A falta de estrutura e segurança nas cidades brasileiras afeta ainda mais as mulheres. São elas que enfrentam o assédio no transporte público, o risco de abordagens violentas e sexuais e que convivem com a ineficiência dos equipamentos públicos para realização de suas atividades cotidianas e da família. Para refletir sobre estas situações, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina (CAU/SC) e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, em conjunto com a Bancada Feminina da Assembleia Legislativa, promovem o 1º Ciclo de Debates Mulheres na Arquitetura – Cidades inclusivas para as mulheres. O evento acontece no dia 12 de setembro no Plenarinho Deputado Paulo Stuart Wright.
Pensar as cidades a partir das necessidades de uso das mulheres é refletir sobre a infra-estrutura do espaço urbano, aponta a arquiteta e presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, Daniela Sarmento. O direito à habitação social também precisa ser observado sob a perspectiva feminina. O número de mulheres chefes de família saltou na última década, passando de 1 milhão em 2001 para 6,8 milhões, em 2015 conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) aponta ainda que 56,9% das mulheres que sustentam a casa e tem filhos de até 14 anos estão abaixo da linha da pobreza. Dentre estas, 64,4% das mães negras.
O debate para as questões que afetam as mulheres nas cidades é sensível para a arquitetura e urbanismo. 63,10% dos 105.420 inscritos/as nos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo são do sexo feminino. Em Santa Catarina, este percentual sobe para 68%. Para além de fomentar maior representatividade profissional, as arquitetas desejam contribuir para alertar sobre a necessidade de construção de um modelo de cidade mais inclusivo. “A cidade sempre foi pensada a partir de um sujeito universal. Ela é desenhada para o fluxo dos homens, em idade média, no auge de sua capacidade produtiva, com trabalho estável e bem remunerado que lhe permite ter carro, deixando as demandas das mulheres, jovens, idosos, crianças e deficientes físicos à margem das prioridades do investimento público”, explica a presidente do CAU/SC. “A cidade precisa ser pensada para todos os tipos de mulheres. Estas demandas não implicam fazer uma cidade que exclua as necessidades dos outros cidadãos, mas convocam a uma nova percepção na construção da cidade contemporânea”, complementa.
O Ciclo de Debates “Mulheres na Arquitetura – Cidades inclusivas para as mulheres” ocorrerá em diversos estados brasileiros para consolidar uma política de equidade de gênero dentro do CAU e também a construção de cidades que atendam às necessidades das mulheres. Depois de Florianópolis, o evento acontece no estado do Sergipe, em 19 de setembro, e repete em Salvador, Porto Alegre, Rio Branco, Brasília, Fortaleza e São Paulo e Rio de Janeiro.
O QUE: 1º Ciclo de Debates Mulheres na Arquitetura – Cidades inclusivas para as mulheres
QUANDO: 12 de setembro, 14 horas
ONDE: Plenarinho Deputado Paulo Stuart Wright, Assembleia Legislativa de Santa Catarina
CONTATOS:
Daniela Sarmento (presidente do CAU/SC): 47 9934-0469
Juliana Dreher (coordenadora da Câmara Temática Mulheres na Arquitetura): 48 8824-9062
*Imagem em destaque do coletivo Arquitetas Invisíveis.