A Acap (Associação Catarinense dos Artistas Plásticos) ocupa até o dia 1º de outubro o Espaço Cultural BRDE – Governador Celso Ramos, no Centro Histórico de Florianópolis, com a exposição “Desdobramentos de uma História”, em homenagem a três dos seus oito fundadores – Meyer Filho, Martinho de Haro e seu filho, Rodrigo de Haro. A mostra marca a continuidade das comemorações dos 50 anos da associação.
Ao reunir três de seus fundadores como referência para a mostra, a Acap propõe mais que uma homenagem nostálgica. Com “Martinho de Haro: A Arte de Instaurar Existências Mínimas”, “Meyer Filho: O Calculista Delirante” e “Rodrigo de Haro: Herdeiro de Morfeu”, 23 artistas transformaram questões urgentes e experiências contemporâneas em obras de arte.
A vice-presidente da Acap, Maria Esmênia, ficou emocionada durante a abertura da exposição ao saber que a árvore colorida, que é um dos ícones da obra de Meyer Filho e está presente em sua obra, “O Encontro dos Abduzidos”, estampou o vestido da pequena Ianna, neta do artista, em seu primeiro aniversário. Esmênia une na obra o universo de Meyer Filho com seu trabalho social com pessoas em situação de rua.
Seis exposições
A Acap programou para 2025 seis exposições em que exalta e honra a memória de seus fundadores, artistas que fizeram história no Estado e no país, e também valoriza e divulga os talentos reunidos em torno da entidade.
A exposição “Max Moura – Desdobramento de uma História: Acap 50 anos”, realizada entre fevereiro e março, na Fundação Cultural Badesc, abriu a série. Em agosto, na Fundação Hassis, a obra “O Circo”, uma das mais emblemáticas do irreverente artista, criada em pleno governo militar, foi o ponto de partida para “Hassis [o circo como palco da relação entre arte, ironia e política]”.
Herança artística e patrimonial
A curadoria das exposições compreende a herança artística como patrimônio a ser preservado e como conjunto de produções poéticas e conceituais em novos processos. Os trabalhos, segundo as curadoras Anna Moraes e Meg Tomio Roussenq, reforçam que a força dos fundadores da Acap reside precisamente na capacidade de seus legados, de continuar possibilitando investigações estéticas e transformações culturais, sociais e políticas.
As obras selecionadas reforçam que os 50 anos da Acap emergem não apenas como marco cronológico a ser comemorado, mas como acúmulo de experiências que se apresentam na arte atual.
O presidente, Gelsyr Ruiz, vê as exposições como forma de reforçar o compromisso de honrar os fundadores, ao mesmo tempo em que os contemporâneos mostram a força de articulação da classe, ocupando espaços históricos. Como expositor, Ruiz usou as técnicas de colagem e pintura para criar a série de quatro elementos, “Olhar para Meyer – Cúmplice do Delírio”. “Crio corpos e paisagens em estado de metamorfose, híbridos simbólicos que flertam com o devaneio, o afeto e o desejo. Costuro presenças onde o imaginário escapa da norma e se reinventa”, diz.

Martinho de Haro: A Arte de Instaurar Existências Mínimas
A exposição dedicada a Martinho de Haro é apresentada como uma poética, dando existência a modos sutis de criação e de justiça existencial, onde o incompleto ou inacabado não é falho, mas motor de “vir-a-ser”.
Martinho antecipou, de forma aparentemente ingênua, questões centrais na arte contemporânea: formas de experiência; territórios de contemplação em cenários de urbanização acelerada; e sensibilidades ecológicas em tempos de devastação ambiental.
Os trabalhos apresentados por Eliane Veiga, Rodrigo Pereira, Janete Machado, Almir Reis, David Ronce, Miriam Porto, Marlene Eberhardt e Lisete Assen se concretizam como atenção contemplativa aos elementos da paisagem urbana e natural.
Meyer Filho: O Calculista Delirante
A figura de Meyer Filho, o autodenominado embaixador de Marte na Terra, permitiu aos artistas navegar por territórios entre realidade e fantasia, corpo e cosmos, individual e coletivo. Com seus seres antropomórficos e em transformação permanente, o foco curatorial aponta a capacidade de revelar como o imaginário de Meyer Filho atua.
O “calculista delirante” inspirou Gelsyr Ruiz, Gabriela Luft, Ricardo do Rosário, Larissa Arpana, Onildo Borba, Maria Esmênia e Maria de Minas em trabalhos que confirmam questões que movem a arte contemporânea, como hibridismo, metamorfose e resistência às normatividades.
“O que se desenha nesta constelação é a compreensão de que a arte constitui uma força transformadora que une calculistas e delirantes, terráqueos e marcianos, artistas e espectadores”, frisam as curadoras.

Rodrigo de Haro: Herdeiro de Morfeu
A exposição dedicada a Rodrigo de Haro apresenta o universo onírico do artista como fonte de devaneios estéticos e como matriz de reflexões críticas sobre as contradições do presente. Ao autodenominar-se herdeiro de Morfeu, Rodrigo conecta sua poética aos territórios fluidos entre vigília e sono, realidade e fantasia, individual e coletivo, como campos de resistência e transformação.
Os trabalhos de Audrey Laus, Sílvia da Ros, Marilene de Orleans, Andrea V Zanella, Albertina Prates, Dulce Pena, Rodrigo Gonçalves e Roberta Viotti revelam que sua herança atua por meio das contradições sociais, as possibilidades de transformação e as formas de experiência contemporânea.
ARTISTAS PARTICIPANTES
Albertina Prates
Almir Reis
Andrea V Zanella
Audrey Laus
David Ronce
Dulce Pena
Eliane Veiga
Gabriela Luft
Gelsyr Ruiz
Janete Machado
Larissa Arpana
Lisete Assen
Maria De Minas
Maria Esmênia
Marilene De Orleans
Marlene Eberhardt
Miriam Porto
Onildo Borba
Ricardo Do Rosário
Roberta Viotti
Rodrigo Gonçalves
Rodrigo Pereira
Sílvia Da Ros
PARA VISITAR
Quando: até 1/10/2025, de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h
Quanto: entrada gratuita
Onde: avenida Hercílio Luz, 617, Centro, Florianópolis
PRÓXIMAS EXPOSIÇÕES
Galeria Municipal Pedro Paulo Vecchietti
Ressignificação: Pedro Paulo Vecchietti – “Combinações entre natureza e artifício”
Quando: de 7/10 a 6/11/2025
Museu Victor Meirelles
Movências: Ressignificação dos oito fundadores da Acap: Eli Heil, Franklin Cascaes, Martinho de Haro, Max Moura, Ernesto Meyer Filho, Pedro Paulo Vecchietti, Rodrigo de Haro e Vera Sabino.
Quando: de 19/11 a 31/1/2026
Mesc (Museu da Escola Catarinense)
Coletoras: Ressignificação de Eli Heil e Vera Sabino
Quando: de 5/12/2025 a 31/1/2026
Fonte: assessoria de imprensa