Uma dança que se constrói entre duas cidades, no vai e vem da bailarina Leticia Souza com formação clássica e trânsito na dança contemporânea. Viagem pra cá e pra lá, entre Joinville, onde mora, e Florianópolis, onde busca interlocuções. Movimentações e desejos que a aproximaram de Anderson do Carmo, profissional marcado pelo treino e disciplina de bailarino do Grupo Cena 11 Cia. de Dança que integrou até o último mês de abril. Juntos, desenvolveram uma pesquisa de dança contemporânea que resultou no solo “Frágil”, interpretado por ela e dirigido por ele. Legitimado pelo Prêmio Klauss Vianna 2014, o espetáculo estreou no Sesc de Joinville e ganha apresentações nos dias 29 e 30 de setembro, às 20h, em Florianópolis, no Sesc Prainha. Os ingressos são gratuitos, basta chegar uma hora antes para pegá-los na bilheteria.
Híbrido entre dois aglomerados urbanos, entre o clássico e o contemporâneo, o diretor e a bailarina, “Frágil” tem sua gênese no projeto Processo Criativo em Dança e Montagem do Espetáculo Sobre Anseios e Vontades que propunha encontros e as possibilidades de troca de experiências distintas de aprendizagem e atuação.
Embora a cidade não seja o foco principal do trabalho, a urbe e seus dramas aparece como um pano de fundo. O espectador mais atento perceberá que se trata de uma dança pouco comportada, fruto de duas vivências urbanas distintas. Da metástase de um lugar, a possibilidade de expansão em outro. Desses anseios e desejos, nasce “Frágil”, que traz os sintomas do que está além, invisível, aquilo que sobrevive no subterrâneo e submerge como possível potência.
Na escuta, é possível situar melhor as aspirações dos dois criadores que se movem entre a experimentação, o teste, as discussão, a leitura e a fixação. Letícia reconhece Florianópolis com uma produção importante de dança contemporânea, lugar de acolhimento e estímulo a pesquisadores independentes, vinculados ou não à Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), grupos e artistas consolidados, como o Grupo Cena 11 Cia. de Dança. Em Joinville, embora denominada como Capital da Dança, há um escasso diálogo em torno de propostas mais contemporâneas. Em razão disso, criou o hábito de se manter persistente e disciplinada, quase sempre sozinha, o que também resultou no refinamento de algumas questões de escuta pessoal e movimento.
Antes do solo “Frágil”, ela já estabelecia uma relação de troca com bailarinos de Florianópolis. Assim, valoriza a experiência do intercâmbio. “Conheço novas propostas de trabalhos em dança e passo a atuar com profissionais atentos a questões e pesquisas mais atuais”, diz ela.
Fruto de um processo de criação mais extenso, ideal para o amadurecimento, “Frágil” exigiu muitas viagens entre Joinville e a Capital, “tudo realizado de forma tranquila”, porque desde o início do ano Letícia estuda como aluna especial do mestrado em teatro na Udesc. Otimista, crê que o espetáculo pode ser uma boa oportunidade em Joinville para ver algo em dança contemporânea. “A cidade é carente em pesquisas e produções de dança contemporânea e, principalmente, em espetáculos de dança com duração maior do que as coreografias feitas para os festivais competitivos ou que dialoguem com a contemporaneidade. Para Florianópolis, uma boa oportunidade de ver algo de dança “de Joinville” que dialoga além do que a cidade já propõe em termos principalmente de uma lógica focada nos festivais de dança.
Para o diretor Anderson do Carmo, o solo se dedica a pensar o que é dançar em Santa Catarina, em Joinville fora do contexto de competição. “Para a Cidade da Dança e para um Estado que tem mais de 50 festivais isso já é motivo mais que suficiente. Não há vitória ou derrota em jogo. Se dança porque se quer, e saber o que se quer é importante.”
Ficha técnica
Peça de dança de Letícia Souza, com direção de Anderson do Carmo
Produção: Letícia Souza
Iluminação: Flávio Andrade
Trilha Sonora: Dimi Camorlinga
Figurinos: Karin Serafin
Cenografia: Marcelo Mello
Material gráfico: Magica Comunicação
Fotografia: Rodrigo Arsego
Assessoria de imprensa: Néri Pedroso
Serviço
O quê: Solo “Frágil”, com Letícia Souza
Quando: 29 e 30.9.2016, às 20h
Onde: Sesc Prainha, travessa Siryaco Atherino, 100, bairro prainha, Florianópolis
Quanto: Gratuito. Retirada de ingressos uma hora antes do espetáculo
Saiba mais: https://www.facebook.com/
Apoio:
Animaluz Iluminação, Arsego Fotografia, Associação Joinvilense de Teatro (Ajote), Centro de Artes (Ceart)/Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Instituto Meyer Filho, Magica Comunicação, Serviço Social do Comércio (Sesc)
Realização:
Prêmio Klauss Vianna 2014/Funarte/Ministério da Cultura/Governo Federal