Prestes a comemorar um ano da inauguração, ocorrida em Florianópolis (SC), em julho de 2022, a diretoria e a equipe técnica do Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação preparam-se para evocar as conquistas deste período, concentrados no planejamento de uma exposição para ser vivida e lembrada como uma das mais importantes do circuito de arte brasileira. Além disso, neste momento, um recente anúncio sinaliza de modo animador a retidão de uma trajetória ainda iniciante. Ao divulgar a lista tríplice com os nomes dos indicados ao prêmio destinado aos artistas visuais, curadores, críticos, autores e instituições artísticas que mais contribuíram para a cultura nacional em 2022, a Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) inclui a iniciativa catarinense em cinco possibilidades de reconhecimento.
Para marcar o primeiro ano de atividades, a equipe prepara a próxima exposição que dá visibilidade à arte feminina. A produção da blumenauense Elke Hering (1940-1994) ganha a curadoria de Denise Mattar. Pesquisadora referência, sobretudo do modernismo brasileiro, ela tem larga experiência com um currículo que inclui atividades nas principais instituições do País, como o Museu da Casa Brasileira (1985/87), o Museu de Arte Moderna de São Paulo (1987/89), ambos em São Paulo, e o Museu de Arte Moderna (1990/97), no Rio de Janeiro.
Como curadora independente realiza mostras de artistas como Eliseu Visconti (1866-1944), Di Cavalcanti (1897-1976), Flávio de Carvalho (1899-1973), Ismael Nery (1900-1934), Pancetti (1902-1958), Iberê Camargo (1914-1994), Sacilotto (1924-2003), Anita Malfatti (1889-1964), Samson Flexor (1907-1971), Portinari (1903-1962), Alfredo Volpi (1896-1988), Guignard (1896-1962), Yutaka Toyota, algumas das quais premiadas pela ABCA e Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Elke Hering, uma catarinense inquieta, audaciosa e determinada
A exposição, que abre no dia 20 de julho, busca instaurar uma linha divisória entre as demarcações analíticas em torno da arte produzida por uma catarinense inquieta, audaciosa e determinada que rompe com paradigmas num universo pouco sensível as questões e à arte feminina. Com domínio de diferentes técnicas, Elke Hering mantém diálogo com as expressões artísticas e intelectuais do seu tempo. Sem receio das experimentações estéticas, deixa um legado expressivo que pede mais conhecimento e legitimidade, algo pelo qual Denise Mattar está empenhada e fará toda diferença.
“Conhecer o Instituto Colaço Paulo foi uma agradável surpresa pois é um espaço sério e acolhedor. A exposição de Martinho de Haro, com a curadoria de Francine Goudel e Ylmar Corrêa Neto, revela a qualidade do artista e a ligação profunda com Florianópolis, sua ilha encantada! Fiquei impressionada com a quantidade de público presente nas palestras, e o espaço dedicado às atividades artísticas e educativas”. Estou feliz em fazer a curadoria da exposição de Elke Hering na cidade onde a conheci. É uma artista interessante e pioneira, que merece ter sua obra resgatada. A coleção de Marcelo Colaço reúne todas as fases da artista, permitindo criar um panorama de sua produção. Uma mostra que pretende trazer um novo olhar sobre essa grande artista catarinense”, diz Denise Mattar.
“Ao completar um ano da sua abertura ao público, o instituto faz uma homenagem à mulher catarinense através da exposição retrospectiva de uma das mais importantes artistas, Elke Hering. Pela importância da obra desta maravilhosa artista, convidamos também uma das mais importantes curadoras brasileiras, a destacada Denise Mattar. A obra da Elke com sua força e o olhar da Denise vão transformar essa caminhada numa verdadeira ode as mulheres”, pontua Marcelo Collaço Paulo, presidente do Instituto Collaço Paulo.
Na lista tríplice da ABCA
O Instituto Collaço Paulo está na lista tríplice da ABCA que aponta nomes e atuações relevantes para a cultura brasileira em 2022. A iniciativa catarinense aparece em cinco possibilidades, a começar no Prêmio Emanuel Araújo, destinado ao reconhecimento de coleção, acervo, conservação e documentação histórica, e no Prêmio Paulo Mendes de Almeida que destaca as melhores exposições do ano, no caso “Mais Humano: Arte no Brasil de 1850-1930”, realizada entre julho de 2022 e fevereiro de 2023. O instituto também é indicado ao Prêmio Destaques Regionais – Sul do Brasil, pelo reconhecimento de importante acervo.
A curadora-chefe da instituição, Francine Goudel, concorre ao Prêmio Maria Eugênia Franco, destinado à melhor curadoria do ano justo com “Mais Humano”, e também é indicada ao Prêmio Gilda de Melo e Sousa, destinado ao reconhecimento de críticos em início de carreira.
Os indicados aos prêmios, criados em 1978 para destacar exclusivamente as artes visuais, são apontados a partir das indicações dos associados que enviaram para discussão e aprovação da diretoria da ABCA. Os prêmios resultam da votação de cerca de 165 associados em escala nacional, por meio de formulário on-line. Realizado anualmente, o Prêmio ABCA neste ano contempla 13 categorias, inclui ainda os destaques regionais, totalizando 18 prêmios.
Coleção com amplitude cronológica
A Coleção Collaço Paulo abarca, ao mesmo tempo, peças de distintos movimentos e escolas, compreendendo pinturas flamengas e da Escola de Cuzco, peças de arte sacra e obras brasileiras e europeias do século 15 ao 21. Concentra representatividade em peças de artistas brasileiros, do século 19 e 20, como Weingartner (1853-1929), Eliseu Visconti (1866-1944), Georgina de Albuquerque (1885-1962), Victor Meirelles (1832-1903), Henrique Bernardelli (1858-1936), Belmiro de Almeida (1858-1935), Pedro Américo (1843-1905), Rodolfo Amoedo (1857-1941), Martinho de Haro (1907-1885), entre outros.
O acervo engloba um conjunto de obras de artistas do século 19 ao 21 do cenário de Santa Catarina como Eduardo Dias (1872-1945), Hassis (1926-2001), Elke Hering (1940-1994), Malinverni Filho (1913-1971), Rodrigo de Haro (1939-2021), Eli Heil (1929-2017), Silvio Pléticos (1924-2020), Meyer Filho (1919-1991), Valda Costa (1951-1993), Schwanke (1951-1992) e Paulo Gaiad (1953-2016), entre outros.
A amplitude cronológica da coleção soma-se à diversidade de suportes e linguagens manifestas em pinturas, esculturas, desenhos, cerâmicas e objetos. A coleção se estabelece de forma orgânica, através da predileção do casal Jeanine e Marcelo Collaço Paulo.
A coleção atende diferentes projetos expositivos. Desde 2016, o empréstimo de obras ajuda a dar consistência aos conceitos curatoriais. Entre outras mostras, parte do acervo integra “Eliseu Visconti 150 Anos”, realizada na Galeria Almeida e Dale, em São Paulo; “Iconografia 344”, na Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis (SC); “Ismael Nery”, no Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo e “Sensos e Sentidos”, que reúne 117 obras da coleção, entre pinturas, esculturas e desenhos, no Museu de Arte de Santa Catarina (Masc), em Florianópolis. Entre 2018 e 2019, empresta obras para a exposição “Trabalho de Artista: Imagem e Autoimagem (1826-1929), na Pinacoteca de São Paulo, em São Paulo.
Serviço
O quê: exposição: “Indivisível Substância: Martinho de Haro e Florianópolis”
Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC)
Quando: até 1º.7.2023, seg. a sáb., 13h30 às 18h30
Quanto: gratuito
Equipe Técnica
Curadoria, expografia e textos: Francine Goudel e Ylmar Corrêa Neto
Revisão e edição de textos: Néri Pedroso
Coordenação de montagem: Cristina Maria Dalla Nora
Montagem: Flávio Xanxa Brunetto
Material educativo: Ana Martins e Joana Amarante
Material gráfico: Lorena Galery
Fotografia: Eduardo Marques
Realização: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação
Apoio Cultural: Digitro e Ibagy
Patrocínio: Prefeitura de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (modalidade doação), Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes.
Fonte: assessoria de imprensa.