Carrossel de Maria Helena Chartuni no vão livre do MASP, década de 70, Biblioteca e Centro de Documentação do MASP. Foto Luiz Hossaka.
De 17 de março a 24 de julho de 2016, o MASP apresenta o projeto de arte contemporânea Playgrounds 2016, que contará com seis novas propostas de artistas e coletivos em torno do que é o espaço comum, o lazer, o lúdico e a participação dos públicos no museu. Os convidados são: Ernesto Neto (Rio de Janeiro), Yto Barrada (Marrocos), Céline Condorelli (França/Inglaterra), Rasheed Araeen (Paquistão/Inglaterra) e os coletivos Grupo Contrafilé (São Paulo) e O Grupo Inteiro (São Paulo).
O nome Playgrounds é apropriado da exposição individual homônima do artista brasileiro Nelson Leirner, realizada na inauguração do edifício do MASP, na Avenida Paulista, em 1969. A exposição ocupou, na época, o Vão Livre do museu com uma série de obras participativas dispostas ao ar livre, ativando a rua e o espaço urbano e misturando os limites entre arte e a vida. A nova montagem de Playgrounds 2016, porém, não pretende recriar a exposição original com obras de Leirner, mas sim recuperar a dimensão do engajamento e do jogo como uma forma emancipatória e um modo de organizar a vida social e coletiva da comunidade do museu.
Essa dimensão está presente também na concepção museológica da arquitetura de Lina Bo Bardi, que atribuiu grande importância ao espaço público e às possibilidades que ele oferece no processo de construção de comunidades. Em um dos desenhos de Lina para o museu, Esculturas praticáveis do Belvedere, Museu Arte Trianon (1968), a arquiteta retrata a área do Vão Livre como um playground para crianças. Com essa proposta, as crianças não só trariam alegria ao museu, mas também poderiam ter interesse em adentrá-lo e conhecer o acervo por vontade própria.
Lina Bo Bardi, “Estudo preliminar – Esculturas praticáveis do Belvedere Museu de Arte Trianon”, 1968.
Coleção MA-SP
Neste ano, Playgrounds 2016 será um projeto interdisciplinar, que ocupará o Vão Livre e o 2º subsolo do MASP, integrando a exposição aos programas públicos e de mediação do museu, iniciativa que faz parte da reformulação do programa educativo iniciada em 2015. Dessa forma, Playgrounds 2016 pretende estabelecer espaços de diálogos e atividades no próprio espaço expositivo. A educação, antes um “serviço” oferecido após a concepção das exposições, se difunde em todo o museu – entendido como um ambiente de convivência, formação e compartilhamento de conhecimento que pode engajar diferentes públicos de modos variados.
Playgrounds 2016 tem curadoria de Adriano Pedrosa (diretor artístico do MASP), Julieta González (curadora de Arte Moderna e Contemporânea) e Luiza Proença (curadora de Mediação e Programas Públicos).
SEMINÁRIO
Vinculado a Playgrounds 2016, será realizado, nos dias 15 e 16 de abril, um seminário internacional com o objetivo de continuar a discussão sobre as posições dos museus em relação aos seus públicos, com foco em seus programas públicos e educacionais, iniciada no seminário “Políticas de mediação”, realizado em junho de 2015. Os convidados são educadores, curadores, artistas e escritores cujas pesquisas envolvem o campo da educação e mediação. Entre os confirmados estão Ruth Noack (Berlim), Lars Bang Larsen (Copenhagen/São Paulo), Monica Hoff (Porto Alegre), Rodrigo Nunes (Rio de Janeiro) e Lilian Kelian (São Paulo). As inscrições são gratuitas e poderão ser feitas a partir de 28 de março pelo site do MASP. Nesta data, também será disponibilizado o programa completo.
ITINERÂNCIA
Playgrounds 2016 é também um projeto itinerante, realizado em conjunto com o SESC em São Paulo. De agosto a novembro de 2016, a exposição será montada na unidade SESC Interlagos.
A iniciativa retoma parceria histórica, firmada no final dos anos 1970, para promover exposições de obras do acervo do MASP no então denominado Centro Campestre do SESC. Em 1982, Pietro Maria Bardi, diretor do museu, e sua companheira, Lina Bo, organizaram a exposição O Design no Brasil – História e Realidade, que inaugurou a sede do SESC Pompeia, projetada pela arquiteta. A atual colaboração entre as duas instituições reforça o entendimento comum da arte e da cultura como pressupostos para a transformação social.
PROJETOS
CÉLINE CONDORELLI
A prática artística de Céline Condorelli aborda a ideia de “suporte” na arte e na arquitetura e suas possibilidades na elaboração de espaços ou estruturas discursivos e de convivência.
Em Conversation Piece, a artista propõe dois carrosséis, um posicionado no Vão Livre e o outro no segundo subsolo do museu, ambos centrados em um mesmo eixo vertical. O projeto parte do desenho de uma das propostas de playground esboçadas por Lina Bo Bardi, no desenho Esculturas praticáveis do belvedere, Museu Arte Trianon, de 1968, e depois desenvolvida por Carlos Blanc e Maria Helena Chartuni, no começo da década de 1970.
ERNESTO NETO
As obras de Ernesto Neto frequentemente envolvem a participação e a experiência corporal na ativação de esculturas e instalações. Para o MASP, o artista faz uma nova versão do projeto Caminhando no caminho, apresentado no Parque Lage, no Rio de Janeiro, e na Hayward Gallery, em Londres. A partir de estruturas de madeira modulares que formam uma plataforma orgânica para caminhar, diferentes percursos serão criados dentro do museu. No MASP, a novidade é que os visitantes podem construir seu próprio caminho, já que os elementos são modulares e se encaixam.
GRUPO CONTRAFILÉ
Desde 2005, o Grupo Contrafilé – formado por Cibele Lucena, Jerusa Messina, Joana Zatz e Rafael Leona – desenvolve o projeto A rebelião das crianças, que propõe ações concebidas e construídas coletivamente no espaço público. No projeto para o MASP, o Grupo Contrafilé organiza uma série de seis encontros abertos no museu, como um processo de criação colaborativa de um livro didático a ser lançado no final da exposição. Entendida como um território para brincar e pensar, a publicação parte do reconhecimento da força da criança e da juventude na transformação das noções de disciplina, conhecimento, professor e aluno – uma força demonstrada no movimento estudantil no final de 2015 que resultou na ocupação de mais de cem escolas públicas em São Paulo e que redesenhou novas formas de aprender e de se pensar a escola.
O GRUPO INTEIRO
O Grupo Inteiro é um coletivo formado por Carol Tonetti, Claudio Bueno, Ligia Nobre e Vitor Cesar, que reúne práticas da arte, arquitetura, design e educação na reflexão e ativação de diferentes espaços e modos de convivência. A obraCondutores, para o MASP, propõe uma estação para oficinas e conversas diversas, projetada em um “trepa-trepa” criado a partir de peças e desenhos da estrutura interna de apoio dos ônibus urbanos. A convergência entre esses diferentes elementos estabelecem um estado de ambivalência nos modos de usar e de conduzir o corpo diante da instalação e do próprio espaço do museu, local de concentração e disparo de ações na cidade.
RASHEED ARAEEN
O trabalho de Rasheed Araeen envolve noções de performatividade e participação na elaboração de estruturas modulares geométricas. A obra Zero to Infinity, desenvolvida em 1968 e ampliada para ser instalada no Vão Livre do MASP em 2016, é composta por uma série de cubos feitos com peças de madeira, de tamanho igual e em 4 cores diferentes que, ao serem manipulados por indivíduos, formam diferentes configurações escultóricas no espaço.
No MASP, a obra terá, pela primeira vez, 400 elementos – o maior numero até hoje foram 100.
YTO BARRADA
Muitos dos trabalhos de Yto Barrada retomam histórias, experiências e referências do seu local de origem, o Marrocos, e a cultura árabe no norte da África, evocando o lúdico na criação de narrativas e de jogos. Para o MASP, a artista cria tanto um playroom como um showroom, em uma instalação composta por diferentes elementos para jogar e para ver, como uma série de fotografias que registram brinquedos coletados por missões etnográficas no Norte da Africa dos anos 1930, hoje pertencentes ao Musée Quay Branly em Paris, e blocos modulares revestidos com tecidos marroquinos antigos para serem usados em jogos de construção.
Informações Gerais
- PLAYGROUNDS 2016
Data: 18 de março a 24 de julho de 2016
Local: 2º subsolo, mezanino e Vão Livre do MASP
Endereço: Avenida Paulista, 1578, São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terça a domingo: das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30);
quinta-feira: das 10h às 20h (bilheteria até 19h30)
Ingressos: R$25,00 (entrada); R$12,00 (meia-entrada)
O MASP tem entrada gratuita às terças-feiras, durante o dia todo.
O ingresso dá direito a visitar todas as exposições em cartaz no dia da visita.
Estudantes, professores e maiores de 60 anos pagam R$12,00 (meia-entrada).
Menores de 10 anos de idade não pagam ingresso.
O MASP aceita todos os cartões de crédito.
Estacionamento: Convênios para visitante MASP, período de até 3h.
É preciso carimbar o ticket do estacionamento na bilheteria ou recepção do museu.
CAR PARK (Alameda Casa Branca, 41)
Segunda a sexta-feira, 6h-23h: R$ 14,00
Sábado, domingo e feriado, 8h-20h: R$ 13,00
PROGRESS PARK (Avenida Paulista, 1636)
Segunda a sexta-feira, 7h-23h: R$ 20,00
Sábado, domingo e feriado, 7h-18h: R$ 20,00
Acessível a deficientes, ar condicionado, classificação livre.
Fonte: MASP