Há cinco meses o arquiteto e urbanista Ronaldo Martins vem imprimindo um outro ritmo no comando da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura de Santa Catarina (AsBEA/SC), que completa 15 anos este mês e comemora com evento on-line, dia 27 a partir das 18h30 (evento para os sócios). Graduado pela UFSC com especialização em Architectural Engineering (Engenharia Arquitetônica) e Gestão de Projetos Mackenzie, sócio e diretor da ATO9 Arquitetura, Ronaldo tem perfil ativo e agregador. Quer marcar a atuação da associação de arquitetos no próximo biênio (2021-2022), expandindo o trabalho pelo Estado, a representatividade dos escritórios e a responsabilidade social que a arquitetura possui com a cidade e os moradores. Em entrevista para o Portal ArqSC concedida à jornalista Luciana de Moraes, o presidente da AsBEA/SC reforça o compromisso assumido em dezembro e fala sobre o papel da arquitetura e os projetos em desenvolvimento.
Acredito que somente com esta construção multidisciplinar participativa, escutando e buscando soluções por meio também do desenho podemos tentar chegar a uma arquitetura que seja uma cidade mais inclusiva, sustentável, funcional e bela!
Trazendo para o contexto atual e a partir das suas vivências e experiências profissionais como arquiteto, na sua opinião, quais são os caminhos da arquitetura e urbanismo? Muitas pessoas ainda não têm a dimensão do real papel do arquiteto para a sociedade. Por isso, uma provocação: que papel tem o arquiteto, qual a contribuição dele para as pessoas e as cidades?
Ronaldo Martins – Se levarmos em consideração que a cidade é uma das mais importantes criações do homem e nela se concentra o maior número de pessoas e que no futuro isso tende a aumentar, o papel da arquitetura e urbanismo é essencial. Ainda temos uma forte separação entre público e privado, e no público estamos há muito tempo desenhando a cidade com legislação através de planos diretores. Talvez o maior desafio para nossa cidade seria começar a desenhá-la no todo como fazemos com a arquitetura do edifício, mas não sozinhos nos escritórios, e sim com a sociedade e demais disciplinas envolvidas. Um trabalho integrado. Acredito que somente com esta construção multidisciplinar participativa, escutando e buscando soluções por meio também do desenho podemos tentar chegar a uma arquitetura que representa uma cidade mais inclusiva, sustentável, funcional e bela!
De que maneira a AsBEA/SC atua como entidade representativa de classe?
RM – A AsBEA trabalha com ações institucionais, participando e sendo ouvida nas esferas federal, estadual e municipal em temas ligados à arquitetura e urbanismo, como apoio e revisão de legislação e normas brasileiras do setor. Temos uma cadeira no CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo SC), onde atuamos para o fortalecimento e contínua melhoria de nossa profissão. Criamos e apoiamos eventos, congressos e feiras para divulgação de inovações na área. Realizamos networking entre diversos atores da construção civil para desenvolvimento de ações conjuntas e divulgação de inovações e trabalhos de relevância na área.
Qual a relação da associação com questões que envolvem a cidade? A associação está inserida neste contexto, de que forma?
RM – Participamos através GTL, Grupo de Trabalho Legislação, fazendo revisão das legislações que irão impactar diretamente na cidade e na forma de atuação dos profissionais no seu desenvolvimento. Também realizamos eventos nos espaços urbanos com a comunidade e profissionais para chamar atenção e/ou criar diretrizes para o desenvolvimento de ações que se façam necessárias no local específico. Já participamos da criação do Manual do condomínio, manual de resíduos e de sustentabilidade, entre outros que impactam e facilitam a vida na cidade.
Hoje a sede fica na Capital e acaba concentrando a maior parte dos escritórios na região da Grande Floripa. Algum plano para estadualizar a entidade e suas ações?
RM -Temos como meta um plano para expandir o número de associados, escritórios e empresas, principalmente para outras regiões de Santa Catarina. Hoje, com a pandemia no dia a dia de nossas ações, planejamos para este primeiro ano e já estamos realizando eventos virtuais onde os núcleos regionais são convidados a participar replicando ideias nas diversas cidades do Estado. Junto com empresas associadas estamos montando uma pesquisa para mapear melhor o nosso Estado e com estes dados poderemos imprimir ações mais focadas.