No campo das artes visuais, as obras, em suas diferentes linguagens, são um dos elementos que conferem personalidade aos ambientes ao mesmo tempo que revela o repertório do profissional. Como dizia o grande poeta Ferreira Gullar: “A arte existe porque a vida não basta”. Para além dos acabamentos, mobília e complementos, a presença da arte potencializa a percepção do ambiente, mesmo quando comercial.
A escritora e colunista Martha Medeiros escreveu que a arte é necessária para nos tirar do lugar-comum. “A arte acessa em cada um de nós uma emoção que suplanta as mesquinharias triviais e cotidianas…. É feita de mágica, beleza, espanto…A arte é empática. Elimina fronteiras. Desconstrói rótulos”.
Os ambientes transmitem emoção em seu conjunto de escolhas, onde a arte tem papel principal na produção final. No contexto de CASACOR/SANTA CATARINA, as escolhas também foram pautadas pelo tema “Corpo & Morada”. Convido você a direcionar o olhar para os trabalhos expostos na mostra e perceber a grande diversidade de propostas com artistas de renome ou comerciais. O arquiteto ou designer de interior apresenta suas escolhas curadas por ele mesmo, galerias de arte, escritórios especializados e até lojistas que pretendem explorar esse campo.
A novidade é a presença da Galeria Miu, de Balneário Camboriú, em um ambiente com trabalhos que transitam no campo do design e da arte, com foco expressivo em street art.
Waves Art Gallery – Leonardo Palma, Leonardo Vieira, Iuri Meinhardt, Rafael Santos e Luciano Rother, da Galeria Mil, de Balneário Camboriú. Destaque para a sala Imersiva com a obra bidimensional da artista autodidata Almira Reuter, mineira de nascimento, uma das pintoras (mulher) mais premiadas do Estado do Mato Grosso, onde reside, pioneira na pintura sobre acetato e ganhadora do prêmio da FUNARTE intitulado “Obras Primas”.
Mergulho Sensorial – Betina Chede e Talita Coral. No espaço configurado como uma praça a céu aberto, logo na entrada a cena remete ao oceano e nada mais pertinente a presença de obras têxteis da série Arquipélagos, de Nara Guichon, feitas com redes de pesca. A artista visual e ativista gaúcha radicada em Florianópolis ‘grita’ em defesa da natureza.
Loja De Aromas: Um Oásis Tropical – Christina Lago e Gabriel Hering. Um caminho marcado por papel de parede do álbum Flora, da designer Cristiana Masi, leva ao fundo da loja onde a obra da artista Letícia Cardoso salta aos olhos. Sem título, o trabalho faz parte da pesquisa de doutorado no CEART/UDESC, da série Sonhos Sujos. Técnica: impressão em canvas de fotografia de um detalhe da parede do porão no sobrado da Ladeira com sobreposição em tinta óleo. Letícia é representada pela Helena Fretta Galeria de Arte.
Suíte Pele – Andressa Venturini. Conhecida por reaproveitar o descarte da madeira, a artista e designer Heloísa Crocco criou um díptico especialmente a pedido da arquiteta explorando a textura natural do material.
Casa Horizonte por Dimas Construções – Beatriz Zeglin. A obra “Na espera, envelhece o sol”, do paranaense doutor em Artes Visuais pela UFRGS Emanuel Araújo, é destaque no espaço. São vários módulos na técnica de aquarela com camadas de folhas de ouro, flores, ramos secos sobre papel. O artista é representado pela Galeria Mamute.
( A) Maria e o Mar – Café, Bistrô e Wine Bar – Mariana Cristina Alves Botelho, Francine Pereira e Jéssica Folster Pereira. Protagonista na parede com pé direito alto, a obra “verdeazul”, da artista paranaense Dulce Osinski, apresenta uma investigação sobre o mar. O conjunto de aquarelas produzidas entre 2019 e 2023, tem tamanhos variados e são resultado de registros em fotografia, desenho e pintura realizados nesse período. A instalação esteve exposta no Museu Oscar Niemeyer recentemente. Doutora em educação, Dulce é premiada no 47° Salão Paranaense e atualmente professora do Programa de Pós-graduação em Educação na UFPR.
Poetas do Futuro por DECA – Natália Xavier. A obra Partitura nº13 pra Sonatas, da artista florianopolitana autodidata Cássia Aresta, se destaca no ambiente que presta uma homenagem a arquitetura moderna brasileira. O trabalho de grandes dimensões foi realizado na técnica acrílico sobre tela. Cássia tem premiações em salões de arte e já expôs em diversas cidades, no Brasil e exterior.
Que seja Casa – Bruna Tuon Sposito. O ambiente da arquiteta apostou na arte como um diferencial. Entre as várias escolhas de Bruna, destaque para o quadro de Claudio Tozzi (obra de 1979), artista que participou de várias bienais de arte como a do Japão, onde recebeu Menção Honrosa, além e ter tido uma sala na Bienal de São Paulo, e integrar a representação brasileira na Bienal de Veneza. A obra está na parede atrás do sofá. Sobre o aparador, obra Elo V de Marcos Siqueira. Atenção a esculta cerâmica “A Infância que Habita em Mim”, próxima a vegetação, de Rodrigo Pedrosa, que está com uma exposição neste momento no Museu de Arte Contemporânea de Niterói – RJ.
Bleu, Espaço de leitura – Michael Zanghelini e Aline Martins. Obras da artista Roberta Tassinari, onde utiliza linho, folha de ouro e voil. Roberta se interessa pelas características específicas dos materiais. Natural de Florianópolis, tem no currículo residência artística em Nova York e São Paulo. Em 2011 recebeu o Prêmio Franklin Cascaes como artista revelação do ano pela Prefeitura Municipal de Florianópolis.
Casa Brisa – Studio Gabriel Bordin. Para separar os ambientes do espaço sem paredes, o biombo Brisa, com desenho de Gabriel Bordin, ganhou destaque ao inserir na estrutura de madeira 96 aquarelas originais do artista visual Nestor Jr. feitas a partir de conchas coletadas nas praias de Florianópolis, onde mora. Natural de Itajaí, o artista atua desde 2008 com experimentações em linguagens que vão desde a construção de objetos, a colagem, o desenho, a fotografia e a pintura.
CASACOR/SANTA CATARINA – Florianópolis 2023
Quando: 17 de setembro a 29 de outubro
Onde: Hotel Maria do Mar (Rodovia João Paulo, 2285)
Horário de funcionamento:
De terça a sábado – incluindo feriados – das 13h às 21h
Aos domingos das 13h às 19h.
Valor de entrada: 80 reais
Site: www.casacor.abril.com.br