A URBE – Mostra de Arte Pública 2016 acontece de 12 a 27 de novembro, no bairro do Bom Retiro, cujas ruas serão tomadas por obras interativas de Guto Requena, Anai sa Franco e Iara Freiberg, com curadoria de Alessandra Marder, Felipe Brait e Reinaldo Botelho. O evento tem por objetivo investigar o espaço público por meio de práticas artísticas que assimilam a fusão entre obra e lugar com intervenções temporárias in situ, criando um percurso orientado pelo interesse do expectador. Dentro da programação, além das obras, há oficinas e mesas com os próprios artistas, curadores e convidados.
Com a transversalidade como eixo principal, os artistas expressam suas mais complexas visões de interação com a cidade, arquitetura e o espaço público. Entender a complexidade dessa região paulistana é estar em contato permanente com a história da cidade e seus constantes fluxos de transformação. O conjunto de traços e tramas étnicas, econômicas, socioculturais, arquitetônicas, de linguagens e hábitos que organizam a fascinante antropologia urbana do Bom Retiro, situa o lugar como principal intermediário entre a cidade e o indivíduo.
Em “Me Conta um Segredo?”, Guto Requena penetra na intimidade do público por meio de uma obra interativa, híbrido de mobiliário urbano, arte sonora e light design, que recodifica o relato dos participantes em escalas sonoras e cromáticas. Público e obra se fundem em confidente e ouvinte, imersos num espaço reflexivo em constante mutação. (Praça Coronel Fernando Prestes)
Já o projeto “Doce Reflexão” de Anaisa Franco é uma instalação que trabalha várias camadas dos sentidos humanos, adicionando uma experiência antropofágica à mostra. Por meio de um pavilhão paramétrico, em formato de colmeia, o público poderá interagir com a obra tendo sua face mapeada através da fotografia e transformada em chocolates e panquecas impressos usando máquinas de impressão 3D. O público poderá literalmente comer-se de si e ainda ver seu rosto impresso aplicado a uma parede da obra, gerando um memorial em processo. Nesta obra, a transversalidade aparece como fonte de memória através do compartilhamento dos sentidos entre interfaces digitais e sensações gustativas. (Rua Partes, 108)
A instalação “Flutuações” da artista Iara Freiberg realiza um exercício que explora os volumes tradicionais da paisagem urbana. O observador, ao se deslocar pelo território e escolher os percursos, terá contato com experiências visuais estimuladas por flutuações desenhadas diretamente sobre as superfícies arquitetônicas, atravessando construções de diferentes tipologias e usos. As marcas são feitas com tinta e vinil, mas operam ora como sulcos, vácuos, intervalos, ora como mediação, distorção, intromissão, que transbordam sobre os traços e linhas dos edifícios, desmontando a composição e a estrutura regular próprias do urbanismo contemporâneo. Aqui a transversalidade assume significação na noção de totalidade ao criar vazios que se renovam, tornando-se outro todo. (Esquina da Rua da Graça com a Rua Areal; Rua Silva Pinto, 323; Rua Graça, 298; e a confirmar a Rua Três Rios, 527).
Urbe – Mostra de Arte Pública 2016 é uma realização do Instituto Upload, in.vertice e Cinnamon, com patrocínio Philips e com apoio do Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura e Governo do Estado de São Paulo. Parcerias com Casa do Povo, Estúdio Lama, fablab LIVRE SP, GTM Cenografia, Museu Emílio Ribas, Oficina Cultural Oswald de Andrade, Parque Chácara do Jockey e promoção Arte1 e SeLecT.
Programação
Horário de funcionamento das obras: todos os dias das 10h às 20h.
Conversas: distribuição de ingressos com 1 hora de antecedência
Oficinas: inscrições pelo site www.urbe.org.br, exceto oficina de Anaisa Franco, cujos ingressos serão distribuídos com 1 hora de antecedência.
12 de novembro, sábado
16h – caminhada com curadores, colaboradores e equipe (ponto de encontro: Praça Coronel Fernando Prestes)
13 de novembro, domingo
11h – oficina com Anaisa Franco (Casa do Povo: Rua Três Rios, 252)
Sobre: A oficina apresentará os processos criativos e práticas utilizadas pela artista para concepção do trabalho Doce Reflexão, comissionado para o URBE – Mostra de Arte Pública 2016
16h – conversa “Arquitetura dos Sentidos”, com Felipe Brait, Thiago Carrapatoso (Casa do Povo: Rua Três Rios, 252)
Sobre: Conversa entre o curador Felipe Brait, a artista Anaisa Franco e o ativista e crítico de arte convidado Thiago Carrapatoso, a respeito das diversas camadas de interpretação que um trabalho interativo de instalação urbana pode despertar no público e na cidade.
17 de novembro, quinta-feira
14h-18h – oficina – “Crianças Hackers: arte, cidade e tecnologia”, com Guto Requena (Oficina Cultural Oswald de Andrade + caminhada com jovens e crianças no bairro: Rua Três Rios, 363)
Público-alvo: 20 crianças de idades entre 7 a 12 anos, divididas em 5 grupos
Sobre: a oficina busca estimular as crianças a pensarem a cidade como extensão de suas casas, mostrando que elas também são agentes fundamentais no processo de ocupação do espaço público. Após um passeio pelo bairro do Bom Retiro, as crianças farão um exercício de ateliê de urbanismo onde desenharão sua praça ideal depois de um debate sobre. Ao final, cada grupo, assistido por um profissional (arquiteto ou designer), desenvolverá um mood board do projeto. Cada projeto será desenvolvido ao longo de uma semana em uma renderização realista que integrará uma exposição com fotos da oficina, frases das crianças, os mood boards e uma imagem realista de cada projeto.
19 de novembro, sábado
16h – conversa – “A reinvenção do espaço público por meio da arte x tecnologia x arquitetura” (Museu Emílio Ribas: Rua Tenente Pena, 100)
Sobre: um diálogo aberto entre a curadora Alessandra Marder e os urbanistas Guto Requena e Laura Sobral sobre o resgate da convivência nas grandes metrópoles, a partir da interatividade. Arte pública, cidade hackeada, arquitetura temporária, ativismo digital, processos colaborativos, outras experiências concretas que comprovam os benefícios de reocupação coletiva dos espaços públicos.
20 de novembro, domingo
16h – caminhada com artistas, curadores, urbanistas e colaboradores (ponto de encontro: Praça Coronel Fernando Prestes)
24 de novembro, quinta-feira
19h – conversa: “Olhares sobre arte, arquitetura e cidade”, com Iara Freiberg, Reinaldo Botelho, Ligia Nobre (Oficina Cultural Oswald de Andrade: Rua Três Rios, 363)
Partindo do triplo vínculo entre arte, arquitetura e cidade, a conversa abordará as potencialidades do espaço público como pensamento e proposição para as práticas artísticas e discutirá como a arte se relaciona com a esfera pública, pensando que a construção social também é gerada espacialmente.
26 de novembro, sábado
10h – 18h – oficina Intervenções: Arquitetura e Cidade com Iara Freiberg (Oficina Cultural Oswald de Andrade: Rua Três Rios, 363)
Público-alvo: estudantes de artes, arquitetura e demais interessados (sem necessidade de conhecimento prévio)
Participantes: entre 5 e 12 pessoas
Sobre: pretende promover reflexões e propor conexões entre a arte, a arquitetura e a cidade por meio da apresentação e discussão da obra de diversos artistas contemporâneos e de exercícios de intervenção em espaços realizados pelos participantes. A partir dessa experiência, será possível desenvolver noções de usos e relações do espaço a partir de conceitos com o dentro-fora, individual-coletivo, público-privado.
Agenda:
10h – 12h: introdução, exposição e apresentação das atividades
12h – 13:30h: almoço
13:30h – 15h: atividade 1
15h – 15:30h: discussão
16h – 17:30h: atividade 2
18h – 19h: discussão e encerramento
27 de novembro, domingo
16h – caminhada com artistas, curadores, urbanistas e colaboradores (ponto de encontro: Praça Coronel Fernando Prestes)
Sobre os artistas
Desde 2006, Anaisa Franco tem desenvolvido trabalhos em medialabs, residências e comissões em instituições como Medialab Prado, Mecad, MIS, Hangar, Taipei Artist Village, China Academy of Public Art Research Center, Mediaestruch, Cite des Arts, ZKU, SP_Urban and Creative and Cognition Studios na UTS em Sydney e VIVID também em Sydney. Em 2011 obteve o VI Editin of ARCOmadrid/BEEP Electronic Art Award, ao qual faz parte da coleção. Em 2014 foi premiada com o Edith-Russ-Haus Award for Emerging Media Artists na Alemanha e o EMARE/EMAN para residência artística no Creativity and Cognition Studios na UTS em Sydney. É mestre em Arte Digital e Tecnologia pela Universidade de Plymouth na Inglaterra, financiada pela Bolsa Alban e bacharel em Artes Plásticas pela FAAP em São Paulo. Ela tem feito exibições internacionais como 5th Seoul International Media Art Bienalle, ARCOmadrid, Vision Play no Medialab PRADO, Sonarmática no CCBB em Barcelona, Live Ammo em Taipei, entre outros.
Guto Requena é arquiteto e mestre em arquitetura pela USP. Além disso, é um estudioso sobre cibercultura e o impacto das novas tecnologias na arquitetura e no design. Durante 9 anos foi pesquisador do Nomads.USP – Núcleo de Estudos de Habitares Interativos da Universidade de São Paulo e em 2007 defendeu a dissertação intitulada “Habitar Híbrido: Interatividade e Experiência na Era da Cibercultura” que mapeou as transformações dos lares residenciais na chamada Era Digital. Guto é professor convidado de escolas como FAAP, PUC-RJ, Unicamp, USP, Belas Artes e Mackenzie. Ele foi colunista do jornal A Folha de São Paulo, onde escreveu quinzenalmente aos domingos, no Caderno Imóveis, entre 2013 e 2015. O arquiteto já ministrou mais de 100 palestras e em 2010 recebeu o prêmio “Jovem Brasileiro” na categoria design. Em 2011 Guto criou, roteirizou e apresentou o programa de TV “Nos Trinques”, no canal GNT, e atualmente desenvolve séries de design, arquitetura e urbanismo para TV, cinema e internet.
Iara Freiberg é mestranda em Poéticas Visuais na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), onde se graduou em 2004.
Seu trabalho se caracteriza por desenvolver intervenções intrinsecamente ligadas à arquitetura e às relações com o espaço e seus desdobramentos. A partir de 2002, participa de exposições individuais e coletivas no Brasil (Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo) e no exterior (Buenos Aires, Johannesburgo, Londres, Montevideo, Santiago de Chile e Toronto). Também idealiza e participa de diversos projetos especiais e iniciativas independentes, realizando intervenções no espaço público, em edifícios desocupados e lugares não convencionais. Ganhou a Bolsa Iberê Camargo em 2006 e o Prêmio de Arte Contemporânea da Funarte em 2013. Também em 2013, participou das residências artísticas Bag Factory em Johannesburgo, na África do Sul; mas antes participou do El Basilico, em Buenos Aires na Argentina, em 2006 e, em 2011, em Cruces, em Montevidéu no Uruguai.
Sobre os curadores
Alessandra Marder, além de Gerente de Energy Marketing da Nike, dedica-se há mais de 20 anos às mais diversas formas de cruzamento entre arte, inovação, tecnologia e conteúdo. Como curadora, destacam-se o desenvolvimento da plataforma mobile da última edição do Festival Refest, a série de exposição Projeto Portfólio e a URBE – Mostra de Arte Pública.
Felipe Brait é produtor cultural, artista plástico e curador independente. Desde 2001 trabalha com intervenções urbanas e projetos sobre investigação de espaço público. Foi fundador dos coletivos Radioatividade e EIA – Experiência Imersiva Ambiental e é membro da Frente 3 de Fevereiro e da plataforma Desislaciones. Como curador, destacam-se os projetos CANVAS – Encontros Audiovisuais, URBE – Mostra de Arte Pública e a cartografia coletiva ECOSSISTEMA TROPICAL 2.0.
Reinaldo Botelho é pesquisador de artes visuais e editor. É diretor da in.vertice, empresa de inteligência sóciocriativa que atua em consultoria, curadoria, desenvolvimento de projetos multidimensionais, articulando difusão de conhecimento para o desenvolvimento humano. Organizou o Centenário Lina Bo Bardi, o livro do artista Marcelo Moscheta, foi consultor da Secretaria do Audiovisual e curador da Mostra de Videoarte para a SP-Arte.
Sobre o URBE
O URBE se apresenta como uma plataforma perene de criação, pesquisa e organização que promove reflexões nos campos da arte, da cidade, da arquitetura e do urbanismo. Buscando investigar a problemática do lugar como organismo vivo, território da atividade humana, da produção cultural e matriz da vida social, econômica e política, a iniciativa propõe, por meio de práticas artísticas, dar outros sentidos para a ocupação do espaço público, apresentando trabalhos e conceitos inovadores, mediando a relação sujeito-obra-trajetos, gerando camadas de interação com o circuito e fornecendo uma perspectiva transversal de arte pública nos modos de perceber a cidade. Assim, o objetivo é mapear e pesquisar territórios na esfera pública e, ao mesmo tempo, estimular transformações sociais que integrem a comunidade num diálogo de interesses convergentes entre agentes culturais, ambientais, econômicos e sociais. (com assessoria de imprensa)