Uma imersão de dois anos na obra do artista Paulo Gaiad resultou na primeira exposição individual depois que o acervo foi aberto e pretende reapresentar o artista à cidade. “Paisagens Gaiadianas I” abre dia 22 de julho, na Helena Fretta Galeria de Arte, e traz um conjunto raro de obras, poucas vezes contempladas pelo público, produzidas entre as décadas de 1980 e 1990. “A exposição talvez cause espanto por conta da paleta de cores encontrada no acervo, a qual retrata um Paulo recém-chegado a Ilha de Santa Catarina, com um olhar ainda estrangeiro”, diz a curadora Thays Tonin, que se debruçou sobre a obra do artista quando fazia pós-doutorado na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
“Paisagens Gaiadianas I” apresentará 28 obras entre pinturas, colagens e desenhos, sendo todas elas provenientes do acervo pessoal do artista, e grande parte inéditas ao público. Todas as obras estarão disponíveis para aquisição.
ACESSa as obras da EXPOSIÇÃO que estão á venda
A proposta para a exposição teve um argumento bastante objetivo à família: vender as obras para manter financeiramente o acervo. Por isso, foi pensada em três etapas – as outras irão acontecer em 2022, e para públicos diferentes. Itens do acervo como pequenas impressões assinadas por Gaiad em 1992, convites antigos feitos à mão e ainda, um novo catálogo de obras e posters estarão à venda com preços mais acessíveis, além de obras de maior porte, em técnica mista, para os colecionadores de arte.
Vários Paulos
A exposição “Paisagens Gaiadianas I” é a primeira de três desenhadas para contemplar boa parte do acervo pesquisado a partir do Projeto de criação do Acervo Artístico Paulo Gaiad. “Paisagens Gaiadianas colocam em jogo o próprio conceito de paisagem, se olharmos para seu antigo sentido na história da arte. São vários Paulos (o arquiteto, o artista, etc) inapreensíveis, que des-fazem os gêneros da pintura, e re-fazem em formas próprias, singulares, informes”, diz Thays. Multifacetado, Gaiad construiu sua história com muitos retratos, paisagens, imaginárias e reais. “Paulo Gaiad foi um artista viajante, não do tipo que carrega um diário de bordo, ou um caderno de artista, mas aquele que leva consigo uma bagagem enorme e pesada com sua mais valiosa coleção: memórias”, escreve em um dos textos do catálogo, o mestrando em Artes Visuais na Udesc e assistente na curadoria da exposição, Andrey Parmigiani.
Catálogo e criação do acervo
Foi a professora doutora Rosângela Cherem, da Udesc, que apresentou a obra de Paulo Gaiad para Thays. A curadora e a equipe técnica de graduandos e mestrandos em Artes Visuais da Udesc foram as primeiras pessoas a entrarem no reduto da família para pesquisar a obra. Foram catalogadas 400 obras aproximadamente feitas pelo artista, no Campeche, onde o artista também mantinha seu ateliê, em uma construção separada da casa principal. A segunda etapa foi criar o acervo físico no ateliê, com equipamentos e materiais de segurança para a manutenção adequada das obras. As duas etapas foram contempladas com dois editais de incentivo à cultura.
Colóquio
Paralelo à exposição, o Museu de Arte de Santa Catarina (Masc) promoverá o Colóquio Paulo Gaiad – Memória e história da arte, uma série de debates on-line (via zoom) com convidados especiais que irão conversar sobre o artista, sua obra, o trabalho de catalogação de todo o acervo, entre outros temas ligados à exposição.
ACESSE PARA VER A AGENDA DO COLÓQUIO
Paulo Gaiad pela curadoria
Paulo Gaiad (1953 – 2016) viveu e trabalhou em Florianópolis desde 1981. Antes da vida na ilha catarinense, Gaiad seguiu seus estudos em Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Brasília e na Universidade de Oslo (Noruega), e, quando em São Paulo, trabalhou com Vilanova Artigas, ícone da arquitetura moderna. Desde o final da década de 70 o artista participou de exposições coletivas como no XXVII Salão de Belas Artes (Piracicaba, SP) em 1979, na Galeria Atelier (SP) em 1981 e, em 1987, no 8o Salão de Novos Artistas do MASC (SC). Será ainda em 1987 que Paulo Gaiad irá realizar sua primeira exposição individual no Ecco Club/Galeria Espaço de Arte, em Florianópolis, da qual se seguiram cerca de 24 exposições, somadas às mais de 30 coletivas em vida. Em 1989 o artista ganhará seu primeiro prêmio internacional “Cubo de Prata”, da Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires, que será acompanhado nos próximos anos pelos prêmios do 47º Salão Paranaense (1990), prêmio da Fundação Catarinense de Cultura (1992), prêmio Cultura Viva (1997) e prêmio VI Salão Victor Meirelles (1998), e também, por indicações para Salões Nacionais (1991, Museu Nacional do Rio de Janeiro). Desde sua primeira fase como artista, Paulo Gaiad foi convidado para residências artísticas internacionais, a exemplo da oferecida pelo Instituto Goethe (1994), fato que o levou a sua primeira exposição internacional.
Desde o início de sua carreira, além da constante presença no sul e sudeste brasileiros, se seguiram mostras e residências artísticas em diversos países, como França, Alemanha, Espanha, Croácia, Macedônia e Holanda. Registram-se ainda obras suas em acervos públicos tanto em território internacional como nacional, dentre eles os acervos do Kunst Haus Welker, (Heildelberg, Alemanha), Museu dos Bandeirantes (SP), Museu da Arte Contemporânea do Paraná (PR), Museu de Arte de Santa Catarina (SC), Museu da Estação (PR), Museu Victor Meirelles (SC) e IPHAN — Florianópolis (SC).
Equipe curatorial
Curadoria: Thays Tonin
Assistente de curadoria: Andrey Parmigiani
Equipe técnica: Amanda Medeiros, Dyel Gedhay da Silva e Laura Leite Ricardo.
Serviço
O que: Paisagens Gaiadianas I
Quando: de 22 de julho a 21 de agosto de 2021
Local: Helena Fretta Galeria de Arte
Visitação: de seg. a sexta das 10hs às 18:30h e sábados das 09hs às 13h.
Rua Presidente Coutinho, 532 Centro – Florianópolis
Contato: (48) 3028-2345/ 98408-234