Com raízes profundas no design como vetor de transformação social e econômica, a DW! Semana de Design — o maior festival de design da América Latina que acontece em São Paulo — chega à sua terceira edição em Balneário Camboriú na versão DW! Tour. Nesta entrevista, o idealizador do projeto nascido em Florianópolis e há anos radicado em São Paulo, Lauro Andrade, compartilha os motivos que o fizeram apostar novamente na região, sua visão sobre o papel do design na economia criativa, e como a descentralização do setor está redesenhando o mapa do design brasileiro. Com o tema “Ambientes que despertam sentidos”, a edição do DW! Tour Balneário Camboriú, que ocorre de 19 a 22 de agosto, promete experiências sensoriais, imersões autorais e a valorização de talentos locais que transformam espaço em linguagem.

Luciana de Moraes – Você está trazendo pela terceira vez a DW! para Balneário Camboriú. O que te faz olhar para essa região?
Balneário Camboriú, pelo seu histórico ligado ao desenvolvimento imobiliário, tem potencial para ser referência no design nacional. Além disso, e com base em uma visão mais analítica, o município desfruta de uma localização estratégica em uma das regiões que mais crescem no Brasil e integra uma área macrometropolitana que se estende de Florianópolis a Joinville com alto potencial de expansão imobiliária. Nesse cenário, design e arquitetura estão presentes no processo de desenvolvimento. Por que design? Porque não é só estética. É encontrar soluções para a sociedade. Assim, entendemos que é fundamental para a DW! acompanhar, fazer parte e contribuir nesse processo não apenas de crescimento imobiliário, mas sobretudo de desenvolvimento, arquitetura e design urbano de qualidade.
Lauro Andrade – Por que o CasaHall Design Shopping foi o escolhido para sediar mais uma vez essa nova edição?
Além de ser o maior centro de negócios dos segmentos de decoração e design do sul do país, trata-se de um parceiro fundamental que conta com um pool de grandes marcas e receberá com excelência a programação desta nova edição.
Você costuma dizer que o design é um motor econômico. Como isso se traduz na prática?
O design pode ser traduzido como uma grande e multifacetada rede de profissionais, tendo por matéria-prima essencial o bem que move a sociedade atual – a criatividade. Dessa forma se faz imprescindível que existam pessoas e iniciativas capazes de integrar os mundos criativo e produtivo, o que determina a entrega de soluções para a sociedade em diversas escalas, do objeto ao espaço público. Estamos falando, portanto, de um ciclo capaz de mover a economia em grandes proporções, de forma plural e democrática.
Estamos vivendo uma descentralização do design no Brasil?
Sem dúvida. Cada vez mais nós, enquanto sociedade, descobrimos e valorizamos a diversidade, fenômeno que acompanha a quebra das barreiras de comunicação promovida pela internet. No design não é diferente, pois caminhamos para o estabelecimento de um mercado pautado no trabalho autoral, com “cores” e “sabores” de diferentes culturas. A DW! também atua em prol dessa descentralização. É um dos valores que carregamos enquanto bandeira. As DW! Tours foram pensadas para promover a conexão entre a criatividade local ao circuito nacional do design, oferecendo um espaço para experimentação e networking, sempre em prol da democratização do conhecimento e das oportunidades de mercado.
O que o público pode esperar da terceira edição catarinense da DW!?
Neste ano a DW! Tour Balneário Camboriú terá como tema “Ambientes que despertam sentidos”, o que surge de nossa crença de que mais do que lugares, os ambientes se transformam em experiências que despertam memórias e bem-estar. Esse mote dará vida a palestras, workshops, lançamentos, exposições, instalações, visitas guiadas, festas e outras experiências que se juntarão a lançamentos exclusivos de 24 marcas presentes no CasaHall.
Ainda em relação à terceira edição, teremos a Galeria dos Sentidos, trazendo os cinco sentidos por meio de telas em grande escala expostas na área externa do CasaHall produzidas por três artistas catarinenses – Laís Odeli, Bezalel e Fabi Loos. Ainda alinhadas à temática deste ano, teremos as Instalações Sensoriais Externas, que são três ambientes, sendo dois da Docol, e outra instalação que, em conjunto, criam uma jornada envolvente pelos sentidos, convidando o público a explorar e vivenciar percepções únicas. Internamente, uma exposição proporcionará uma imersão completa para compreender o processo criativo dos artistas convidados. E, a exemplo de todos os eventos da DW! Tours, neste ano os DW! Talks em Balneário terão as participações – já confirmadas – de Cité Arquitetura, Bloco Arquitetos e Ugreen.
Você acredita que eventos como esse podem mudar a imagem de uma cidade?
Acredito que a DW! venha para dar mais visibilidade aos valores e talentos das cidades por onde passa. Hoje a DW! é o maior festival de design da América Latina, o que reflete uma jornada de 15 anos, com uma linha de atuação que sempre leva em conta a promoção local, em seus melhores atributos.
Qual o impacto econômico que o festival traz para a cidade?
A DW! é uma plataforma onde as marcas assumem ações e lançamentos originais e surpreendentes, investindo em seu posicionamento, em sua visibilidade e entendendo o evento como ponte para construção de públicos e estratégias. Oferecemos a possibilidade de um networking 3600, que une todas as pontas do processo produtivo e do mercado a partir de uma curadoria artística para identificação de novas tendências, com um olhar atento à diversidade e à biodiversidade, gerando novas oportunidades de vitrine local e nacional.
Por fim, o que você diria para quem ainda acha que design é só “detalhe”?
O design está presente “em tudo”. Hoje, é uma base de proposição de mudanças na sociedade, de forma individual e coletiva, a partir das visões apresentadas nos diversos espaços onde se faz presente. Vemos o design e a criação como catalisadores de uma série de processos, das informações culturais que cada um recebe, ou seja, como uma arte que está totalmente ligada à vida cotidiana. A partir dele pessoas podem se sentir representadas, mas também aprendem a lidar com o diferente, num fenômeno grandioso para o crescimento individual e coletivo.
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