Em sintonia com as percepções contemporâneas, a Galeria 33 apresenta, até 9 de junho, em Joinville, a produção da artista Alena Marmo, pesquisadora e professora de arte bastante conhecida no campo da academia que, agora, retoma a visibilidade de sua caminhada artística. A exposição “EnSIMESMAmentos”, tem curadoria de Nadja Lamas e reúne 40 trabalhos produzidos no tempo agudo da pandemia. A agenda da mostra segue em outubro na Sociedade Cultura Artística (Scar), em Jaraguá do Sul, entre 7 e 27 de outubro.
As pinturas, gravuras e pastéis, de acordo com a artista, devem ser entendidas como documentos de isolamento social, que refletem uma experiência subjetiva vivenciada no contexto da pandemia covid-19. “Podem ser entendidos como janelas sensíveis, por meio das quais o público será conectado, em qualquer tempo e espaço, com aqueles momentos do passado, vividos por mim.”
Alena Marmo, que vive entre Schroeder e Joinville, aparece no cenário da arte de Santa Catarina em 2003 quando conquista um prêmio no extinto Salão dos Novos de Joinville. Por influência familiar, o interesse pela arte vem da infância e desemboca em 1997 no bacharelado em pintura, gravura e escultura na Faculdade de Belas Artes de São Paulo, onde cursa o primeiro ano. Ao mudar para Joinville, em 98, entra na licenciatura em educação artística na Univille.
Os estudos seguem com o mestrado em artes visuais com ênfase em história, teoria e crítica de arte na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Hoje ela dá aula e coordena o curso de bacharelado em artes visuais da Univille, integra o conselho consultivo do Museu de Arte de Joinville (MAJ) e é diretora cultural do Museu de Arte Contemporânea Luiz Henrique Schwanke (MAC Schwanke) e membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA).
A docência e pesquisa teórica não relegam a produção artística. Sem realizar exposições, segue criando. “A artista que me habita continuou falando dentro de mim, nunca abandonei totalmente a produção, apenas parei de mostrar.” Em 2012, faz doutorado em artes visuais na Escola de Comunicação e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP). De modo paralelo, atua como curadora independente. Além de pensar Schwanke e Kolb, representações significativas da arte de Santa Catarina, aposta em Daniel Machado. Com Jefferson Kielwagen, idealiza e realiza os projetos Out.Art, Articidade, Intercidades [Intercities] e Exposição Impressa. Fez também edições do Pretexto, iniciativa do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Arte na Cidade.
Tempo de recolhimento
Alena usa a experiência curatorial e o conhecimento acadêmico em favor da própria produção. Justo a pandemia potencializa o pensamento e a criação artística propriamente dita. Tempo de recolhimento, período de ajustes intensos na rotina doméstica, pela primeira vez ela reconhece de um outro modo o fato de estar em permanente deslocamento, em curtas viagens entre Schroeder, onde vive, e Joinville, onde trabalha na Univille.
“Com a pandemia, redescobri e me descobri no meu lugar, reorganizei e ressignifiquei os espaços, e passei a ter momentos solitários de contemplação que me preencheram de tempo presente, sensação que eu tinha apenas em momentos de deslocamento, apreciando a paisagem enquanto dirigia da casa para o trabalho, ou do trabalho para casa, momento denominado por mim de “entre-lugares”.
Para a curadora Nadja Lamas, “EnSIMESMAmentos”, que é a busca de dar sentido e significado às circunstâncias (Ortega y Gasset, 2016), leva a pensar sobre o desejo quase ancestral de materializar um instante da natureza e da simplicidade cotidiana, quer contemplada quer oriunda da imaginação. “Ensimesmar é voltar-se para os próprios pensamentos, para o interior de si mesmo, quando é da natureza do humano dispersar de si. Alena olha para o cotidiano e observa o varal, o céu, as copas das árvores, ou ainda para as janelas que limitam o olhar fazendo o recorte do que se encontra do outro lado, e elabora poeticamente o que vê. Olhar que dá forma ao que o pensamento insiste em divagar, em dispersar. Olha para o cotidiano, ao mesmo de todo dia, tira dele a matéria que dá a consistência da sua pintura.”
Para Fernando Sossai, professor de história, os trabalhos desafiam a vertiginosa aceleração da vida contemporânea, marcada pela rotina e acúmulo de acontecimentos com pouca ou nenhuma importância. A vida cotidiana “transborda na e pela arte, assim como uma luta por interromper as ansiedades de um tempo presente seduzido por si mesmo”. Trata-se, segundo ele, de um questionamento sobre o tempo e o consumo apressado, uma crítica desvelada ao presentismo. “Suas produções reivindicam o contemporâneo tanto como um espaço de experiência quanto um horizonte de expectativa para a fruição da arte”, diz Sossai que compreende as obras de Alena “como objetos artísticos capazes de catalisar experiências cotidianas”.
Sobre a artista
Nasce em São Paulo (SP), em 1979. Vive e trabalha em Santa Catarina desde 1998. Artista, professora e curadora, é doutora em artes visuais pela Universidade de São Paulo (USP/2016). Graduada em educação artística pela Universidade da Região de Joinville (2001), fez mestrado em artes visuais, na linha de pesquisa história, teoria e crítica de arte, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005) e doutorado em artes visuais, pela USP. Está desenvolvendo estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade, na linha de pesquisa Patrimônio, Memória e Linguagens. Atualmente é professora da Universidade da Região de Joinville (Univille), onde também coordena o curso de bacharelado em artes visuais, coordenadora dos cursos de especialização em educação na modalidade EAD, e como coordenadora pedagógica do Programa Institucional de Extensão Arte na Escola (PIEAE), no qual integra o grupo de pesquisa da Organização Mundial de Saúde Art Impact for Health and SDGs. Tem experiência na área de artes, com ênfase em história da arte, teoria da arte e arte/educação, atuando principalmente nos temas história da arte, arte brasileira, arte contemporânea, curadoria, curadoria educativa e ensino da arte. Atua como curadora independente, é diretora cultural do Museu/Instituto Luiz Henrique Schwanke (MAC Schwanke) e membro do conselho consultivo do Museu de Arte de Joinville (MAJ).
Equipe Técnica
Alena Marmo | artista
Nadja Lamas | curadora
Nadja Lamas e Fernando César Sossai | textos
Fernanda Pozza | design
Fernanda Pozza e Fabio Moreira | fotografia
Néri Pedroso | imprensa e revisão
Serviço
O quê: Exposição “EnSIMESMAmentos”
Quando: Até 9.7.2022, sob agendamento no tel.: (47) 99277-2016
Onde: Galeria 33, rua Bento Gonçalves, 33B, bairro Glória, Joinville (SC), tel.: (47) 3433-2557/
Quanto: Gratuito
O quê: Exposição “EnSIMESMAmentos”
Quando: 7.10.2022 a 27.10.2022, seg. a sex., 7h30 às 22h
Onde: Sociedade Cultura Artística (Scar), rua Jorge Czerniewicz, 160, bairro Czerniewicz, Jaraguá do Sul (SC), tel.: 47 3275-2477
Quanto: Gratuito
Fonte: com assessoria de imprensa.