A Escola Extraordinária da Embarcação (EEE) é um projeto de Kamilla Nunes e Mônica Hoff em colaboração com artistas, pesquisadores e muitas outras gentes. Como uma grande conversa pública realizada ao redor do conceito de escola, seus sentidos, margens e construções históricas, políticas e sociais, é formada por outras três escolas, cada uma concebida por um(a) artista/pesquisador(a)/convida
A definição dos artistas convidados, segundo as curadoras, levou em consideração a diversidade de metodologias, práticas e debates que serão propostos na particularidade de casa escola, e também na soma de todas. A intenção é expandir o lugar do debate acerca das relações entre arte, educação e política a partir de conversas públicas, oficinas, um seminário na rua, comidas coletivas e ações com a comunidade local e seus públicos.
“A arte é uma maneira de entendimento do mundo, logo um grande sistema de educação crítica. Deste modo, quando pensamos a Escola Extraordinária nossa intenção não é de gerar um novo modelo ou por abaixo os que já existem, mas sendo uma instituição experimental e temporária, assumir ao mesmo tempo uma dimensão crítica e autocrítica sobre o fazer/ser escola. Deste modo, solicitamos a três pesquisadores que propusessem cada um uma escola como tentativa de compreender na prática de que maneira e sob quais circunstâncias arte, educação e imaginação política juntas podem nos ensinar novas formas de estar no mundo e de construir conhecimento”, explicam Kamila e Mônica.
O nome do projeto não é, deste modo, uma escolha ao acaso. Ao apresentar-se como extraordinária, a escola assume tanto a ambiguidade de ‘ser ordinária no extra’ e de ‘ser extra no ordinário’ como toma para si uma responsabilidade crítica que é construída, de antemão, desde uma dimensão autocrítica. Inesperada e excessiva; esplêndida ou inacreditável; inusual, irregular, estapafúrdia ou fabulosa; fora de lugar e inimaginável – a Escola Extraordinária assume o risco de ser tudo isso e nada disso. A possibilidade de existência de uma escola extraordinária está, portanto, diretamente relacionada a sua capacidade de ser suficientemente ordinária, comum, presente.
Os questionamentos são muitos. O que significa criar uma escola? Quais sentidos se produz numa escola? Para que servem? Qual o seu papel e como refazê-lo no campo da arte? O que queremos aprender, ensinar? E principalmente: o que acontece se nos colocamos diante da possibilidade de construirmos escolas onde vamos ensinar/compartilhar o que, na verdade, queremos aprender? “, propõem as idealizadoras. (texto Luciana de Moraes)
Os artistas e as escolas
Cristina Ribas abre a programação nos dias 09 e 10 de junho, com a “Escola para Reprogramar”, das 14h às 17h, na sala Dança 1, no CEART, na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). A proposta é trabalhar com estudantes em processo de formação e pessoas já atuantes com educação, linguagens e dispositivos artísticos e terapêuticos na abordagem da educação. Serão dois encontros abertos com um grupo formado via convocatória – aberto a interessados e totalmente gratuito – para analisar a temática como a educação faz parte de um sistema de reprodução social que precisa ser revisto. Os encontros serão abertos com um grupo formado via convocatória (aberto a interessados e gratuito), com 30 vagas destinadas aos estudantes de graduação da UDESC, UFSC e IFSC dos cursos de artes, música, teatro entre outros. As inscrições devem ser feitas por e-mail sutilproducoes@gmail.com até dia 08 de junho.
O artista Fábio Tremonte apresenta seu [des]programa da Escola da Floresta na Escola Extraordinária em quatro encontros que vão retomar a história e saberes dos povos latino-americanos, tanto os originários que guardam suas origens numa tradição anterior à chegada dos europeus, quanto aqueles que se constituíram a partir desse encontro. O artista busca na ideia de autonomia e liberdade fazer frente a esse processo que assombra o território latino-americano desde os primórdios de sua constituição e assim imaginar novas formas de vida.
E a curadora Daniela Castro que traz duas ações para o projeto. A primeira delas “Corpos vibráteis: corpos políticos, intervenções políticas em espaços políticos” que propõe encontros entre pessoas que atuam em diferentes áreas da vida social – militantes, artistas, críticos da cultura, profissionais da saúde, educação, transporte, curadores, ativistas, universitários etc – para juntos tecerem uma rede de afeto de forma espontânea. A segunda “Querência/Reverberação” sugere exercício corporal de proteção do corpo vibrátil e capacidade reverberativa do corpo coletivo-afetivo.
A Escola Extraordinária da Embarcação é viabilizada pelo Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura e conta com o apoio da Funcultura, Fundação Catarinense de Cultura, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Espaço Embarcação e Moinho Pensamentos em Movimento.
Sobre as curadoras e o Espaço Embarcação:
A Embarcação é um espaço de arte autônomo, experimental e nômade, criado em 2016 pelas curadoras Kamilla Nunes e Mônica Hoff, voltado à investigação artística, ao debate crítico. É, também, um projeto que busca discutir e articular novas formas de trabalho, pesquisa, colaboração e produção em/a partir/com/sobre arte. Organiza-se por meio de programas, grupos de estudos e ações que visam colocar em diálogo o debate artístico contemporâneo com as especificidades locais e contextuais. Sua sede está localizada na Tv. Leopoldo João Santos, 113 – Lagoa da Conceição, Florianópolis.