Artigo de Rosa Artigas publicado no anuário ArqSC 2015, sobre o centenário de nascimento do arquiteto Vilanova Artigas, seu pai. Por conta da aproximação com a historiadora promovida pelo jornalista Vicente Wissenback, realizamos o 2º ArqSC Conversa, junto com a AsBEA/SC, com patrocínio da Saccaro Floripa. Leiam o artigo aqui:
“O arquiteto João Batista Vilanova Artigas nasceu em Curitiba, no Paraná, em 23 de junho de 1915. Mudou-se para São Paulo para se formar arquiteto na Escola Politécnica da USP, em 1937. Foi fundador da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo para a qual realizou, em 1962, uma reforma de ensino que influenciou outras faculdades de arquitetura no Brasil inteiro. Foi militante dos movimentos populares e, por isso, perseguido pela ditadura militar, tendo sido cassado em 1969, juntamente com outros professores das universidades brasileiras, por força do AI-5.
Sua obra foi duas vezes premiada internacionalmente (Prêmio Jean Tschumi – 1972 e Prêmio Auguste Perret – 1985, ambos concedidos pela UIA – União Internacional de Arquitetos). A arquitetura que produziu foi reconhecida, por alguns críticos, como uma verdadeira “escola”, a chamada “Escola Paulista” responsável pela orientação de várias gerações de arquitetos no Brasil todo. Dentre os 700 projetos que produziu durante sua carreira, destacam-se: Edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo; Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado, em Guarulhos; Passarelas Urbanas; escolas públicas; Estádio do Morumbi; clubes; sindicatos; edifícios de apartamentos e casas.
Em 2015 serão comemorados 100 anos de nascimento de Vilanova Artigas. Este projeto reúne um conjunto de ações que visam comemorar essa data. Nos últimos 30 anos, desde o falecimento do arquiteto, houve uma requalificação do papel da arquitetura brasileira no cenário cultural. Após um período no qual as referências sobre a produção da arquitetura eram as publicações estrangeiras, teve início, a partir dos anos 1990, um resgate da produção brasileira que pode ser constatado com a expansão do mercado editorial sobre o assunto. Além da publicação de livros que abordam a evolução urbana das nossas cidades pode-se, hoje, ter acesso a estudos monográficos sobre a obra de arquitetos como Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha, Lina Bo Bardi, Lucio Costa, Oswaldo Bratke, João Filgueiras Lima, João Walter Toscano, Afonso Reidy, Ramos de Azevedo, Victor Dubugras, entre outros. Foram publicadas também coletâneas de projetos, organizadas por estilos ou movimentos, registrando e organizando informações até então dispersas em diferentes publicações e acervos públicos e privados. A obra de Artigas foi tema, nestes últimos anos, de diversas dissertações e teses acadêmicas; dois livros com sua obra foram publicados, um em 1997, pelo Instituto Lina Bo e P M Bardi e outro na Série Espaços, da Cosac e Naify, em 2001, ambos esgotados há alguns anos.
Duas exposições importantes foram realizadas: a primeira, logo após sua morte em 1985, com caráter retrospectivo, foi exibida no Centro Cultural São Paulo e, concebida como mostra itinerante, viajou para várias cidades brasileiras. A outra, produzida pelo Instituto Tomie Ohtake em 2003, teve catálogo encartado com breve documentário e recebeu público recorde segundo documentou o próprio Instituto, na ocasião. Pequenas mostras e publicações foram feitas em centros culturais diversos, sempre com grande repercussão local: em Curitiba, Londrina, Florianópolis, na FAUUSP, etc. Em 2012 foi publicado um número especial da revista GG dedicado ao arquiteto que também está esgotada. O centenário de Vilanova Artigas é uma oportunidade para a retomada dos estudos sobre a sua obra, hoje já distante do calor do debate que vigorou na cultura arquitetônica brasileira na virada do século, possibilita um olhar distanciado e desapaixonado, dando a justa medida da ação de Artigas na formação de um pensamento peculiar sobre a produção arquitetônica nacional. Hoje ele pertence à história”.
Sobre o projeto Artigas 100 anos:
A celebração dos 100 anos está ramificada em cinco vertentes que contam com um núcleo de pesquisa em comum.
A inédita cinebiografia do arquiteto, com o título provisório de “Vilanova Artigas: As Cidades como as Casas, as Casas como as Cidades” tem, desde a sua captação, a vocação multiplataforma. O roteiro foi pensado para gerar longa-metragem, série de televisão e websérie.
Um livro com curadoria sobre 50 obras mais relevantes que influenciaram e seguem inspirando arquitetos brasileiros e estrangeiros.
Livro dirigido para o público infantil com uma história inspirada nos desenhos que Artigas fez para os netos.
Uma exposição/ocupação que será realizada no espaço do Itaú Cultural, em São Paulo, que propõe um mergulho do público em aspectos da biografia profissional do arquiteto.
O site oficial que já está no ar (www.vilanovaartigas.com) pretende tornar público o acervo profissional e pessoal de Vilanova Artigas, além de centralizar todas as informações sobre os eventos do Centenário.
Está programada uma segunda exposição que será realizada no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, que abordará 33 projetos do arquiteto realizados no Paraná (Londrina, Curitiba, Caiobá, Ponta Grossa) e documentação inédita sobre a família e a infância de Artigas. Ao final dos eventos, toda a coleção de documentos pessoais do arquiteto, será encaminhada para a biblioteca da FAU-USP e tornada pública para pesquisadores e interessados.