A 1ª edição da Semana Criativa de Tiradentes, que aconteceu de 26 a 29 de outubro, atraiu 4 mil pessoas entre designers, arquitetos, artesãos, estudantes, jornalistas e amantes do design, arte e artesanato em 4 dias de eventos. Os participantes desfrutaram de 11 palestras, 4 exposições e 14 eventos paralelos entre workshops e oficinas. A Semana terminou com 200 pessoas reunidas na praça principal de Tiradentes, o Largo das Forras, em um grande Agulhaço. O encontro de tricoteiros, crocheteiros e bordadeiros aconteceu ao som do grupo Trio Curió.
As vielas históricas e restaurantes da charmosa cidade foram palco de encontros e vai e vém de grandes nomes do design, arquitetura, fotografia e arte. Passaram por lá Paulo Alves, Heloísa Crocco, Daniela Karam, Mauricio Arruda, André Bastos e Guilherme Leite Ribeiro (Nada se Leva), Maria Fernanda Paes de Barros (Yankatu), Alfio Lisi, Fernando Jaeger, Zanini de Zanine, Lufe Gomes, Aécio Sarti, José Alberto Nemer, Alvaro Guillermo, entre outros.
“Estamos surpresos com o resultado do evento. Não tínhamos ideia ou referência de público. Mas, surpreendente, tivemos o auditório lotado nas 11 palestras e bate-papos. Era uma plateia interessada, formada, basicamente por designers de interiores e de produtos e estudantes do segmento. O conteúdo era relevante, afetivo, emocionante. As pessoas também se surpreenderam com as peças produzidas pelos artesãos, que tiveram praticamente todos os trabalhos vendidos. Para uma primeira edição, não poderia ser melhor. Agora é manter, ou melhor, aumentar o padrão para 2018, que já tem data marcada: de 25 a 28 de outubro”, explica Simone Quintas, idealizadora da Semana.
O festival tem uma importante missão: promover o intercâmbio de conhecimento entre o contemporâneo e o tradicional para levar renovação e frescor para o artesanato local. E principalmente resgatar tradições e valorizar o design de raiz. Por isso, seis renomados designers brasileiros cocriaram ao lado de cinco artesãos locais antes da realização da Semana Criativa.
Este coletivo fez duas imersões com duração de uma semana cada com a proposta de trocar conhecimento e produzir objetos que foram apresentados na exposição Design à Mão. Agora a expectativa é que os artesãos multipliquem os conhecimentos que adquiriram durante o processo em suas comunidades, engajando mais pessoas para as próximas edições.
Os designers convidados foram Daniela Karam; Maria Fernanda Paes de Barros (Yankatu); Paulo Alves; e a dupla André Bastos e Guilherme Leite Ribeiro (do estúdio Nada se leva). Já os artesãos que participaram foram: a bordadeira dona Maria; dona Lilia, que produz as cruzes de Tiradentes; o marceneiro e serralheiro Wagner Trindade; o escultor de arte sacra Rondinelly Santos; e o escultor em pedra-sabão Expedito Jonas de Jesus.
O grande legado dessas imersões foi a parceria e intercâmbio entre os próprios artesãos e materiais: peças criadas mostram isso, como as caixas com base de madeira, tampo de pedra sabão com delicado bordado, ou ainda lustres que misturavam latão, madeira e pedra sabão, só para citar alguns. “A pedra-sabão encontrou a madeira talhada. Ou melhor, Expedito Jonas de Jesus enxergou em Rodinelly Santos um parceiro para a criação de produtos inéditos. Na união de esforços e talentos, abre-se caminho para novas conquistas e possibilidades”, define a jornalista Regina Galvão que participou da primeira edição.
Tiradentes, assim como todo o estado de Minas, tem uma grande vocação para o design e artesanato. Concentra artesãos habilidosos, que pintam, tecem, bordam, esculpem em pedras, talham madeira, trabalham com o ferro, renovam materiais de demolição e dão novos usos e significados para outros tantos. É neste ambiente criativo e genuíno que nasceu a Semana Criativa de Tiradentes, um evento anual que reuniu talentos de todo o país, de 26 a 29 de outubro, para trocar conhecimento, discutir, produzir, fomentar a economia criativa e estimular o empreendedorismo.
Outro momento importante foi a homenagem, através da exposição Emendas e Remendos, de móveis e objetos, que marcaram a história da Oficina de Agosto, projeto criado por Antonio Carlos Bech, o Toti, no início dos anos 1990, com artesãos de Bichinho, vilarejo próximo de Tiradentes, no município de Prados. Toti criou um estilo, formou artesãos, gerou nova fonte de renda para as famílias locais e deu novo significado ao artesanato da região. Até hoje, a Oficina de Agosto é uma referência importante do artesanato mineiro para o país.