“Juntos” será o tema do Pavilhão do Brasil na 15ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza que acontece de 28 de maio a 27 de novembro na cidade italiana. Inserindo-se na proposta do diretor da mostra deste ano, o arquiteto chileno Alejandro Aravena, “Reporting From the Front”, a ideia do curador, Washington Fajardo, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade e do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural, ao escolher os 15 projetos (veja lista) que representarão o Brasil foi “evidenciar histórias de pessoas que lutam e alcançam mudanças na passividade institucional das grandes cidades do País”.
Vídeos, fotos, cartas, artigos, poesias, textos, fatos, desenhos também fazem parte da mostra que tem a colaboração do Ministério das Relações Exteriores, mantenedor do pavilhão brasileiro, do Ministério da Cultura, por meio de aporte de recursos da Funarte, e da Fundação Bienal de São Paulo, responsável pela produção da exposição.
Dirigida pelo arquiteto chileno Alejandro Aravena, ganhador do último prêmio Pritzker e conhecido por seus projetos de habitação social e intervenções em zonas de desastre ambiental, a edição 2016 da Bienal de Veneza pretende ser uma investigação sobre o papel dos arquitetos na luta para melhorar as condições de vida das pessoas em todo o mundo. O objetivo é “focar em arquiteturas que trabalham com as limitações impostas pela falta de recursos e projetos que subvertem o status quo para produzir arquitetura para o bem comum”.
“Nós gostaríamos de aprender com a arquitetura que, apesar da escassez dos meios, intensifica o que está disponível em vez de reclamar sobre o que está faltando. Nós gostaríamos de entender quais ferramentas de projeto são necessárias para subverter as forças que privilegiam o lucro individual sobre o benefício coletivo, resumindo Nós para apenas Eu “, diz Aravena.
Trata-se de compartilhar com um público mais amplo “o trabalho daquelas pessoas que escrutinam o horizonte em busca de novos ângulos de ação, enfrentando temas como segregação, desigualdades, periferias, acesso à infraestrutura, desastres naturais, carência de moradias, migração, informalidade, criminalidade, tráfico, desperdício, poluição e a participação das comunidades”. Propõe também apresentar “exemplos de síntese das diversas dimensões, onde o pragmático se cruza com o existenial, a criatividade com o bom senso.
A Bienal contará com 62 pavilhões nacionais, incluindo 5 países que participam pela primeira vez: Cazaquistão, Nigéria, Filipinas, Seicheles e Iêmen. O núcleo central, sob o tema “Reporting from the Front” reunirá trabalhos de 88 participantes de 37 países, dos quais 50 participam pela primeira vez e 33 são arquitetos com menos de 40 anos de idade, e se espalhará pelo Arsenale e pelo pavilhão central do Giardini.
Além desta exposição e dos pavilhões nacionais, haverá três projetos especiais, organizados pela Bienal em inédita parceria com instituições. “Reporting from Marghera and Other Waterfronts”, analisará o Forte Marghera (localizado em Mestre, Veneza) como um importante projeto de regeneração urbana; “A World of Fragile Parts”, mostra que inicia um acordo de colaboração com o Museu Victoria & Albert de Londres; e “Cities: Conflicts of an Urban Age”, um pavilhão dedicado a questões de urbanização que pretende antecipar a Conferência Internacional das Nações Unidas – Habitat III, que acontecerá em outubro deste ano em Quito, Equador, organizado pela London School of Economics (LSE), pela Alfred Herrhausen Society e pela Bienal.
A Bienal terá ainda diversos eventos paralelos. No último sábado de cada mês acontecerão debates e passeios relacionados às exposições do núcleo central, enquanto os projetos especiais serão enriquecidos com simpósios e convenções mais aprofundadas. Na entrevista de apresentação da edição deste ano da Bienal de Veneza, dada em Santiago do Chile, Aravena explicou como a imagem de Bruce Chatwin da arqueóloga alemã Maria Reiche, que ilustra o cartaz da mostra, representa “a Bienal como um todo”. Ela mostra Maria Reiche, em cima de uma escada de alumínio em meio ao deserto ao sul do Peru. A arqueóloga estudava as linhas de Nasca. “Da altura do solo, o olhar sobre o deserto não revela nada além de pedras e cascalho. Mas da altura de uma escada, ela encontrou um novo ponto de vista, uma nova perspectiva a partir da qual as pedras se tornam pássaros, flores, árvores”, diz Aravena. “Ela não tinha dinheiro para alugar um avião, nem a tecnologia dos drones para olhar para estas linhas. E ainda assim, com um instrumento muito modesto – uma escada de alumínio – ela pôde encontrar este novo ponto de vista. Então, penso que a partir daquele ponto não há desculpas de escassez de meios ou dificuldade de circunstâncias nas quais se deve operar, não há desculpas para não ir onde se quer chegar”, destaca o arquiteto em uma entrevista ao Archdaily.
Seleção brasileira
Vila Flores, Goma Oficina, Porto Alegre – Associação Cultural Vila Flores;
Selo de Qualidade MCMV, Nanda Eskes (Atelier 77), Parauapebas, Pará (Projeto Piloto) – Letícia Monte, Instituto Casa (Convergência de Arte Sociedade e Arquitetura);
Parque + Instituto Sitiê, Pedro Henrique de Cristo e Caroline Shannon de Cristo (+D Studio),
Rio de Janeiro – Mauro Quintanilha, Paulo César de Almeida e Comunidade do Vidigal;
Parque de Madureira, Ruy Rezende, Rio de Janeiro – Mauro Bonelli e Tia Surica;
Casa do Jongo, Pedro Évora e Pedro Rivera (Rua Arquitetos), Rio de Janeiro – Dyonne Boy e Tia Maria (Ong Jongo da Serrinha);
Circuito da Herança Africana, Sara Zewde, Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Rio de Janeiro – (Merced Guimarães, IPN, Damião Braga, Quilombo da Pedra do Sal, Pequena África, Tia Ciata, Giovanni Harvey, Grupo de Trabalho Curatorial do Projeto Urbanístico, Arquitetônico e Museológico do Circuito);
Circo Crescer e Viver, Rodrigo Azevedo (AAA_Azevedo Agência de Arquitetura) e Maxime Baron, Rio de Janeiro – Junior Perim e Vinicius Daumas;
Escola Vidigal, Brenda Bello e Basil Walter (BWArchitects), Rio de Janeiro – Vik Muniz;
Escola Novo Mangue, Bruno Lima, Francisco Rocha, Lula Marcondes, (O Norte -Oficina de Criação), Recife – Comunidade do Coque;
Casa da Vila Matilde, Danilo Terra, Pedro Tuma, Fernanda Sakano (Terra e Tuma Arquitetos Associados), São Paulo – Dona Dalva Borges Ramos;
Placas de Rua da Maré, Laura Taves, Azulejaria, Rio de Janeiro – ONG Redes de Desenvolvimento da Maré (parceria);
Ciclo Rotas do Centro, Clarisse Linke (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento – ITDP Brasil), Zé Lobo (Transporte Ativo), Pedro Rivera (Studio-X), Rio de Janeiro – Usuário de bicicleta;
Programa Vivenda, Fernando Amiky Assad, Igiano Lima de Souza, Marcelo Zarzuela Coelho, São Paulo – Comunidade Jardim Ibirapuera;
Complexo Jardim Edite, Fernando de Mello Franco, Marta Moreira e Milton Braga (MMBB);
Eduardo Ferroni e Pablo Hereñú (H+F), São Paulo – Miguel Luiz Bucalem (Secretário Municipal do Desenvolvimento Urbano), Elton Santa Fé Zacarias (Secretário de Habitação, 2009-2010),
Ricardo Pereira Leite (Secretário de Habitação, 2010-2012), Elisabeth França (Superintendente e secretária adjunta), Luiz Fernando Fachini (Coordenador de projetos);
Piseagrama, Fernanda Regaldo, Renata Marquez, Roberto Andrés e Wellington Cançado (editores); Felipe Carnevalli e Vitor Lagoeiro (editores assistentes); Paula Lobato (estagiária), Belo Horizonte – Comunidade e Colaboradores.