Peninha (Gelci José Coelho) é um apaixonado, sentimento que transborda sua fala ao contar sobre os casos e ocasos e as tradições das culturas populares do litoral de Santa Catarina. É contagiante e revelador da alma deste artista guardião e seguidor de Franklin Cascaes – artista brasileiro que realizou o maior e mais significativo registro das culturas populares do litoral catarinense cuja obra está no Museu Universitário da UFSC. A trajetória de Peninha como multiartista, pesquisador, museólogo desse patrimônio merecia ser documentada.
E será contada por ele mesmo no livro Narrativas absurdas: verdades contadas por um mentiroso, que tem texto autobiográfico, em uma narrativa mágica, com edição conjunta com Bebel Orofino. O lançamento acontece hoje, dia 21 de março, às 19 horas, no Museu da Escola Catarinense, em Florianópolis, com sessão de autógrafos, performances artísticas e a abertura da exposição Um boitatá em dois tempos, com registros fotográficos de Biah Schmidt. A iniciativa conta com o apoio das empresas WKoerich, Box 32 e Escritório de Comunicação; do MESC e da Fundação Franklin Cascaes.
“A mitologia da Ilha de Santa Catarina é sensacional. E pouco se fala sobre isso. Santa Catarina é o único estado do Brasil onde se encontram narrativas mágicas únicas, surreais, com seres sobrenaturais próprios – em especial, as bruxas e os bruxos e suas estripulias. E, é claro, a proteção das poderosas benzedeiras e dos benzedores, com suas rezas, amuletos, breves, ervas e receitas infalíveis”, reforça Bebel Orofino. E acrescenta: “Se engana que pensa que só há bruxas!” E cita as outras personagens incríveis como: boitatás, vacatatás, ondinas, sereias, lobisomens, vampiros, mulas-sem-cabeça, fantasmas, visagens, almas em procissão entre outros seres do mundo sobrenatural. “E este livro do Peninha fala de tudo isso com sotaque local. Não há dúvidas de que é um dever nosso a publicação e a difusão destas histórias que guardam a alma da nossa cultura popular”, enfatiza.
O livro
Narrativas absurdas: verdades contadas por um mentiroso (Santa Editora, 2019) tem 200 páginas, formato 16X23cm e está organizado em seis capítulos. Está fartamente ilustrado com pinturas e desenhos do artista e com uma coleção fotográfica de Biah Schmidt, que mostra o artista nos anos 1970 e nos dias atuais. A obra será comercializada a R$ 45,00, no local do evento de lançamento e, após, com exclusividade, nas lojas e pelo site das Livrarias Catarinense.
O autor
Nascido em São Pedro de Alcântara, em 10 de agosto de 1949, Gelci José Coelho, o Peninha é um dos guardiões da história, memória, cultura e arte de Santa Catarina. Cresceu e viveu em São José até bem pouco tempo, quando se mudou para Enseada de Brito, em Palhoça, onde mora até hoje. Com formação em História e Museologia, ele trabalhou desde os 21 anos de idade até a aposentadoria na UFSC junto ao Museu de Arqueologia e Etnologia Professor Oswaldo Rodrigues Cabral – MArquE. Nesta instituição atuou em pesquisa, guarda de acervo, exposição, gestão em museologia até chegar ao cargo de Diretor do Museu, em 1996, no qual permaneceu até se desvincular da instituição, em 2008. Trabalhou com o artista, folclorista e pesquisador Franklin Joaquim Cascaes por mais de uma década, quando foi seu assistente e aprendiz.
É artista plástico, perfomer, ator, dramaturgo, produtor de instalações urbanas como o Presépio Natural e Artesanal da Praça XV de Novembro no centro de Florianópolis. (com assessoria de imprensa).