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Início › Artigos › Fino pensamento e rigor construtivo

Fino pensamento e rigor construtivo

Trajetória do artista Rogério Negrão se abre à reflexão no sentido trágico do ano 2020

Por Néri Pedroso
17 dez 2020
em Artigos
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De São Paulo (SP), nascido em 1962 em Tejupá, morador de Joinville (SC) desde o começo dos anos 1990, o artista multimídia Rogério Negrão é um dos mais discretos do circuito do Estado, dono de uma produção que pede atenção pelo sofisticado pensamento com uma produção ligada à sua prática profissional como designer de produtos e consultor na Aeroplano Design. A vivência internacional e larga experiência na Whirlpool Latin America, multinacional líder no segmento de eletrodomésticos, onde atuou por mais de 20 anos, contagiam uma poética marcada por uma consistente unidade conceitual e pelo rigor construtivo. Desde 2006, produz videoarte, fotografia, instalações, colagens digitais e objetos interativos. O currículo aponta três exposições individuais e 21 coletivas nas cidades de Blumenau, Joinville, Chapecó, Florianópolis, Jaraguá do Sul (SC), Porto Alegre (RS) e São Paulo, além de constante atuação entre os seus pares, nos encontros e discussões propostas pelos artistas da cidade.

Trajetória e obra se abrem à reflexão, agora no sentido trágico do ano 2020 do século 21. À luz dos acontecimentos da covid-19, sua produção é aqui apresentada pela gritante potência que alguns trabalhos assumem nesse tempo, em especial os da exposição individual “Máquinas do Abismo” realizada entre 2016 e 2017, no Museu de Arte de Joinville (MAJ), na Galeria Sesc de Chapecó e Joinville e na Fundação Badesc, em Florianópolis. O dispositivo que aciona o texto é o trabalho “Neutralizador de Medo”, cuja memória e latência se mantém viva como objeto de desejo nos dias de isolamento social.

 

“as artimanhas e

artifícios ligados

à noção do tempo”

Rogerio Negrão Foto Divulgação
Negrão, o artista que vive e trabalha em Joinville desde o começo dos anos 1990. Foto Divulgação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Outras leituras 

Ao aproximar arte, ciência e tecnologia, Negrão cria trilhas, mapas e máquinas imaginárias que embaralham sentidos e pensamentos. Com linguagens distintas, ele imprime novas leituras e funcionalidades, põe o maquínico a serviço da subversão entendida como destruição da ordem estabelecida. Antes de tudo, recomenda-se atentar aos nomes dados aos trabalhos que apontam desejos utópicos. Em 2009, na mostra individual “Fronteiras”, realizada na Galeria da Associação dos Artistas Plásticos de Joinville (Aaplaj), cria a videoinstalação “Passagem para Navegar na Luz”, um título que se desdobra em 2014, quando propõe em Blumenau, no 11º Salão de Arte Elke Hering, um “Mapa para Navegar na Luz”, instalação criada a partir de 30 tomadas, 15 cabos elétricos de tamanhos variados, 30 plugs e desenho que reproduz as coordenadas de um mapa celeste misturando a escala de distância astronômica e os dispositivos elétricos do cotidiano.

“Horizonte Portátil”, “Compactador de Lucidez”, “Purificador de Erros”, “Estabilizador de Imprevistos”, “Neutralizador de Medo”, “Nivelador de Destinos”, “Captador de Aparências e Afinidades”, “Reversor de Rejeição” são as “Máquinas do Abismo”, a mostra que reúne equipamentos sensoriais de sofisticado design e desenhos apresentados em colagens digitais impressas em madeira (compensado naval) – na verdade apropriações de patentes do início da Revolução Industrial. Juntos, as instalações e os desenhos ativam a percepção do espectador que, de modo particular, segue um percurso mental associado à sua própria memória.

Atualidade das máquinas em tempos de covid-19

Neutalizador de Medo
”Neutralizador de Medo”, uma das “Máquinas do Abismo” criada por Rogério Negrão. Fotos Divulgação.

As máquinas, objetos autônomos corporificados em requintado design, e os desenhos expostos nas paredes pedem atenção ao que se dá no entremeio do espaço, no entre os desenhos e os elementos mecânicos. Notáveis, os objetos encantam pela cor, forma e limpidez. A ascese das máquinas e a minuciosa fatura do desenho são demonstrações de como o artista está concentrado na pesquisa, no próprio ofício e em resultados apurados entre a técnica e o pensamento. Impacta no momento covid-19 a atroz atualidade alcançada pelas máquinas, sobretudo “Neutralizador de Medo”, uma caixa de madeira com quatro aberturas circulares nas laterais e uma no topo. Dentro, num eixo girado por uma manivela, uma peça circular se movimenta, produzindo o som de água corrente. O líquido, explica o artista, está confinado dentro de um anel hidrocompensador.  Quem não gostaria de ter um “Neutralizador de Medo” agora?

Em montagem impecável, os desenhos monumentalizam o pensamento do artista que, ao transitar em torno de produtos industriais, marcas e símbolos, propriedade intelectual e avanços tecnológicos, toca também em questões do sujeito pós-utópico, da hipermodernidade, a crise de valores, de sentido, do esfacelamento da verdade, o humano mergulhado no consumo massivo, a vida e a comunicação em alta velocidade, o ser sem totalidade, sem esperança, sem salvação. Negrão denuncia a sombria condição humana.

Frestas e contra forma dos objetos

O texto no cartaz da mostra “Máquinas do Abismo”, selecionada no projeto Espaços Visuais – Rede Sesc de Galerias 2016, revela ironia, um outro dado a ser considerado nesta trajetória. Em “Instruções do Mundo e dos Objetos Materiais – notas para o entendimento e o controle da ocorrência obscura das invenções, ou o próprio ato de ver, incluindo o ver da imaginação, onde das coisas vistas se abrem frestas de outras dimensões”, o artista escreve: “Os estados de imagem se sobrepõem aos estados materiais, o que torna viável um objeto antes do nome. Pelo mesmo motivo é relevante considerar o espaço entre as coisas como campo de construção do processo. Dos objetos materiais devem-se considerar suas frestas e contra formas como setas direcionadas para o invisível”.

O curador da mostra, Franzoi, esclarece que “entra em jogo não o produto final, mas sim a alavanca que gerou a explosão corpórea: os anseios e desejos intrínsecos no ser humano. Mais importante é o percurso, as conexões ativadas pelo pensamento, os desvios e os impulsos provenientes de si mesmo e da existência do outro, pois o criador é o cérebro e suas relações”.

O processo de criação, segundo o artista, começa pelos nomes das máquinas e a descrição de seus atributos. Os desenhos vêm a seguir como estimuladores da criação em andamento. “A construção dos objetos seguiu o método industrial: desenho técnico, definição dos materiais e processos de construção, execução e teste de funcionamento. Quatro dos sete objetos foram construídos por mim. No caso do ‘Neutralizador de Medo’, devido ao tamanho, ferramentas e processos necessários, foi executado por um marceneiro, seguindo minhas orientações.”

Estímulos ao pensamento criativo

No exercício de suas invenções, os objetos e os desenhos se distanciam no que se refere à fatura propriamente dita, aqui em menção a um processo industrial e o outro gestual. Enquanto os objetos reportam a uma performance industrializada, à ascese e austeridade das máquinas, os desenhos em amplo volume retomam a gestualidade e surpreendem pela pormenorização. Cheios de detalhes e minúcias, linhas, pontos e formas criam uma narrativa sem começo e sem fim que se intercala com breves textos que parecem jogos de montar e desmontar pensamento. Não à toa, ele denomina em 2015, um desses trabalhos como “Nivelador de Destinos” (colagem digital, impressão s/madeira 80cmx110cm).

Nivelador de Destinos no Horizonte Portatil
Obra “Nivelador de Destinos no Horizonte Portátil”, que integra a mostra “Máquinas do Abismo”.

“A finalidade está em se concentrar na criação mental, no momento anterior à materialização dos objetos, quando a imaginação se torna protagonista no terreno caótico das ideias e possibilidades. Este momento tem origem no que podemos chamar de motivadores, tais como: estímulos, desejos, problemas, necessidades, que são o combustível principal do pensamento criativo. O trabalho se iniciou com a elaboração de textos que descrevem atributos de máquinas imaginárias e servem como guias no caminho obscuro que antecede a uma solução.

 

“Toda a elaboração se dá a partir da provocação originada pelo nome e pela sua intenção.”

 

Para Negrão, os desenhos são os tradutores iniciais da ideia que revelou uma das soluções possíveis. “Usar desenhos de outros autores, reciclando uma solução técnica ultrapassada e ressignificando suas atribuições me interessou mais do que executar meus próprios desenhos”, diz ele.

“O desenho é uma imensidão. É a concretização de um pensamento”[1], diz o crítico de arte Paulo Herkenhoff que ajuda com o seu conceito a reportar a força magnética que Negrão alcança no conjunto das obras expostas. Não há vazio entre a ascese industrial e a dinâmica do traço. Só há unidade. A apropriação dos desenhos rompe com noções sobre o tempo, instaura uma destemporalização, uma potência histórica capaz de aproximar o passado, o presente e o futuro.

“Dissipador de futuro” e “caixa de dúvida” são títulos atraentes que aparecem entre os desenhos, porém frustrantes aos ansiosos por decifrações. As máquinas de consumir futuro, escreve Negrão, “estão amparadas e camufladas no fenômeno universal do agora, tem como subproduto automático o passado, utiliza todas as artimanhas e artifícios ligados à noção do tempo”.

Rogerio Negrao
Rogerio Negrao.

Eixo principal de atuação

Além dos processos das experimentações do artista, das práticas, há nele e sua atuação na sociedade, o sujeito da era da comunicação diante do presente, o modo de pensamento e atuação coletiva. O engajamento, as relações com a cidade e suas instituições. “A influência da cidade industrial é notória desde o início da trajetória, traz a relação do fazer interno da indústria com o fabricar da mente pensante”, diz o artista que no campo institucional, atua entre 2014 e 2015 como membro do conselho consultivo do Museu de Arte de Joinville (MAJ) e da diretoria do Museu de Arte Contemporânea Luiz Henrique Schwanke/Instituto Schwanke. Chama a atenção na trajetória a sua constituição como artista e inserção no sistema das artes visuais de Santa Catarina que sinaliza a vitalidade de iniciativas históricas como a Coletiva de Artistas de Joinville, o Salão Municipal dos Novos e o Pretexto, projeto do Serviço Social do Comércio (Sesc/SC), realizados na cidade.

O inaugural da carreira de Rogério Negrão se dá em 2006 justo na 36ª Coletiva, na qual ele também participa em 2008 (38ª), 2013 (43ª) e 2016 (45ª). No Salão dos Novos, aparece em 2010 e no Pretexto Fotografia, em 2008 – as duas primeiras iniciativas do Executivo municipal e a terceira, um projeto vitalizante do Serviço Social do Comércio (Sesc). Para contextualizar – por sua longevidade e reconhecimento nacional – os três eventos são vitimados pela insensatez política e a incapacidade de mobilização dos artistas. Ao pensar como se constitui como artista, cabe uma reflexão sobre o papel vital dessas mostras em estreita relação com a cidade, o mundo e a vida. Além da motivação criativa e estética, Negrão quer firmeza, densidade. “Outros artistas e outras fontes de informação, tão diversas que suas conexões, algumas vezes surpreendentes, estimulam e empurram constantemente o fazer artístico. O mais difícil numa produção de longo prazo, talvez seja o reconhecimento do eixo principal de atuação. Tento, a cada ciclo de trabalho, revisar o eixo que ao longo da trajetória atribui coerência e consistência no resultado da produção.”

Poética associada à linguagem da ciência, da propriedade intelectual, de produtos, mecanismos e materiais industriais, soluções técnicas, marcas, imagens e símbolos de identidade, evolução tecnológica e suas implicações nas relações humanas. Como cidadão contemporâneo, o artista pressente o que está por vir, aquele que no conceito de Giorgio Agamben[2] percebe o escuro do presente, “nele apreende a resoluta luz; é aquele que, dividindo e interpolando o tempo, está à altura de transformá-lo e colocá-lo em relação com os outros tempos, de nele ler de modo inédito a história, de ‘citá-la’ segundo uma necessidade que não provém de maneira nenhuma de seu arbítrio, mas de uma exigência à qual ele não pode responder”.

Rogério Negão apreende a resoluta luz para ressignificar os sentidos e as reflexões sobre o tempo, o mais intrigante enigma da humanidade.

[1] O DESENHO NA ARTE CONTEMPORÂNEA. Arquivo: O Desenho e a Arquitetura. Organização Uiara Bartira
[2] AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Chapecó, SC: Argos, 2009.

* Texto já publicado na Revista Francisca, nº14, com o título Setas para o Invisível.

 

Entrevista –  Fev2020

O que não pode deixar de ser dito, quando se fala da produção de artes visuais de Joinville, em relação à SC, à cena nacional e internacional?

Rogerio Negrão – Não é difícil entender o enfraquecimento geral das áreas culturais da cidade, que parece em sintonia fina com o que acontece no Estado e no país. O principal espaço público de artes visuais, o Museu de Arte de Joinville (MAJ) agoniza silencioso, com sua história e seu acervo completamente ignorado pela atual gestão pública, sem recursos, sem ideias e sem vontade de assumir seu papel. Mas quem se importa? As questões culturais são tratadas como entretenimento raso, afinal, todos estão aqui para trabalhar, não é mesmo? O Instituto Internacional Juarez Machado tomou seu lugar com facilidade e continuará sendo o principal espaço voltado para as artes visuais na cidade por algum tempo. O Sesc e sua Galeria de Arte resistem integrados à uma programação contínua de circuito estadual e nacional. Deve ser citado também a atuação da Picta Escritório de Arte promovendo importantes exposições nos últimos anos, pela representatividade ampla com artistas locais, de SC e do Brasil. Há também a Galeria 33 do incansável Alceu Bett que faz questão de dialogar com todas as áreas culturais: cinema, fotografia, música e artes visuais.

Como situa a sua experiência, o que destaca em Joinville? Situe sua participação desde a chegada.

Rogerio Negrão – Minha vinda para Joinville no início da década de 90 está relacionada à atividade de design de produtos. Esta vivência na criação de objetos, que estabelece o próprio jogo de significados nos desdobramentos da percepção, que por sua vez leva às substituições, atribuições de valor, enganos, mitos e valores ligados à estes objetos artificiais, serviu de base para o meu pensamento na produção de artes visuais. A influência da cidade industrial é notória desde o início da trajetória, trazendo a relação do fazer internamente da indústria com o fabricar da mente pensante. Porém a intenção sempre foi revelar, questionar e não ocultar como truque ou artimanha. Neste sentido, a analogia com uma máquina física ou sensorial tem sido um caminho pertinente. Desde 2006 venho produzindo videoarte, fotografia, instalação sonora, colagens digitais e mais recentemente a produção de objetos interativos, numa pesquisa em torno da concepção de coisas, atribuição de sentido – através do nome, do material, da estrutura física, da função ou da falta dela, – e o próprio redirecionamento deste sentido que pode, a depender do envolvimento com a obra, revelar o inesperado. Quando isto acontece, pode levar o observador em direção ao seu próprio reconhecimento e do seu papel na construção do mundo.

À luz da história da arte da cidade, em bloco e em síntese, como é possível situar em 2020 a produção de artes visuais de Jlle, o que é relevante neste cenário?

Rogerio Negrão – Considerando tudo que a cidade já produziu em décadas anteriores, é notória a queda desproporcional da produção atual. A geração que atuou na década de 80 ainda é insuperável em relevância e volume de produção. Os artistas da cidade permanecem produzindo mas pouco se vê e nada se discute. O esvaziamento é evidente tanto nos espaços públicos quanto nas atividades culturais, oficiais ou não, onde havia discussão de conteúdo, fomento para novos talentos e formação de público. Para citar os artistas que mostram produção recente, Sergio Adriano H. é o mais prolífico, seguindo seu rumo e procurando espaço longe da cidade, em busca de terras mais férteis para reverberação do seu trabalho. Ricardo Kolb é da geração anterior e apesar de produzir com menor frequência, continua com um trabalho vigoroso. Luciano da Costa Pereira, Priscila dos Anjos, Tirotti, Cyntia Werner e Franzoi são os que devem ser citados pela consistência e maturidade de trabalho. Mas onde está a próxima geração? Sendo otimista, talvez esteja ocupando outros espaços, usando outros meios, recebendo influência de outras áreas e dialogando sobre outras questões, já que a cidade não é nem será mais a mesma.

AGORAS**

Tempo aleatório, tempo momentâneo, onde o movimento observado é passado e o movimento previsto é futuro. Tempo fluido que escapa infinitamente. A noção de tempo só se dá na mente humana, através da percepção dos eventos passados e da percepção dos eventos possíveis de acontecer. Ambas as percepções ocorrem no único tempo existente, o momento presente. Notamos a passagem do tempo porque todos os agoras são diferentes e progressivamente carregados pela degradação, pela constante transformação da matéria. Todas as interpretações envolvidas nesta percepção fazem parte do objeto de exploração deste trabalho, tendo o movimento e o som como matéria útil para esta percepção, e a imagem como registro fugaz da capacidade humana de pensar e elaborar sobre si mesmo e sobre seu entorno. Simulacros da rotina, máquinas de repetições desiguais e que, portanto não poderiam ser chamadas de repetições. Por fim, a videoinstalação que é por si só um meio essencialmente ligado à efemeridade, não deixando resquícios de sua existência a não ser na memória dos que a presenciam.

**Rogério Negrão, Galeria Municipal de Arte Victor Kursancew, 2011.

*Leia artigo da Néri Pedroso, jornalista, integrante da Associação Brasileira dos Críticos de Arte (ABCA), aqui!

Tags: arteArqSCRogério Negrãoartigoartista
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