Quais são as soluções para Florianópolis tornar-se mais ‘inteligente’? A interpretação infantil para essa pergunta foi expressa em desenhos que englobam questões como meio ambiente, mobilidade e qualidade de vida. Premiados no XII Concurso de Desenho e Redação, promovido pela Guarda Municipal no ano passado, eles serão agora expostos em uma galeria de arte permanente que será criada por artistas locais voluntários com a colaboração de toda a comunidade. A intervenção de arte urbana acontecerá durante o dia 11 de agosto, das 9h às 16h, na escola básica municipal Antônio Paschoal Apostolo, no bairro Rio Vermelho, e contará com um piquenique coletivo.
Muros, calçadas e até faixas de segurança serão transformados durante a ação. Os grafiteiros e artistas plásticos participantes irão reproduzir as ideias apresentadas pelos estudantes em suas criações. Os artistas André Azo, Angelo Silveira, BBel, Bruno Barbi, Luciana Bicalho e Mirian Furtado já aderiram ao projeto, e outros estão sendo convidados para participar, assim como toda a comunidade local.
A ação foi iniciada no dia 19 de julho, com uma oficina entre os participantes, professores e colaboradores para avaliação dos desenhos e projeto da intervenção. Nos dias 21 e 28 de julho, foi realizada a limpeza e preparação do muro e das calçadas para a pintura, além de uma exposição com os trabalhos. A arquiteta, designer e fotógrafa Rosemary Souza e o produtor cultural Vitor Moraes já se ofereceram para registrar todo o processo, em fotos e vídeos, para documentação.
A iniciativa resulta do “Prêmio Intervenção Urbana”, realizado em parceria entre a Guarda Municipal de Florianópolis e o Movimento Traços Urbanos, grupo multidisciplinar que atua de forma coletiva e voluntária para a qualificação dos espaços públicos da capital catarinense. A escola Antônio Paschoal Apostolo foi escolhida por ter sido a mais engajada, a que mais participou do concurso durante todas as suas edições. “Esse projeto da Guarda Municipal criou uma dinâmica de entendimento das crianças sobre a vida urbana e cultura urbana para que isso estivesse expresso nos trabalhos delas. E, agora, expressar isso dentro de um projeto de arte urbana faz com que ele transcenda somente a questão do ensino e faça uma linha de aprendizado com a própria comunidade local. É muito prazeroso, para nós, sermos reconhecido pelas instituições como um movimento de cidadãos que pode fazer uma contribuição”, comemora o arquiteto Giovani Bonetti, um dos idealizadores do Movimento Traços Urbanos.
A ação conta também com o apoio da Associação de Moradores do Rio Vermelho (AMORV), da Prefeitura Municipal de Florianópolis, da Via Estação do Conhecimento, grupo de pesquisa do Departamento de Engenharia do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e das empresas Anjo Tintas, Pincéis Atlas, Colormar e Bush, que doaram os materiais necessários para as pinturas.
Sobre o concurso
Em torno de sete mil alunos do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental, de 26 escolas da rede pública de ensino de Florianópolis, foram envolvidos no XII Concurso de Desenho e Redação. A missão era desenvolver trabalhos que apresentassem ‘soluções para a cidade se tornar mais inteligente’, englobando questões como meio ambiente, mobilidade e qualidade de vida. De acordo com a secretária de segurança pública e comandante da Guarda Municipal, Maryanne Mattos, o tema esteve voltado à preocupação com o futuro urbano e social e o desejo de transformação com maior participação dos cidadãos.
A iniciativa envolveu a capacitação de quase 200 professores da rede municipal, em uma parceria inovadora entre o setor de educação da Guarda Municipal e a Via Estação do Conhecimento, sob a coordenação da profa. Dra. Clarissa Stefani Teixeira. A oficina de capacitação foi realizada entre os dias 16 e 18 de maio, ministrada pela especialista do grupo em Cidades Inteligentes, Ágatha Depiné. “Cidades inteligentes são aquelas que utilizam a tecnologia para realizar sua melhor visão de futuro nas dimensões: economia, pessoas, governança, mobilidade, meio ambiente e qualidade de vida, as quais são igualmente essenciais e têm como bom resultado conjunto o reforço da concepção de cidadão como o centro do ecossistema urbano. Dentre essas dimensões, três são principalmente alicerçadas nos cidadãos e se traduzem como: participação pública (governança), capital humano (pessoas inteligentes) e estilo de vida (qualidade de vida). Ou seja, as pessoas – e não a tecnologia – são as verdadeiras protagonistas da inteligência urbana”, explica Ágatha.
Materiais de apoio e jogos educativos foram criados especialmente para a ação. “O legado dessa ação é a mudança de percepção das crianças sobre o seu potencial de mudança do entorno, da comunidade e da sociedade como um todo. Com isso, teremos cidadãos mais responsáveis, engajados e socialmente ativos no futuro. O primeiro passo é educar as crianças sobre o que é ser cidadão e qual o seu papel na transformação da sociedade”, avalia Clarissa.