 2016), integra o Grupo P.S. com a artista Priscila dos Anjos e tem obras em acervos públicos e particulares. Em 2014, foi selecionado como um dos 30 artistas mais influentes de Santa Catarina, tendo sua biografia incluída no livro “Construtores das Artes Visuais: Cinco Séculos de Artes em Santa Catarina”. Ainda em 2014, na cidade de São Paulo, funda a Residência Artística Diva Base 44, com o propósito de acolhimento de artistas de diferentes nacionalidades com o qual quer resinificar o cotidiano e a urbe a partir da arte.
Entre exposições individuais e coletivas, performances, salões de arte e editais, contabiliza inúmeras participações em que se destacam a Coletiva de Artistas de Joinville, em Joinville (SC) que selecionou Sérgio Adriano H. entre 2002 e 2015 para a 32ª e 45ª edições. Também expôs no Museu da Gravura Cidade de Curitiba (PR) – 2015; “A Dúvida da Verdade”, na Fundação Cultural Badesc, Florianópolis (SC) – 2015; BrasilColômbia/Digital 21. Ink Design, Rio de Janeiro/Casa Proartes, Cali-Chile – 2013; Arte na cidade: entre três espaço-tempo, Sesc, Joinville – 2013; 49º Salão Jauense Internacional de Arte Fotográfica, Jaú (SP) – 2013; Panorama Santa Catarina Sesc, Jaraguá do Sul (SC) – 2009 e 2011. Grupo P.S.: Rumos: 5° Festival Internacional de Cinema e Direitos Humanos, Montevidéu – Uruguai – 2016. Convite à Viagem, Paço Imperial, Rio de Janeiro – RJ – 2013; Convite à Viagem, Itaú Cultural, São Paulo – SP, 2012; Volta ao Dia em 80 Mundos, Centro Cultural Octo Marques, Goiânia – GO – 2012; Memorial Meyer Filho, Florianópolis – SC, 2010; Convite projeto ARCADEMIA de Dora Longo Bahia 28ª Bienal de São Paulo – 2008.
Premiações: 1°Salão dos Novos, Museu de Arte de Blumenau (SC) – 2002; 10° Salão Nacional de Arte, Itajaí (SC) – 2005; 10°Salão Nacional Elke Hering, Blumenau (SC) SC – 2012; Prêmio Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2014.
CUMMING, Robert. Para Entender a Arte. São Paulo: Ática, 1996.
CHAUI, Marilena. Introdução à história da filosofia: as escolas helenísticas, volume II. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
WOOD, Paul. Arte Conceitual. São Paulo, Cosac & Naify Edições, 2002.
SERVIÇO
O quê: Projeto “O Visível do Invisível”
Quando: Dia 18.11.2016, 12h às 19h – rua Visconde de Ouro Preto, 216, Florianópolis, tel.: (48) 3224-8846
Quanto: Gratuito
Saiba mais: http://ovisiveldoinvisive.wixsite.com/ovisiveldoinvisivel
CIDADES CONTEMPLADAS
Rio do Sul (4.11), São Bento do Sul, Blumenau (3.11), Jaraguá do Sul (1.11),
Joinville, São Francisco do Sul, Itajaí, São José, Florianópolis, Biguaçu, Criciúma, Chapecó, Concórdia, Mafra, Rio Negrinho
Projeto realizado com o apoio do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte, Fundação Catarinense de Cultura, FUNCULTURAL e Edital Elisabete Anderle/2014.