Fábula em um quintal úmido
Artista: Letícia Cardoso
Data da abertura: 23 de junho
Visitação: de 24 junho a 9 de julho, das 9h às 20h
Onde: O Sítio, Rua Francisca Luiza Vieira, 53, Lagoa da Conceição, fone (48) 3065.5792
Contato artista: 48 99264224
Fábula em um quintal úmido é uma Instalação da artista visual Letícia Cardoso, composta por trechos do livro Como viver junto, de Roland Barthes, sobre a clausura absoluta da Sra. Melaine, imagens adesivadas e áudio de trechos do livro Sexo Vegetal, de Sérgio Medeiros. As imagens são fotos de Ana Viegas que registram a performance Improviso Cromático nas Janelas, da própria Leticia, que aconteceu no Museu Victor Meirelles, em 2015. Estas imagens foram editadas formando, com o texto na parede de entrada e o áudio, uma instalação.
É um trabalho “3 pontas”, que vem se desdobrando ao longo da poética da artista, desde 2008, mas que sofre alterações na leitura conforme a manipulação das bailarinas ou na relação com o espaço físico onde está inserido. No caso, da performance apresentada no Museu Victor Meirelles, as janelas do piso superior do sobrado, que permanecem fechadas por questões de conservação das obras do pintor, foram abertas durante a performance e esta podia ser observada da rua. Este elemento arquitetônico tornou-se parte do trabalho e incorporado como material para a elaboração da presente fábula.
Neste período, a artista lia o livro do filósofo francês, Roland Barthes, a respeito da clausura absoluta da Sra. Melaine, durante vinte e cinco anos, a partir de 1901, em que as persianas ficam cerradas, janela com cadeado, postigos fechados com uma corrente, janela com todas as frinchas tapadas. Barthes questiona no texto: Pode-se ir mais longe na loucura do enclausuramento? Sim, e a própria Melaine fornece o segredo temático desta loucura. Sua pulsão profunda e única, no seio da sequestração: o cobertor. Depoimentos da mãe: “Ela não queria deitar-se sobre lençóis; ela se recusava a usar uma camisola… ela só ficava feliz quando estava inteiramente coberta por um cobertor. E ela adora se cobrir”. Tema sutil do cobertor sobre o corpo nu: retira o corpo do protocolo familiar, doméstico, do ato de se deitar. É o véu que envolve.
O entrecruzamento da narrativa numa conversa entre a arquitetura dos sobrados, do sítio e Museu Victor Meirelles (concretamente passando por um processo de reforma) ou entre as imagens que apresentam a memória de uma performance e texto ficcional que discute questões do espaço do feminino no ambiente doméstico e público que vem sendo transformado ao longo do século XX e XXI.
“Acredito que o processo de uma poética artística não se encerra em uma exposição, mas sim se desdobra, pois, ao expor um trabalho e apresentá-lo ao público, o artista visualiza novas questões para o trabalho, abre brechas para imaginá-lo em outro contexto”, revela a artista. Em Fábula em um quintal úmido, o cobertor, como veste de espaço de liberdade do feminino na narrativa de Barthes, é substituído pelo vestido que a personagem, asfixiada pelos julgamentos “familiares” ou “vizinhos” e prisioneira de um sobrado do século XIX, usa ou manipula? A abertura para o pátio e a veste em preto e branco que, conforme a edição das imagens apresenta fragmentos de cor, abre espaço no imaginário da personagem e da cidade, de acordo com o relato do texto de abertura da exposição. A escolha de transpor imagens de um espaço cultural como o Museu Victor Meirelles para a o Sítio visa a estabelecer um jogo lúdico imagético e o significado destes espaços na Ilha.
As dificuldades de registrar uma performance e dar conta do acontecimento vivenciado no espaço e no tempo são uma questão que permeiam o trabalho “3 pontas” de Letícia. Desta forma, a instalação Fábula em um quintal úmido pretende reunir fragmentos de histórias para elaborar uma narrativa que reúne imagem, som, tapete e texto. (com assessoria de imprensa).
Ficha Técnica:
A concepção da instalação: Letícia Cardoso
Fotografias: Ana Viegas
Manipulação digital das imagens: Fernanda do Canto
Bailarinas da perfomance no Museu Victor Meirelles, em 2015: Beatriz Vilela, Lucila Vilela e Diana Gilardenghi
Texto de audio: Sérgio Medeiros
Currículo resumido do artista:
Letícia Cardoso, Criciúma, (1978) Artista Visual, Mestre em Poéticas Visuais no Programa de Pós-graduação do Instituto de Artes da UFRGS, Porto Alegre, RS em 2005, Graduada no Curso Bacharelado em Artes Plásticas na UDESC, Florianópolis, SC em 2001.
Participou do 32 Panorama da Arte Brasileira no MAM/SP em 2011, Convivências 10 anos de Bolsa Iberê Camargo na Fundação Ibere Camargo em 2010.
Recebe Bolsa Iberê Camargo de intercâmbio para artistas em 2009 em Austin parceria com o Blantom Museum of Art em Austin, Texas, Prêmio Armando Carrerão de Video – FUNCINE Florianópolis 2008, Bolsa Residência de Artista para o SPA das Artes em Recife 2008, Premio Projeto de Intervenção Schawnke, Joinville,SC 2008, Projeto Trajetória 3, Fundação Joaquim Nabuco em Recife, PE em 2005, Menção Especial no 59º Salão Paranaense, MAC- PR em 2002, Contemplada pelo Projeto Rumos Itaú Cultual Artes Visuais 2001/2003 entre outros eventos e exposições.
Fundou e coordenou o Arquipélago, Espaço Cultural em Florianópolis entre 2008 e 2010 e participou do Vaca Amarela em 2001. Trabalhou no Museu Victor Meirelle/IBRAM de 2013 a 2015 e desde março é professora da UNESC em Criciúma/SC.
Artista: Letícia Cardoso
Data da abertura: 23 de junho
Visitação: de 24 junho a 9 de julho, das 9h às 20h
Onde: O Sítio, Rua Francisca Luiza Vieira, 53, Lagoa da Conceição, fone (48) 3065.5792
Contato artista: 48 99264224