As duas artistas se debruçam sobre o feminino para questionar ideias de beleza e a liberdade da mulher, tendo o corpo e o espaço como inspiração. As mulheres-mato Bruna Granucci e Edinara Patzlaff utilizam o mato que brota na rua como forma de protesto, e o corpo como ocupação, trazendo uma nova leitura sobre a beleza para provocar a reflexão sobre a relação corpo, mulher, espaços.
“A construção da ideia de um amor romântico, muitas vezes se materializa em forma de um buquê de flores, rosas vermelhas. Quando construímos buquês marginais feitos de mato colhido, seco, “morto”, ressignificamos o símbolo desse amor e beleza. Na luta feminista, declaramos nosso amor umas às outras e por isso fazemos nossos próprios buquês, buquês de luta, para todas as mulheres”, escrevem as artistas na apresentação do projeto.
Instalação
“O projeto é uma instalação que propõe a materialização desse conceito “mulheres-mato”, que perseguimos nesta pesquisa sobre a invisibilidade social feminina. A montagem de uma parede de plantas, composta por diferentes tipos e espécies de mato coletado nas cidades das artistas, traz a ideia de uma nova leitura sobre “plantas sem valor”, que crescem em paisagens urbanas e são marginalizadas”, escrevem as artistas junto com a curadora Juliana Crispe.
A exposição que está no Espaço Paulo Gaiad, na Fundação Cultural Badesc até início de outubro, apresenta uma instalação de buquês de mato seco suspensos em varais de linha e um vídeo experimental projetado na parede. Essa é a primeira exposição individual das artistas visuais e foi selecionada no Edital 2020 da Fundação.
Frases das artistas e curadora
O projeto Buquê Marginal coloca a mulher como sujeito de sua história, um corpo feminino que existe por si, é oprimido e machucado, mas insiste em brotar, florescer, resistir e ser marginal
Mulheres são como mato, plantas marginais que crescem e brotam com o tempo. Mulheres-mato que lutam por ocupar espaços e estar presente. Mulheres-mato que abrem fendas no asfalto social, resistem à enxurradas e mãos brutas que insistem em arrancá-lo, em arrancar-nos do mundo
Assim como o mato, as mulheres quanto mais ceifadas e desprezadas, mais se fortalecem numa espécie de emaranhado orgânico feminino que encontra força pra ocupar seu espaço social e produzir respostas às opressões vivenciadas diariamente por séculos.
Bruna Granucci é cineasta de formação e artista visual por predileção. Trabalha na ilha de Florianópolis em SC. Múltipla, a sua produção abrange desde colagens analógicas, bordados livres passando pelo desenvolvimento de vídeos experimentais e projetos de instalação e murais. Nesses diferentes meios e experimentações procura estabelecer um diálogo com o seu entorno social e político e suas experiências pessoais, materializando a subjetividade de seu pensamento, recorrendo sistematicamente à um discurso feminista e poético. Participou de mostras de arte e feiras gráficas em Porto Alegre e São Paulo, além de exposições coletivas em Santa Catarina.
Edinara Patzlaff é fotógrafa formada em Fotografia pela Feevale (2017), os caminhos sempre a conduziam a uma relação leve com a fotografia o que a possibilitou trabalhar e conviver com a fotógrafa publicitária Denise Wichmann. Tem como eixo de pesquisa investigações sobre temas que abordam o corpo, tempo e o espaço. Utiliza o corpo que muitas vezes transcende o corpo da câmera fotográfica como protesto, unindo assim o exercício da observação e a introspecção. No momento reside em Porto Alegre, trabalha como fotógrafa publicitária e em paralelo se dedica a oficinas de zines e a fotografia analógica.
Serviço: Exposição Buquê Marginal de Bruna Granucci e Edinara Patzlaff
Visitação: até 1º de outubro de 2021 – de terça-feira a sábado, das 13h às 18h
Local: Fundação Cultural BADESC – Rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro de Florianópolis/SC – telefone: (48) 3224-8846
Entrada Gratuita
FICHA TÉCNICA
BRUNA GRANUCCI e EDINARA PATZLAFF
Buquê Marginal. Buquês de mato, cadeira e projeção visual em instalação, 2019.
Dimensões aproximadas: 3,0 x 2,5m / instalação 20 x 30cm / projeção visual