Em sua terceira participação na CASACOR SC, a arquiteta Juliana Loffi, de Tubarão projetou a Casa Vou de Rosa, um espaço inspirado na própria experiência de vida e em total conexão com o tema da mostra “Infinito Particular”. Ao expor sua luta e vivência ao enfrentamento do câncer de mama nos últimos 10 anos, a arquiteta assume seu lado ativista promovendo ações para apoiar entidades que ajudam mulheres neste enfrentamento. A Casa Vou de Rosa é uma homenagem ao Outubro Rosa.
SOBRE O AMBIENTE POR JULIANA LOFFI
– “Como este ano a mostra ocorre em outubro, mês da campanha do Outubro Rosa – de conscientização sobre o câncer de mama -, pensei em compartilhar, a partir do meu trabalho, uma arquitetura atual, com foco na individualidade de cada pessoa. Lidar com a doença me fez refletir muito sobre isso e foi fundamental no meu processo de cura”, ressalta.
A casa modular de 80m² foi construída no pátio da Escola Silveira de Souza, local onde acontece a CASACOR SC Florianópolis. Construída em estrutura de aço e placas cimentícias como fechamento externo, a casa recebeu internamente placas modulares de gesso além de fibras de lã de rocha e de polipropileno para garantir o isolamento térmico e acústico. A opção foi pelo sistema de encaixe e parafusos neste tipo de construção, facilitando a desmontagem. A ideia, segundo a arquiteta, é apresentar ao público uma solução de arquitetura nômade, renovável, que se adapte ao estilo de vida do morar contemporâneo, evitando o mínimo de descarte e desperdício.
– “Aqui queremos mostrar uma casa modular que pode ser reaproveitada depois do evento. Esta deve ser a essência da arquitetura nos dias atuais, que permite mudar de um lugar para outro, totalmente adaptável. É a evolução do morar. Pode estar na cidade, na praia, no campo. A casa muda com o morador”, destaca a arquiteta.
Outubro Rosa
A construção da casa no pátio da edificação centenária atrai olhares já pela cor, que remete à campanha do Outubro Rosa e levanta a bandeira pelo cuidado da mulher. Para Juliana Loffi, a cor revela o estado de espírito que a vida, muitas vezes, desperta nas pessoas. O projeto “Vou de Rosa”, iniciativa criada pela arquiteta com o objetivo de ajudar instituições que atuam no tratamento do câncer, é muito marcante. Para comunicar este sentimento, ela pintou o exterior do imóvel de rosa e fez surgir a então “Casa Vou de Rosa”.
– “A cor rosa do lado de fora já comunica que o visitante está entrando em um espaço diferente, e que ele pode esperar algo de novo dentro do ambiente”, pontua
A profissional explorou um décor com diferentes texturas, materiais e composições corajosas que conferem personalidade ao espaço. No lugar de utilizar somente cadeiras, a mesa de jantar faz par com sofá para que as pessoas fiquem mais à vontade. Os móveis e os revestimentos fazem conexão entre interior e exterior. As portas translúcidas criam uma atmosfera com efeitos únicos em horários diferentes do dia, ao refletir tanto a luz do sol quanto a luz artificial. Os closets foram substituídos por peças abertas, sem muitas caixas e armários. Este modelo foi pensado justamente reforçando o conceito de uma casa nômade, por ser uma solução fácil de levar numa possível mudança.
Coleção de mobiliário
Durante a mostra, a arquiteta lança uma coleção de mobiliário desenhada por ela. As peças valorizam as linhas orgânicas e de usos flexíveis como bancada de maquiagem, mesa de jantar acompanhada de um sofá, bar, mesa de cabeceira, cama, carrinho de chá, closet articulado e prateleiras.
– “A coleção foi desenvolvida no momento em que estava internada no hospital em tratamento do câncer. Em vez de escrever, o que fez mais sentido foi a criação das peças. Pensei em tudo que poderia ajudar a elevar a minha autoestima. No que poderia ajudar a criar bons momentos, como olhar no espelho, colocar uma roupa legal, receber os amigos”, explica.
Quando se trabalha com uma casa, literalmente, montada, como se fosse um lego, a arquitetura ganha um salto, na opinião da arquiteta. Isso porque o morador pode levar o seu ninho na “bagagem”. Muda de cidade, de lugar, mas a casa vai junto, com as mesmas características e com o mínimo de desperdício. “É uma arquitetura que estimula a sensação de pertencimento do lugar que habitamos, que tem a nossa identidade”, finaliza Juliana Loffi.
Fonte: com assessoria de imprensa.