O Espaço Cultural Armazém – Coletivo Elza vai encerrar o ano em endereço novo que será reinaugurado neste sábado, dia 3, entre às 14h e 20h. Em clima de festa, a reabertura prevê atrações, como a Feira de Novembro, apresentações musicais, exposições de arte, lançamento de livro, apresentação teatral, oficina, lançamento da Vaquinha virtual, além de comidinhas e bebidas para celebra. Uma casa histórica do século 19, em destaque por sua beleza na rodovia Gilson da Costa Xavier, 1.384, no bairro Sambaqui, em Florianópolis (SC), testemunhará a partir de agora um projeto multidisciplinar com características bastante particulares cuja base se assenta na crença da potência de ações colaborativas no campo das artes visuais e no feminismo.
A instalação na nova casa permitirá que o Armazém execute a parte final do projeto que conquistou o Prêmio Edital Elisabete Anderle 2017. Ela prevê a catalogação do acervo e a criação de um site que cumprirá com o desejo de democratização e ampliação das possibilidades de pesquisa aos interessados.
Criado em setembro de 2016, com o interesse voltado ao apoio e ao fortalecimento da luta feminina a partir de ações artísticas e culturais para a cidade, depois de dois anos de atuação em outra casa, no mesmo bairro, o Espaço Cultural Armazém – Coletivo Elza começa uma nova dinâmica. As atividades abarcam múltiplas possibilidades vinculadas aos ateliês nos quais ocorrem orientação artística, oficinas e cursos; feiras, rodas de conversas, bazares, palestras e eventos. Nele também funcionam um espaço expositivo com agenda anual e venda de obras, o Cineclube Pomboca, apoiado pela Cinemateca Catarinense, comercialização de livros e um programa de residência de artistas. Além disso, abriga o acervo do Projeto Armazém aberto à visitação mediante agendamento com venda de obras dos artistas participantes do Projeto Armazém ou em exposição.
No conjunto são 20 pessoas envolvidas, sete ateliês de artistas, uma livraria especializada em temas feministas, um coletivo de pesquisa, o Projeto Armazém, dois grupos de potencializadoras de projetos, um voltado à pró-infância, empoderamento feminino e perinatalidade e outro que se denomina Fora do Eixo Florianópolis.
Na composição do Coletivo Elza estão as artistas Andressa Argenta, Fran Favero, Francine Goudel, Ilca Barcellos, Laïs Krücken, Silvana Macêdo e Juliana Crispe, que mantêm ateliê dentro da casa; o grupo de pesquisa Compor, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), é composto por Elaine Schmidlin (coord.), Andressa Argenta, Carolina Ramos Nunes, Janaina Schvambach e Taliane Tomita. Já o Projeto Armazém que propõe a circulação e a comercialização de trabalhos de arte que sejam múltiplos, de pequenas e grandes tiragens, agrega Ju Crispe (coord.), Bruna Ribeiro, Duda Desrosiers, Fran Favero, Francine Goudel, Joana Amarante e Matheus Abel. O acervo contempla mais de mil artistas, nacionais e internacionais.
As potencializadoras de projetos pró-infância, empoderamento feminino e perinatalidade são Gabriela Zanella, fisioterapeuta, doula e presidente da Adosc e Virginia Vianna, psicóloga, doula e educadora perinatal. Lilian Amaral, Marcia Vaitsman e Talita Trizoli são as potencializadoras de projetos Fora do Eixo Florianópolis.
A venda de publicações se dá pelo Livras – Mulheres e Livros, livraria para empoderamento feminino e a infância sob a responsabilidade de Ligia Moreiras, Renata Gordo e Mari Pelli. O Programa de Residência dispõe atualmente de três projetos: Residência Anual, Intercambiável Floripa.SP e Residência para Pesquisa. Em 2018/2019 a Residência Anual recebe os artistas Bruna Ribeiro e Matheus Abel. Já o programa Intercambiável Floripa.SP seleciona uma artista de Florianópolis, para morar um mês na Residência Artística Casinha#3 em São Paulo, e igualmente selecionar uma artista da capital paulista para residir um mês no Espaço Cultural Armazém. A intenção é oferecer um espaço de trabalho, troca e crescimento para artistas mulheres que tenham pesquisa e obra em artes visuais. O terceiro programa, de Residência para Pesquisa, é destinado a agentes de outras áreas de atuação, que não se limitam somente as artes visuais, e que tenham propósito de realizar uma pesquisa, aplicada ou não, sobre questões sociais, culturais, pertinentes ao Coletivo Elza.
Sobre a nova casa – Antigo posto alfandegário, a casa foi adquirida pelo casal João e Maria da Glória Makowiecky em 1959, conforme escritura pública. Trata-se de uma das edificações mais significativas do noroeste de Florianópolis, onde no passado funcionou a Alfândega de Sambaqui. Construída em 1854, a princípio serviu como moradia. No entanto, em 1905, por sua localização estratégica na Ponta do Sambaqui e boa condição de atracamento, instalou-se nela o Posto Fiscal Aduaneiro. A iniciativa garantiu maior controle da chegada de navios pela baía Norte. A unidade de apoio em Sambaqui, com a Alfândega, situada na rua Conselheiro Mafra, no centro da cidade, foram responsáveis por todo o controle aduaneiro na Ilha de Santa Catarina. Sandra Makowiecky, uma das atuais proprietárias, lembra que “foi nossa casa de praia por décadas e reunia a família composta por seis filhos, mais pai e mãe, tios e primos de Curitiba. Chegava a alojar mais de 30 pessoas em verões inesquecíveis. Já fizemos muitas festas naquela casa”, diz ela.
Tombada pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) e pelo Serviço do Patrimônio Histórico Artístico e Natural (Sephan) dentro dos conjuntos históricos e paisagísticos da antiga freguesia de Santo Antônio de Lisboa e da praia das Flores, localizada no Sambaqui, a construção apresenta relevante valor histórico, arquitetônico e paisagístico. Está inserida na paisagem cultural como um dos elementos representativos da arquitetura residencial remanescente luso brasileira colonial da época rural no período em que se deu o processo de ocupação no interior da Ilha no século 19. Presta-se, portanto, à promoção da identidade local e da memória urbana de Florianópolis, fatores que potencializam os interesses do Espaço Cultural Armazém – Coletivo Elza.
Sobre o Projeto Armazém – Idealizado como um grande encontro entre artistas/coletivos/editoras independentes e público, o acervo reúne obras que são múltiplos, ou seja, aquelas produzidas em número ilimitado, mediante diferentes processos industriais ou não como publicações de artista, livros de artista, cadernos de artista, cadernos de desenho, diários de artista, diários de bordo, postais, panfletos, cartazes, gravuras, fanzines, lambe-lambes, stickers, cartões, carimbos, objetos, etc. As tiragens são diferenciadas entre pequenas e grandes edições.
O acervo, constituído de nomes nacionais e internacionais, agregam obras de artistas como Cildo Meirelles, Leonilson (1957-1993), Rosângela Rennó, Guto Lacaz, William Kentridge, John Cage (1912-1992), Yoko Ono, Helio Oiticica (1937-1980), Joseph Beuys (1921-1986), entre outros. No âmbito de Santa Catarina, as representações abarcam nomes como Aline Dias, Asikainem&Macêdo, Audrian Cassanelli, Cyntia Werner, Diana Chiodelli, Eliane Veiga, Fabio Dudas, Franzoi, Iam Campigotto, Janaína Schvambach, Julia Iguti, Juliana Hoffmann, Kelly Kreis, Lia Krüchen, Luciana Petrelli, Lucila Vilela, Márcia Cardeal, Martha Ozzol, Odete Calderam, Sérgio Adriano H. e muitos outros.
O Armazém conquistou o Prêmio Edital Elisabete Anderle 2017 com uma proposição de mostra/feira de arte que integrou o projeto expositivo de extensão do Museu de Arte de Santa Catarina (Masc) nas comemorações dos 70 anos da instituição. O 16º Armazém também realizou um seminário sobre o tema múltiplo e publicação de artista, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Agora, a última etapa do projeto prevê a catalogação do acervo e a criação do site.
Serviço
O quê: Reabertura Espaço Cultural Armazém – Coletivo Elza
Onde: Rod. Gilson da Costa Xavier, 1.384, bairro Sambaqui, Florianópolis (SC)
Quando: 3.11.2018, 14h às 20h
Quanto: Entrada e atrações gratuitas. Bebidas e comidas cada um paga o seu
Equipe técnica do Projeto Armazém
Proponente: Juliana Crispe
Produção executiva: Francine Goudel
Assistência de produção: Franciele Favero
Conservação, preservação e catalogação do acervo: Sandra Checruski
Assistente de catalogação do acervo: Joana Amarante
Fotografias: Duda Desrosiers e Rodrigo Sambaqui
Designer gráfica: Tina Merz
Assessoria de imprensa: Néri Pedroso