O festival urbano de design DW! São Paulo Weekend reúne múltiplos eventos, começando com a High Design Expo, que tem a participação de empresas de mobiliário, indústria e agrega o CONAD (Congresso Nacional de Designers de Interiores), o Greenbuilding e o Salão Design. Durante os cinco dias de festival, são apresentados lançamentos de ateliês de design, de coletivos, das lojas, das escolas de design, IED (Instituto Europeu de Design) e EBAC (Escola Britânica de Artes Criativas), Senac, Belas Artes entre outras, galerias e uma infinidade de ações espalhadas em muitos hubs pela cidade, o que torna impossível visitar e conhecer tudo. O grande mérito do festival urbano considerado o maior da América Latina é a conexão entre arte, design, mercado, pessoas e ideias. Lauro Andrade Filho, o idealizador do DW, articula ações entre entidades privadas e públicas, academias, sempre convidando um time para assinar a curadoria do evento.
O roteiro que desenhei incluiu as principais feiras – High Design Expo, MADE –, além da Feira na Rosenbaum, e alguns dos seis distritos (D&D, Gabriel Monteiro, Vila Madalena, Paulista, Jardins, Pinheiros e Tatuapé). Meu olhar estava direcionado para a produção dos designers atuantes e os novos, os lançamentos da indústria, principalmente catarinense, além do garimpo de boas peças e do ouvido atento às inúmeras palestras. Experiências sensoriais, sejam elas na escala da arquitetura, do interior ou do objeto, são o que me motiva, por isso, invariavelmente, incluo a cena artsy que normalmente oferece experiências além do óbvio e provoca reflexão.
A passagem pela Galeria Vermelho foi uma das ações do DW que mais me emocionou pelo conteúdo do bate-papo com os criativos da Ovo, Luciana Martins e Gerson de Oliveira, e Guto Requena, junto com a exibição de documentário Designers do Brasil, com direção de Adélia Borges – o convite para participar veio da própria Adélia, profissional que admiro muito!
Entre as mostras no distrito da Gabriel o destaque foi a Apneia Desvairada, na Estar Móveis, pela coragem das empresárias Raquel Fogelman e Edith Diesendruck em desconstruir a loja e propor menos lançamentos e SIM para a experiência. Visita obrigatória. A mostra é curada pelo artista visual Felipe Morozini, que convidou artistas para interpretaram o tema água em instalações que propuseram uma reflexão sobre o meio ambiente. E a FAS promove a conexão entre o design e a arte a partir do espaço físico aos lançamentos do alemão Ingo Maurer.
Pouco maior do que o ano anterior, a High Design vem se destacando pela qualidade dos expositores e do público. Um dos grandes méritos é fazer a conexão da cadeira produtiva do setor: indústria, designers, lojistas, especificadores e formadores de opinião. Este ano três palcos diferentes, com curadorias distintas assinadas por mídias nacionais, movimentaram a feira com bate papo que incluiu nomes catarinenses como do designer Bruno Faucz e arquiteta Juliana Pippi. Eventos como esses não só movimentam a feira como levam um público interessado em conteúdos e nos lançamentos.
O destaque fica por conta do mobiliário articulado com mesas de centro sobrepostas, engrenagens que facilitam o uso e tornam as peças práticas e versáteis. Em relação aos materiais, o ano é das tramas, tema da MADE, do handemade, da conexão entre o industrial, linguagem forte em muitas peças, em contraponto ao artesanal, super valorizado, e ao slow design. A madeira não perde a majestade e vem acompanhada de cordas, couro e cimento e essa multiplicidade de materiais traz um frescor à mobília.
Entre os catarinenses, a Sollos marcou território logo na entrada com um estande conceitual; a Ha.Fatto mostrou a criação de peças dos designers Flávio Gropp e Bruno Faucz que também estava no estande da Moora Mobília Brasileira, para a qual o arquiteto Richard Gorh também desenhou; a Karsten apresentou a linha Wall Decor de tecidos para a parede. A Crush Design lançou peças próprias que misturam metal, madeira e conexões em impressão 3D. A Móveis Vogue apostou no design de Daniela Ferro.
Na MADE (Mercado.Arte.Desgn) os estúdios mostram o lado autoral da criação. A intenção aqui é tornar o design colecionável. Pela primeira vez a feira aconteceu no icônico prédio da Bienal, em São Paulo, e teve 100 expositores brasileiros e internacionais. Quem expôs por lá a coleção Modernista foi o arquiteto e designer Diogo Giácomo Tomazzi, mesas em vidro, pedra e metal assimétricas. A Fetiche Design em parceria com a Infinita Surfaces apresentou a coleção Branca em Corian que reproduz um padrão de tábuas na mesa, banco e biombo.
Vale registrar a Feira na Rosenbaum com objetos de tirar o fôlego, com curadoria da Cris Rosenbaum, e a presença de três catarinenses: Laura Pereira e seus objetos para viagem; Franci Odebrecht e os acessórios de moda; e Elias Lanzarini com suas poltronas feitas de madeira de barco e rede de pesca.
E finalizando, uma super descoberta na Vila Madalena com os criativos do Prototyp&, espaço coletivo idealizado pelo arquiteto, designer, ilustrador e diretor de arte Felipe Protti sob o conceito chão de fábrica. O caminho é do design independente.