A Exposição Eikonóstasis – Um olhar para além do visível, que acontece na Helena Fretta Galeria de Arte, procura deslindar a riqueza das iconografias feitas a partir da técnica Russa Bizantina de Andrei Rublev, apresentada pela escola de Iconografia São João Damasceno, em Florianópolis (SC). Além de exibir os ícones bizantinos, a exposição procura abordar seu processo de construção e santificação, bem como suas reverberações na arte contemporânea catarinense. Por isso, além da produção da escola São João Damasceno, a mostra apresenta uma leitura do tema nas obras dos artistas Cássia Aresta, Fernando Lindote, Juliana Hoffmann, Rodrigo de Haro, Rubens Oestroem Sara Ramos e Vera Sabino. A provocação foi dos jovens estudantes de Artes Visuais da UDESC e curadores Kethlen Kohl e Luciana Knabben, com a participação do co-curador Andrey Parmigiani.
O termo iconografia deriva do grego eikon, imagem, e grafia, escrita. A escritura do ícone é realizada seguindo os cânones aceitos pela Igreja do Oriente. Os cânones tradicionais envolvem a sequência de processos na atualização de uma grafia (desenho), em que gestos e simbologia de cada figura são representados. O ícone, uma vez consagrado, vai além de suas técnicas e torna-se uma janela para o invisível.
A exposição é construída a partir do conceito de Eikonóstasis que significa “o lugar do icone”. Cada Igreja do oriente tem uma parede cheia de ícones, a Eikonóstasis, que separa a nave onde ficam os fiéis do santuário. Pensando em uma configuração própria de ícones, a exposição é dividida em três partes que se conectam com a temática do ícone: Imagens do Invisível, Iconografias em processo e Sala dourada: uma relação com o visível.
A nobreza dos ícones fascinou diversos artistas desde a virada antropocêntrica, que vão de El Greco a Picasso. A relação de suas obras com o ícone, se constitui a partir do uso da técnica, cor, forma e as características do cânone na figuração dos santos. Pensando a partir desses deslocamentos possíveis através dos meios visíveis, a exposição também traz a arte contemporânea como forma de relação com essa técnica tão antiga. Os artistas selecionados apresentam obras e processos que dialogam, desviam e se movimentam nesse campo visual e conceitual com suas particularidades.
Além da exposição, este projeto tem como objetivo divulgar a Escola de Iconografia São João Damasceno, que é dirigida pelo Padre Luiz Harding Chang, que é também professor de iconografia e a professora Mestra Iconógrafa Rosalva Trevisan Rigo. O curso é organizado como um retiro espiritual que envolve oração e trabalho (ora et labora). Tal como o trabalho de tradução de um texto bíblico (grego ou hebreu) para as línguas modernas, tal é o iconógrafo ao escrever o Ícone: ele simplesmente atualiza a Palavra revelada em cor e forma. Não cria, mas segue fielmente o modelo que contempla. Nesse espírito, o aluno participa e aprende todos os passos para a realização de um Ícone, que não busca ser uma fotografia ou pintura do santo representado, mas um Ícone da pessoa Cristificada.
OUTRAS EXPOSIÇÕES NA HELENA FRETTA
Parte dos lucros da exposição será revertida para a Escola mantida pelo Mosteiro Santo Ivo que oferece oportunidade de aprendizado para pessoas carentes.
O que: Exposição Eikonóstasis – um olhar para além do visível
Quando: de 29 de outubro a 20 de novembro de 2021
Local: Helena Fretta Galeria de Arte
Visitação: de seg. a sexta das 10hs às 18:30h e sábados das 09hs às 13h.
Rua Presidente Coutinho, 532 Centro – Florianópolis
Contato: (48) 3028-2345/ 98408-234
Fonte: textos dos curadores.