A difícil realidade do Plano Diretor de Florianópolis e a angustia provocada pelo imbróglio que há anos não tem solução motivou um grupo de arquitetos, urbanistas e engenheiro a lançar um movimento cujo propósito é debater e propor ações efetivas de melhorias para a cidade. Após as primeiras reuniões informais entre amigos, surge, em agosto, o Traços Urbanos, grupo que conta atualmente com mais de 60 pessoas sendo a maioria arquitetos. Integram o time ainda designers, jornalistas, fotógrafo, professores, artistas visuais e outros profissionais.
O movimento é aberto, autônomo mas articulado com instituições que compartilham o mesmo interesse como a AsBEA/SC – Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura. As ações se estruturam por meio de tarefas, em reuniões periódicas e contatos entre os membros por meio de aplicativos e redes sociais. Uma fanpage foi criada para estimular o compartilhamento de ideias e a visibilidade das ações.
Uma das definições do grupo foi o local para a primeira intervenção, que será na parte leste do centro histórico, área batizada de “Distrito Criativo”, que inclui a Praça XV, a avenida Hercílio Luz e as ruas Antônio (Nico) Luz e Saldanha Marinho.
Intensa movimentação
A iniciativa do “Traços Urbanos” vem somar-se a outras que já acontecem na região, provocadas pelo Projeto Viva a Cidade, que teve início em 2013, realizado pelo CDL de Florianópolis em parceria com prefeitura da Capital. A feira semanal movimenta as ruas Saldanha Marinho, Nunes Machado, Travessa Ratcliff, Antônio Luz, João Pinto, Tiradentes e Victor Meirelles e envolve atividades de artesanato, sebos, brechós, móveis usados, bares e restaurantes, todos os sábados, das 9h às 16h.
Apesar da necessidade de segurança e melhor infraestrutura, muitas inciativas isoladas movimentam a região nas áreas do teatro, dança e música, esta última ocorrendo periodicamente em frente ao Taliesyn. Vale lembrar o projeto Corpo, Tempo e Movimento, realizado entre maio e julho deste ano, de Diana Gilardenghi, Milene Duenha, Paloma Bianchi e Sandra Meyer. Distanciadas do conceito tradicional do que seja um espetáculo de dança, o projeto se desenrolou em diferentes lugares, no Teatro da Ubro, na Ponta do Coral, no largo da Alfândega, no Memorial Meyer Filho, e até uma casa abandonada na rua Tiradentes, no centro.
As Galerias que integram o Circuito da Arte na cidade exibem exposições com curadorias competentes, que não abrem mão da excelência. Ambos os espaços – Memorial Meyer Filho e Galeria Pedro Paulo Vecchietti – ficam na primeira sede do Banco do Brasil, em Florianópolis, na esquina da rua Tiradentes com a Praça XV. Tem ainda a Fundação Cultural Badesc e o MESC (Museu da Escola Catarinense). E para registrar mais alguns exemplos da intensa movimentação. Muitos jovens começam na segunda-feira a rotina nos bares da Travessa Ratclif; em apenas um ano, o Tralharia virou referência cult e boêmia aglutinando artistas, intelectuais, escritores, fotógrafos que gostam de um bom papo e cerveja gelada; a FAF (Feira de Arte de Florianópolis) agita a Casa de Teatro Armação uma vez por mês; e também mensalmente acontece o Varal da Trajano, uma exposição de fotos em plena calçada.
“Nossa rua”
A primeira ação do Traços Urbanos, batizada de “Nossa Rua”, irá acontecer dias 12, 15 e 17 de novembro e prevê intervenções artísticas, painel de debates, exposição de trabalhos acadêmicos e de exemplos bem-sucedidos de intervenções urbanas, exibição de curta metragens e oficinas de prototipagem para os espaços públicos do Distrito Criativo.
Programação:
Dia 12/11
9h às 18h – Música e intervenção de arte
9h30 – Café da manhã na varanda do Museu da Escola Catarinense, na rua Saldanha Marinho, 196
10h – Apresentação do painel de debates “Espaços Urbanos”, com exposição de trabalhos de conclusão de curso de cinco escolas de Arquitetura da Grande Florianópolis, na varanda e na escadaria do Museu da Escola Catarinense
12h – Abertura da exposição de rua “Espaços Urbanos”, com imagens de exemplos bem-sucedidos de intervenções urbanas nacionais e internacionais. O grande painel será instalado no Museu Vitor Meirelles.
Dia 15/11
9h às 17h – Oficinas coletivas de prototipagem para os espaços públicos do Distrito Criativo com cocriação da comunidade, no Cocreation Lab do Centro Sapiens, no Museu da Escola Catarinense.
Dia 16/11
19h – “Cinema Arquitetura”, com a exibição de curtas metragens sobre o tema no Cinema do Museu da Escola Catarinense, na rua Saldanha Marinho, 196